Capítulo 26 - Aylla

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Enrico saiu do banheiro e me deixou ali, sozinha e olhando para o nada. Percebi que ele se distanciou de mim depois da noite frustrante que tivemos.

Eu sabia que não podia engravidar de nenhuma maneira, mas se eu trocasse o remédio que tomava por um injetável, era sim possível engravidar e levar a gravidez até o fim. Mas por outro lado, tudo estava contra mim. Minha perna, que eu não podia forçá-la ainda no chão, minhas dores nas costas e cabeça, que eram fortíssimas, mas que eu evitava demonstrar para Enrico e o pior. Thomas.

Desde que eu soube de seu envolvimento em meu acidente, eu me sentia apavorada o tempo todo. A sensação era de que, a qualquer momento, eu daria de cara com ele e seria sua prisioneira novamente.

Eu me esforçava muito para não demonstrar o meu pavor, mas quanto mais eu evitava pensar nele, mais eu me sentia sufocada.

Eu sabia que ele nunca desistiria. Dedicaria seus dias para destruir a mim e minha família. Me peguei imaginando como seria se ele conseguisse por aquelas mãos imundas em mim e minhas pernas fraquejaram, me fazendo ir ao chão do banheiro. Comecei a chorar, pois todo esse estresse estava cobrando seu preço e não estava sendo barato.

- Aylla! O que aconteceu? Você desmaiou? - Enrico entrou correndo até onde eu estava, desesperado.

- Não foi nada, estou bem. Minhas pernas perderam as forças, só isso - disse, tentando me recompor.

- Você se machucou?

- Não foi nada eu já disse, você vai molhar seu terno, se afaste.

- Eu não ligo. Venha. - Ele me pegou no colo e me levou até o quarto, me enrolou em uma toalha me sentando na cama e se ajoelhou em minha frente para me secar.

- Está vendo? Você está todo molhado e agora vai se atrasar. Eu estou bem.

- Por que você estava chorando?

- Não estava, deve ser o...

- Para por ai. Nem tente me enganar. Por que chorou?

- Não é nada, coisa de mulher. Tira logo essa camisa molhada.

- Foi por ontem?

- Já falei que não é nada.

- Porra Aylla! Por que você faz isso comigo? Fala logo o que está acontecendo ou não vou poder te ajudar.

- Não tem o que fazer, minhas pernas estão meio fracas e estão doloridas, só isso. Vai para sua reunião. Eu só preciso ficar deitada.

Ele se levantou nervoso e foi trocar de roupa. Sem nem olhar para mim, disse esbravejando:

- Quando eu voltar, a gente vai conversar, não pense que vai fugir de mim dessa vez. Eu estou do seu lado. DO SEU LADO, ME OUVIU? E quando você não divide o que está sentindo comigo, fica difícil te ajudar.

Eu estava sentada de cabeça baixa, pois não tinha condição de conversar naquele momento, mas ele mais uma vez estava certo.

- Enrico, eu ...

- Ok, eu entendi, você não quer falar. Tudo bem. - Ele pegou a carteira e saiu, batendo a porta com muita força e fazendo dar um pulo.

Continuei ali sentada e olhando para o nada, assim como havia feito no banheiro. Uma batida na porta me tirou do transe e fui mancando até ela.

Um dos seguranças estava parado na porta e só então notei que estava apenas de toalha.

- Bom dia, senhorita Aylla.

Vidas Cruzadas Parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora