Capítulo 42 - Enrico

62 14 2
                                    


  
   Terminamos nosso banho e seguimos até a obra. Como Aylla suspeitava, aqueles empreiteiros realmente a tirou do sério.

   — Chame o seu chefe, agora!

   — Mas hoje é sábado. Ele não virá.

   — Mas é claro que virá. Eu que sou a chefe dele estou sujando meus sapatos caríssimos nessa merda de lama. Ele que suje os dele também.

   — Ele tem meia hora para chegar ou será demitido.

   Em menos de meia hora o cara chegou e Aylla se trancou com ele no escritório improvisado da obra. Eu era duro com meus funcionários, mas aquela baixinha era muito pior. Por ser mulher, a maioria dos homens achavam que poderiam fazer o que bem entendesse. Mas estavam completamente enganados se achavam que podiam mais que ela. Perto daquela ruiva eles pareciam simples ratinhos assustados.

   Dava  para ouvir seus gritos de longe. Eu fiquei do lado de fora de sentinela e estava vendo a hora de invadir aquele lugar com meus seguranças para resgatar o homem que estava com ela.

   Me sentei em uma pilha de tijolos e observava o pessoal da obra trabalhar. Alguns estavam bem próximos mas nem notaram minha presença ali.

   — Coitado do seu Oscar. Eu que não queria estar na pele dele. Aquela mulher tem o cão no couro.

   — Ela que é a dona? — outro homem perguntou.

   — É a engenheira de quem comentamos, lembra? A que nos fez fazer aquele teste. Mas acho que deve ser pior que o dono.

   — Ela é gostosa demais. Pegava facinho.

   — Que pegava moleque, se enxerga. Olha pra ela e olha pra você.

   Me irritei com aquele comentário e pigarreei  para que notassem minha presença.

   — Oi chefe, desculpe não te vimos ai.

   — Eu imaginei mesmo. Melhor trabalharem de boca fechada e medirem suas palavras quando se dirigirem à minha noiva. Ou vai sobrar para todos. Ai a conversa será comigo.

   — Sim chefe, desculpe. Mas ela é sempre brava assim?

   — Quando a tiram do sério, sim. É melhor vocês continuarem o serviço ou também vão ouvir.

   — Deus me livre. — Eles se apressaram em sair de perto e continuaram a trabalhar com afinco.

   Segurei uma risada. Era muito legal ver um bando de marmanjos com medo de alguém tão miúda.

   Me aproximei de onde eles estavam e consegui ouvir um pouco da conversa.

   — Eu volto dentro de quinze dias. E espero que tenha tudo dentro do combinado. Nem tente me passar a perna novamente, sei exatamente quanto de material é usado em cada metro quadrado dessa estrutura. Não me tome como uma idiota. Dessa vez eu vim inspecionar. Da próxima vai se entender direto com o Senhor Enrico Cavalcante.

   — E o que tem esse cara?

   — Ele é só o dono disso tudo seu desinformado. Tenho certeza que com ele a conversa será bem mais curta.

   — Vou me esforçar, mas a senhora sabe que não depende apenas de mim.

   — Depende sim. É sua obrigação como chefe cobrar atitudes dos seus subalternos assim como eu estou cobrando de você. Esteja avisado. Não me faça voltar aqui e pegar tudo errado novamente. — a porta se abriu e Aylla saiu. Estava até vermelha de tão nervosa.

Vidas Cruzadas Parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora