Capítulo 8 - Aylla

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- Mas que porra é essa! - Gritei com o susto que tomei. Meu apartamento estava cheio de gente. Isa e Giulia tentavam em vão tapar os ouvidos dos filhos.

- Por que você não avisou sobre isso, Enrico? - disse num sussurro.

- Porque eu não sabia - ele respondeu em meu ouvido, já me soltando no chão e dando um sorriso amarelo para todos.

Me posicionei bem em sua frente, tentando disfarçar sua ereção e senti minha cara queimar de vergonha. Toda nossa família estava presente, inclusive nossos pais. Karim e Natalie eram os únicos que não estavam ali.

- Por que não previ que minha amiga faria uma entrada de arromba? - Emma se divertia, rindo de mim.

- Cala a boca, Emma. - Todos se aproximaram meio sem jeito e aos poucos fomos nos recompondo.

- Kizin, por Allah. Como é bom ver você em casa. Se comporte minha alma, você sabe que ainda está se recuperando. Pega leve, por favor. Sei que seu namorado é lindo, mas contenha-se filhinha.

Olhei para Enrico que estava cumprimentando os pais e não nos ouviu.

- Isso foi ideia tua, dona Meryem? Por isso não quis ir me buscar no hospital?

- Foi, askin. Todos vieram aqui por você.

- Obrigada anne. - Dei um abraço em minha mãezinha e já estava quase chorando quando meu pai apareceu para me cumprimentar.

- Só sua mãe merece seu abraço? E seu velho?

- Oi paizinho. - falei dando um abraço bem forte nele.

- Senti vários braços agarrarem minhas pernas e quase me desequilibrei, pois estava me apoiando na perna boa.

- Tia Lala, você sarou. Que saudade.

- Tá Lala. - Nuri também estava grudado em mim pedindo colo.

Enrico se abaixou e os pegou.

Meu pai me ajudou a sentar para segura-los enquanto todo pessoal veio até mim e desejaram melhoras. Um dos filhos do Guilherme se aproximou e quis saber sobre minha cicatriz no pulso e as marcas que eu tinha pelo corpo. Resolvi reunir as crianças e explicar de uma vez o que havia acontecido comigo.

- Eu sofri um acidente de carro como vocês sabem. Então, eu precisei fazer algumas cirurgias, o que causou essas marcas. - Mostrei algumas para eles. - Agora estou bem melhor e sou meio mulher e meio Cyborg.

- Que irado. Minha mãe também bateu com o carro mas ela é só mulher mesmo - disse o filho de Natalie que saiu correndo para brincar com os primos.

- É dodói, Lala? - Nuri perguntou, passando as mãozinhas em meu braço.

- É, mas está sarando. - Ele quis descer do meu colo e Isa o pegou.

- Você está com dor, tia? - Laura ouvia tudo atentamente enquanto passava as mãos nas pontas dos meus cabelos.

- Nesse momento tudo dói, macaquinha. Mas se você me der um abraço eu aposto que vai melhorar.

Ela me abraçou e cheirei seus cabelos negros. Senti tanta saudade das minhas crianças que nem me importava em responder tantas perguntas.

Minha mãe apareceu na mesma hora com um comprimido para dor e me deu.

- Preciso descansar, mãe.

- Eu sei kizin. Mas todos vieram aqui por você. Agora eles também são sua família.

- Tudo bem. - Me ajeitei em meu sofá super confortável e me aconcheguei nos braços do meu grandão.

- Se você quiser, peço para irem embora, amor.

- Não precisa. Olha para eles. Sua família toda está aqui com você. É a primeira vez vejo todos juntos.

- Nem todos. Seu irmão e a minha não estão presentes.

- Eu não vou forçar uma amizade com sua irmã só para sair bem nas fotos em família e não fala do Karim, por favor.

- Tudo bem. Mas em algum momento vocês terão que conversar.

- Não começa, Santo Enrico de Calcutá. Não quero vê-lo e ponto final.

- Tudo bem. Eu comprei uma muleta. Quer tentar usar para ficar mais perto do pessoal?

- De jeito nenhum. Não sou aleijada, posso chegar até eles sozinha. - Tentei levantar mas cai na mesma hora.

- E então, vai querer agora?

- Não quero. Eu vou conseguir. - Mas novamente falhei.

- Quer ajuda, Aylla? - Augusto se aproximou e estendeu a mão para mim. Olhei para Enrico que levantou a sobrancelha mas não disse nada.

Vidas Cruzadas Parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora