Eu sentia fortes dores em minhas costas e em meu tornozelo quebrado. Minha cabeça estava constantemente dolorida e também sentia um pouco de falta de ar. Mas eu não podia demonstrar nada disso para Enrico.
Desde que sai do hospital, ele estava me tratando como um cristal e embora eu adorasse ser mimada e cuidada por ele, estava começando a me sentir sufocada. Fora seu cuidado excessivo, eu ainda tinha que conviver com vários seguranças em minha cola vinte e quatro horas por dia. Minha rotina se resumia em ficar em casa fazendo fisioterapia, ter minhas sessões com meu terapeuta ou no máximo, ir ver minha mãe.Isa sempre levava as crianças para me ver, mas nem tocávamos no nome de Karim. Minhas amigas também sempre estavam comigo. A Mel me fazia rir como ninguém e percebi que Emma estava um pouco enciumada, mas não sabia na verdade de quem ela tinha mais ciúmes, uma vez que essas duas viviam se pegando mesmo sem a participação de Brad.
Eu queria poder sair livremente, porém eu comecei a ter medo de tudo.Desde que descobri que Thomas estava por trás do meu acidente, passei a sentir novamente todo o pavor que sentia antes de conhecer Enrico. Eu lutava contra aquele medo, mas a simples possibilidade de pensar que ele poderia me pegar, me fazia ter ânsia de vômito.
Enrico tinha proposto uma viagem para seu hotel em Curitiba e acabei achando uma boa idéia. Afinal eu poderia curtir um pouco meu namorado e fugiríamos de toda aquela confusão. Também tentaria esfriar um pouco minha cabeça. Antes, porém, tinha uma consulta agendada com o doutor Michel para sabermos como evitaríamos uma gravidez. Embora isso fosse a última coisa que eu quisesse naquele momento.
Desde que fiquei grávida de Enrico, a vontade de ser mãe brotou em mim de uma maneira que jamais imaginei ser capaz.
Mas, mesmo querendo muito dar um filho a ele, eu não poderia. Nosso bebê tinha partido e fui proibida de gerar outro. Isso não era justo, mas os médicos foram unânimes em dizer que uma gravidez naquele momento resultaria em um desastre, tanto para mim como para meu bebê, devido ao uso dos medicamentos fortíssimos que eu estava tomando, pois o risco era muito grande.
No dia da consulta eu estava muito nervosa e acabei descontando minha raiva em quem menos merecia, meu namorado. Meu humor estava uma bagunça. Sempre fui explosiva quando algo fugia do meu controle, mas depois de ter meu cérebro aberto ao meio, parecia que todos os fios da minha cabeça estavam desencapados e o resultado foi que, explodia por nada e me descontrolada por tudo. E sempre sobrava para Enrico consertar minha bagunça. Eu sabia que ele estava dando seu máximo para não perder a paciência comigo, mas estava no seu limite.
— Eu já falei que não vou falar com o Karim. Para de me encher o saco. Não vou saber conversar sem ofendê-lo, então deixe como está essa merda.
— Eu só quero que vocês se entendam. Uma hora você diz que se sente culpada por não falar com ele e em outro momento diz que não vai falar para não ofendê-lo, eu não te entendo.
— Não precisa me entender. Respeite minha vontade que já está ótimo. Estou cansada de todo mundo falando o que eu tenho que fazer, principalmente meus pais que não param de me ligar.
— Ok, Aylla. Vamos esquecer essa história. Faça como achar melhor. Só não espere dez anos para ter coragem de se resolver com seu irmão como eu fiz. Há certas coisas que não tem como serem reparadas depois de um tempo.
— O que você quer dizer com isso?
— Nada, esquece, chegamos.
— O que você quis dizer, Enrico? É sobre o seu relacionamento com a Isa? Você voltou na esperança de reatarem, não é? Mas viu que não tinha chance e resolveu ficar com o prêmio de consolação aqui.
— Não fala besteira, Aylla. De onde você tirou isso, mulher? Você sabe melhor que ninguém que não existe amor entre nós. Só o de irmãos. Para de ficar batendo nessa tecla. Que bobagem.
— Agora toda verdade que eu falo é bobagem. Quer saber, vamos entrar logo. Não quero mais falar disso.
— É melhor mesmo. — Sai batendo a porta de sua BMW com força. Me sentia sufocada e com vontade de gritar.
— Porra! Para que isso? — Enrico gritou do outro lado, quase arrancando os cabelos.
— Pra não bater em você. — Ele respirou fundo e fomos de cara feia um com o outro até a recepção.
A atendente perguntou se era uma consulta de pré natal e quando pensei em dar uma resposta para aquela atrevida, Enrico se apressou em dizer que não.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vidas Cruzadas Parte III
Romantizm. 🌹 Vós, que sofreis porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele 🌹 Enrico é o exemplo de que o amor, em sua magnitude, pode operar milagres. Mas, diante de situações e decisões a serem tomadas, ele se vê em uma luta interna q...