Capítulo 17 - Aylla

80 17 6
                                    


Eu estava sentindo muita dor para andar sozinha, então preferi usar as muletas, mesmo morrendo de vergonha. Assim que entrei no escritório, uma recepcionista veio correndo me cumprimentar.

- Aylla, que bom te ver de novo. Esse escritório não é o mesmo sem você.

- Isto significa que está uma baderna. -Brinquei.

- É bom ver que continua linha dura. Bem vinda de volta.

- Ainda não voltei Milla e minha chatisse não melhoraria nem se eu estivesse sem meu cérebro. Meu irmão está? - perguntei, sentindo minhas pernas fraquejarem.

- Está sim, no escritório. Mas aviso que não está de bom humor. Ultimamente ele anda bem estressado.

- Você não deveria falar assim do seu chefe. Trave essa língua. Olha o decoro. Vou lá falar com ele.

- Desculpe - disse ela sem graça.

Entrei acompanhada por dois seguranças que mais pareciam armários de tão grandes. Em outra época, certamente acabariam na minha cama no fim do turno. Mas isso nunca mais aconteceria. Eu tinha meu Enrico, o que me bastava.

Assim que atravessei a imensa porta que dava acesso ao escritório, todos os funcionários se levantaram e me aplaudiam. Alguns até assobiavam e outros gritavam meu nome.

- Viva a Aylla.

- Obrigada pessoal. - Fiquei emocionada com aquele gesto de carinho. Todos vieram até mim e conversavam entusiasmados.

Olhei para cima e vi Karim me observar de sua sala. Ele estava sério e com as mãos no bolso.

- Você está ótima. Bem vinda de volta.

- Você vai voltar?

- Ainda não sei. Depende da conversa que terei com meu irmão. Agora todos de volta ao trabalho. O recreio acabou. Vamos.

- Quer ajuda para subir? - Ouvi Marcos falar atrás de mim.

- Oi Marcos. Como você está?

- Estou bem e feliz por saber que você se recuperou. Quem sabe possamos tomar um café qualquer hora.

- Claro. Será um prazer. Vou subir de elevador. Obrigada.

- Senti tua falta, Aylla. Queria ter ido te visitar mais vezes, mas você sabe...

- Enrico.

- É. Achei melhor não provocá-lo.

- Fez bem. Agora preciso ir. Até logo.
Subi com minhas pernas bambas. Depois de nossa discussão no hospital, não soube mais dele. Nem minha cunhada me ligava mais. Falava apenas com as crianças e ainda assim, bem pouco.

Passei pela sala de Isa e ela se levantou para falar comigo.

- Oi Aylla - disse secamente. - Espero que tenha vindo em paz ou vou pedir para se retirar. Não vou aceitar que você ofenda mais teu irmão.

- Eu não vim para brigar, Isabela. Quero apenas conversar.

- Se é assim. Estarei em minha sala se precisar. Mas se eu te ver brigando com ele, saiba que vou te por para fora.

- Não será necessário. Realmente só quero conversar. - Me distanciei e fui em direção à sala de Karim. A medida que fui chegando perto, tive vontade de voltar atrás, mas não tinha mais como fugir, então me endireitei como deu, criei coragem e fui ao encontro dele.

- Assim que peguei na maçaneta da porta, Karim a abriu. Entrei em silêncio e ele também não disse nenhuma palavra por algum tempo. Apenas nos encaramos sem nem mesmo piscarmos.

- Se veio me ofender de meia volta e vai embora.

- Vim para conversarmos. - Ele se afastou e embaçou os vidros.

- Então, a que devo sua visita?

- Vim para conversar com você.

- Isso você já disse. O que mais.

Eu não sabia como iniciar aquela conversa. Estava intimidada como sempre pelo meu irmão, mas não poderia voltar atrás. Tinha que encarar de uma vez por todos os meus medos.

- Não podemos ficar assim.

- Eu sei. Tentei falar com você, não uma, nem duas vezes. Mas todas as vezes foi em vão. Você insiste em me culpar pelo acidente e eu não tenho mais argumentos contra isso. Nada do que eu te falar vai adiantar para te convercer. Te peço perdão mil vezes pelo que te falei, mas não vou me sentir culpado pelo que houve com vocês depois. Eu sinto muito. Muito mesmo, mas não foi minha culpa você ter sofrido aquele acidente e ter perdido o bebê.

- Eu sei. Me desculpe por ter te acusado injustamente. Quando acordei do coma, minha cabeça virou uma bagunça. Na verdade ainda está. Mas eu estou tentando arrumar tudo. Enrico conversou muito comigo sobre o que eu estava fazendo e consegui refleti sobre meu erro.

- Evet (sim). Como são as coisas. Brigamos por causa do Enrico e o mesmo Enrico quer que façamos as pazes. Como o mundo da voltas.

- Eu estou arrependida por ter te ofendido tanto. Você me magoou muito, Karim, mas eu mereci. Me perdoe.

- Sabe Aylla. Você me magoou muito também. Mas sei que fui muito duro com você. Naquela noite, disse coisas das quais me envergonho e me arrependo de tudo. Eu deveria ter te escutado, ter tentado entender seus motivos, mas quando Samia me contou sobre vocês, eu realmente fiquei cego de ódio e só imaginei os dois rindo da minha cara.

- Eu jamais faria isso. Sou avoada e inconsequente, mas não sou cruel. Eu queria muito ter contado antes, eu juro. Eu não queria te magoar, mas por saber o que você pensava sobre Enrico, tive medo de sua rejeição. Você sempre foi tudo para mim. Tive pavor de ter que escolher e te perder. Mesmo assim, o que mais eu temia, aconteceu.

- Eu agi muito mal com você. Jamais deveria ter dito aquelas palavras, mas qualquer pessoa em meu lugar perderia a cabeça também. Vocês deveriam ter me contado assim que se reencontraram em Salvador. Mas se esconderam por três meses e meio. Eu te perguntei muitas vezes sobre o pai de seu bebê e cada vez você me enrolava mais. Eu já sabia que tinha acontecido algo entre vocês em Salvador. Mas nunca poderia imaginar que ele era seu namorado misterioso e muito menos pai do seu filho.

- Tenta me entender Karim. O que você diria se eu chegasse dizendo que teria um filho e que o pai seria o Enrico. O mesmo cara que abandonou sua mulher há dez anos. Você não nos aceitaria da mesma forma. Você sempre o julgou pelo que fez no passado e nunca deu uma chance para que se redimisse para você. Você foi arrogante e orgulhoso de mais para aceitá-lo em sua vida novamente. Mesmo a Isa o perdoando. Ele teve que perder tudo para que se tornassem outra pessoa, mas nem assim você enxergou e simplesmente não o aceitou.

- Como eu poderia aceitá-lo? Ele abandonou minha mulher e quando reaparece, está com a minha irmã e pior, ele a tinha engravidado. Fiquei com muito medo de que ele fizesse com você o que fez com a Isa e ainda te deixasse com uma criança para criar.

- Uma criança que nem existe mais. - Abaixei a cabeça desolada, segurando minhas lágrimas.

- Eu sinto muito mesmo pelo que houve Aylla. Chorei dias por sua perda. Eu queria muito aquele sobrinho e me perdoe por ter descontado minha raiva nele também. Mas eu nunca o rejeitaria, você sabe disso. Ele seria um irmão para meus filhos. Seria um filho para mim.

- Eu entendo. Mas não quero ficar falando sobre ele, por favor. Dói demais e ainda não estou preparada para essa conversa.

-Sei que agi injustamente com você e com ele. Nesses meses eu pude ver quem ele é de verdade. Posso afirmar hoje, sem dúvida nenhuma, que aquele cara te ama muito. Você não faz ideia o que ele fez e faz por você. Mas tudo o que passamos poderia ter sido evitado se você tivesse sido franca comigo desde o início. Eu sofri muito com o seu desprezo e aprendi minha lição. Prometo te ouvir e tentar ser menos intransigente, tive tanto medo de te perder, Aylla e quando você acordou e me desprezou, aquilo me feriu demais, mas serviu para que eu pudesse ver como fui egoísta em pensar somente em mim, mas nunca mais me esconda nada Aylla, eu te peço.

- Eu amo aquele homem Karim. O amo tanto que sou capaz de qualquer loucura por ele e quero ele em nossa família por completo. Eu prometo não te esconder mais nada abi. Também aprendia minha lição.

- Eu sei que você o ama e não ficarei entre vocês. Enrico me provou o quanto realmente mudou e se arrependeu de verdade pelo que causou à família.

- Então você nos dá a sua benção?

- Dou. Espero que vocês sejam muito felizes.

- Obrigada abi.

- Venha me dar um abraço nanica. - Ele veio até mim. Me agarrei nele e comecei a chorar.

- Me perdoe Karim, eu não queria ter te magoado tanto.

- Nem eu podia ter te tratado como tratei. Me perdoe por ter sido tão duro e intolerante. Se eu tivesse te ouvido aquela noite, quem sabe... Tudo teria sido diferente.

- Não tínhamos como prever e de uma forma ou de outra, aquele verme teria conseguido do mesmo jeito. Ele premeditou o que fez sem nem saber de nossa briga. Mesmo se tivéssemos nos entendido o acidente aconteceria.

- Eu tive tanto medo de te perder abla. Meu coração parou de bater por longos dois meses e só agora voltou ao normal. Seni seviyorum (eu te amo).

- Seni seviyorum, abi .

- Que tudo fique no passado. Agora precisamos recuperar o tempo perdido. Seus sobrinhos estão com saudade da tia Lala.

- Eu também estou morrendo de saudade deles. Amanhã se der eu vou até lá.

- Por que não passa uns dias em casa.

- Não posso. Estou indo para Curitiba com Enrico. Passaremos alguns dias por lá.

- E quando você poderá voltar ao trabalho?

- Esse é outro assunto que vim conversar.

- Sei que minha licença vence em poucos dias, mas não me sinto preparada para retornar. Minha cabeça ainda está confusa e tenho lapsos de memória. Tenho medo que isso atrapalhe meu desempenho.

- Você tem o tempo que quiser. Emma está dando conta de tudo muito bem. Não se preocupe. Mas preciso da sua mente brilhante de volta. Vocês irão de carro?

- Sim. Não é recomendado que eu ande de avião, então vamos de carro e paramos para que eu possa descansar. Não se preocupe.

- Me preocupo sempre com você. Está vendo esses cabelos brancos aqui. Nasceram depois do seu acidente.

- Exagerado. Você tem esses grisalhos há anos que eu sei.

- Vem me dar outro abraço. Você é a minha alma Aylla, a minha única. Não sei o que seria de mim sem você, nanica. - Karim estava muito emocionado e me joguei em seus braços. Estava tão emocionada quanto ele e me recusava soltar de seu abraço.

Estávamos abraçados quando Isa entrou.

- Vejo que fizeram as pazes. Graças a Deus - disse se largando na poltrona. - Não aguentava mais o mal humor do seu irmão. - Nos recompomos, nos soltando em câmera lenta.

- E desde quando ele é bem humorado Isa? - eu enxugava as lágrimas que teimavam em cair.

- Que bom que está de volta, engraçadinha.

- Não estou. Vou viajar e somente na volta eu talvez reassuma meu posto.

- Você acabou de ressurgir dos mortos e já vai viajar?

- Exatamente. Como não morri, resolvi viver o máximo que puder e aproveitar cada segundo da minha vida.

- Não aproveite como antes. Não se esqueça que seu namorado é meio antiquado.

- Pois farei um up grade nele e o trarei para esse século.

- Você voltou com tudo hein, maluquinha?

- Eu estou tentando cunhada. Não vou mentir, me sinto um trapo por dentro. Mas estou juntando meus pedaços e decidi que não vou mais ficar chorando em cima da minha cama, mesmo que seja com um gostosão do meu lado. Nada vai melhorar se eu continuar me afundando na tristeza e na auto piedade. Seu irmão está dando tudo dele para me ver melhor, não é justo que eu não faça o mesmo por ele.

- Finalmente minha irmã sossegou. Nem acredito que posso dormir em paz. Me diz qual a sensação?

- A melhor do mundo. Quando você me falava sobre isso, eu realmente não achava que fosse capaz amar alguém tanto assim. Mas hoje eu sei o que é esse tal de amor que vocês tanto falavam e é a melhor sensação do mundo.

- Mesmo assim, se esse camarada te fizer sofrer, vai se ver comigo.

- Ele só sabe me fazer feliz. Eu é que dificulto muito as coisas para ele. Pode acreditar.

- Se acredito. Ele deve querer o colo da Cecília toda vez que você está atacada. Preciso dar umas dicas de como agir contra a fúria da minha irmãzinha para ele.

- Não se preocupe, ele sabe muito bem como me acalmar. E olha que eu o faço perder o juízo o tempo todo.

- Não precisamos entrar nos detalhes de seu relacionamento. Quando vocês viajam?

- No fim de semana. Ele vai resolver alguns assuntos por lá e aproveitaremos para descansar um pouco.

- Não é perigoso você se afastar daqui neste momento? - disse Isa, preocupada. - Por conta de você sabe...

- Estou tranquila, Isa. Estamos falando do Enrico exagerado Cavalcante, basta olhar para o lado de fora da porta.

- Nem me fala, quase fui barrada dentro da minha própria empresa.

- Pois é, esse é o Enrico. Preciso ir agora. Vou falar com a Emma e depois vou embora.

- E sua perna, como está?

- Toda fudida. Não consigo andar sem esse brinquedinho aqui. - apontei para minhas muletas. - Me sinto como o velhinho do desenho Up.

- Logo você vai voltar a fazer tudo o que gosta maninha. Tenha fé.

- Fé eu tenho. O que não tenho mais é uma perna e um pulso que preste. Infelizmente terei que me contentar somente em andar e transar, porque o resto acho que nunca mais conseguirei fazer. Adeus posições complicadas do Kamasutra. - Brinquei, mas por dentro estava me sentindo como se tivesse sido amputada. Queria muito voltar a dançar e praticar artes marciais, mas teria que me contentar apenas com sessões pesadas de fisioterapia.

- Cala a boca, Aylla! - Karim e Isa falaram juntos e caímos na risada.

- Como é bom ter você de volta.

- É muito bom estar de volta também.
Nos abraçamos e fui encontrar com minha amiga.

Ela estava na lanchonete da empresa e acenou euforicamente quando me viu. Falava ao celular e me sentei esperando que ela desligasse.

Como isso não aconteceu. Resolvi ligar para o doutor Michel para que ele me indicasse uma ginecologista. Não queria me indispor com meu capitão caverna sobre aquele assunto.

Marquei a colocação para quando voltássemos de viagem. A agenda da médica estava lotada e infelizmente teríamos que nos prevenir de outras formas.

- O que vai fazer na hora do almoço? - perguntei a Emma, depois de um tempão esperando ela terminar sua ligação.

- Almoçar, claro!

- Digo depois do almoço?

- Trabalhar. É cada pergunta que você faz.

- Não vai não. Peça uma dispensa para Karim. Preciso de você hoje.

- O que você quer de mim, afinal. Se for pra assaltar um banco, já digo que minha agenda está cheia até semana que vem.

- Para de ser idiota, Emma. Me escuta. Eu tenho que ir ao shopping, mas não quero ir sozinha. Pensei que talvez você pudesse ir comigo.

- Claro que vou. Podemos chamar a Mel. Faremos a tarde das amigas.

- Desde quando vocês são tão amigas assim?

- Realmente precisamos de uma tarde só nossa. Tem tanta coisa que ainda não te contei.

- O Enrico disse que vocês...

- Seu namorado é um linguarudo. Mas ele não mentiu. Mel é uma delícia amiga e quando está com Brad então, eu quase morro de tanto tesão.

- Quer dizer que vocês três... Aí meu Deus! - Eu estava com a boca aberta tentando entender o que eu tinha acabado de ouvir.

- Ahhh, Aylla! Fala baixo.

- Eu não tinha ideia que o Brad gostava dessas coisas e nem que você tinha virado adepta de relacionamento aberto. Você sempre teve ciúmes de seus ex até comigo. Isso sem fazermos nada.

- Resolvi inovar. O jeito tradicional não estava dando certo para mim. Então um dia eu convidei ele para ir numa casa de swing, ele topou e quem encontramos lá? A Mel. Resolvemos mostrar para ele como era a dinâmica daquele lugar na prática e ele adorou.

- Você está brincando com fogo amiga. Cuidado. Você sabe que eu nunca fui nessas casas com amigos por um motivo. Alguém poderia sair queimado. Falo para o seu bem. Não se envolva demais nesse triângulo.

- Mas olha quem está falando. Você sempre amou uma orgia. O que aconteceu com minha amiga ruiva. Acho que trocaram seu cérebro naquele hospital - disse Emma, bagunçando meu cabelo.

- Não é nada disso, sua besta. A diferença é que eu nunca tive vínculo com ninguém que saia, você sabe disso. Agora vocês três são meus amigos. A coisa fica meio estranha. Parece que dormi por um ano todinho e perdi todos os acontecimentos nesse intervalo.

- Então precisamos recuperar o tempo perdido. Quem sabe um dia desses você e seu grandão se divirtam com a gente. Me lembro de uma certa aposta que vocês fizeram. Ele poderia pagar comigo ou com a Mel.

- PORRA NENHUMA! - Toda a lanchonete nos olhou, mas eu nem liguei. - Isso nunca vai acontecer, nem nesta vida e nem em outra. Nem pense em fazer uma proposta dessas.

- Calma. Não é você mesma que sempre disse que lá dentro é só sexo e nada mais?

- Dizia. Não penso mais nisso. Até esqueci essa maldita aposta. Nem em sonho outra mulher vai tocar no meu homem. Principalmente você ou a Mel. Você namora o melhor amigo dele, está louca?

- Poderíamos trocar então. Seria uma troca justa, o Brad também é foda na cama. Você iria adorar.

- Eu não estou te reconhecendo, Emma. Por que você está desse jeito?

- Cansei de ficar chorando feito idiota por cada pé na bunda que tomei. Agora não quero nada que me prenda a ninguém. Adoro o Brad, mas não quero me sentir dependente dele.

- Meu Deus. Realmente me trocaram no hospital. Colocaram você no meu lugar. Invertemos nossos papeis, Emma. Quem diria. Eu não me vejo levando mais essa vida. Me sinto realizada somente com meu grandão

- Não é que ele te enjaulou mesmo. Olha para você. Quem te viu e quem te vê.

- Ninguém me enjaulou Emma, eu continuo fazendo o que quero.

- Faz tanto, que ouvi você marcando uma médica para ele não ficar nervoso com um homem perto de você.

- Não é isso. Só não quero brigar sem necessidade.

- Você não parece a Aylla que eu conhecia.

- É porque aquela Aylla não existe mais. Eu mudei por amor. Não preciso mais dessas coisas para me satisfazer. Para mim uma noite agarradinha debaixo das cobertas e assistindo a um bom filme é o suficiente para que eu me sinta realizada.

- Você parece minha avó falando do meu avô. Mas se você está feliz assim então eu fico feliz por você. Da para ver que vocês foram feitos um para o outro. Ontem a noite eu fiquei bem preocupada. Como ele está agora?

- Melhor. Mas vê-lo daquele jeito me acendeu o sinal de alerta. Eu pude ver o quanto ele está sofrendo sozinho para não me deixar mais triste.

- Esse tipo de coisa modifica uma pessoa para sempre. Quando eu soube do seu acidente eu me desesperei. Só não vim na mesma hora porque estava no meio de um projeto. Mas assim que deu eu não aguentei ficar longe de você sabendo que eu poderia te perder. - Pronto já estávamos chorando e segurando forte nas mãos uma da outra.

- Eu nunca vou poder agradecer o tudo o que você fez por mim. Você deixou tudo para trás para vim me ajudar. Eu não tenho palavras, Emma.

- Eu é que agradeço. Trabalhar do lado do seu irmão gostosão é uma delícia.

- EMMA! - Dei um tapa de leve em seu braço, mostrando minha desaprovação.

- Aii! Não se preocupe. Tenho mais medo da ira da sua cunhada do que sinto tesão por ele. Mas se um dia ele der mole, aí eu caio de boca.

- Tchau Emma. Vai trabalhar e a gente se vê mais tarde. Você sabe onde fica o shopping?

- Sei sim. Inclusive tem uma loja de lingerie espetacular por lá.

- Concordo. Nos vemos depois. - Dei uma piscadinha e sai acompanhada por meus seguranças.

 - Dei uma piscadinha e sai acompanhada por meus seguranças

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Vidas Cruzadas Parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora