Capítulo 44 - Enrico

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   Cheguei em casa e Aylla dormia tranquilamente agarrada ao meu travesseiro. Os remédios que tomava eram muito fortes e a deixavam num sono profundo.

   Com muito custo consegui fazê-la despertar, mas mesmo assim, ainda estava grogue.

   — Agora não, grandão. Preciso dormir.
  
   — Amor, acorda, precisamos conversar.

   — Amanhã, Enrico. Me deixa dormir e venha dormir também. Amanhã eu prometo que te acordo com bastante carinho.

   — Não é isso amor. O assunto é sério, pequena. — Ela despertou e se sentou na cama com um semblante assustado quando percebeu que eu não estava brincando.

   — O que aconteceu? Me fala de uma vez. Foi alguma coisa com a minha mãe ou meu pai. Enrico, as crianças estão bem? Me conta logo.

   — Eles estão bem, não se preocupe, mas a Mel não está, infelizmente.

   — Tinha que ser aquela maluca, o que ela aprontou de novo, vamos ter que tirá-la novamente da delegacia?

   — Foi muito pior, meu amor.

   — Então para de enrolar, estou ficando assustada Enrico.

   — Aylla, a Mel... Ela... Ela morreu.

   — Ah? Ahh! Para de brincadeira idiota a essa hora, Enrico. Isso não tem graça.

   — Não é brincadeira, Aylla. Infelizmente ela levou um tiro e não resistiu.

   — Eu sabia... Eu sabia que uma hora aquela maluca ia se meter em encrenca. —Ela chorava sem parar, se sentou na cama e enfiou a cabeca entre as mãos. — Eu avisei para ela não sair com aqueles caras esquisitos, uma hora ela iria encontrar com um psicopata. — Me ajoelhei em frente a ela, que me abraçou e chorou inconsolavelmente.

   — Amor. Ela estava com a Emma e o Brad. não foi ninguém com quem ela saia. Um carro passou atirando na direção deles e a acertou. Brad também foi atingido e está no hospital.

   — Não pode ser, o Brad também, como ele está? Enrico e a Emma, meu Deus como está minha irmãzinha?

   — Emma está bem, se acalme. Não foi atingida e o Brad não corre nenhum risco, está consciente e a Emma está no hospital com ele.

   — Vamos agora mesmo para o hospital — Ela se levatou num sobressalto e correu para colocar uma roupa.

   — Amor, leva uma troca de roupa para a Emma, ela está suja com o sangue do Brad.

   — Como você sabe que ela está assim?

   — Acabei de voltar de lá. Queria saber direito o que havia acontecido, antes de te dizer. Ela tentou te ligar, mas não conseguiu.

   — E por que você não me acordou na mesma hora e me levou junto?

   — Justamnte para não te preocupar antes da hora.

   — Depois conversaremos sobre isso. Vamos logo. — Ela jogou qualquer roupa em uma mochila e partimos para o hospital.

   No caminho, ela chorava em soluços pela amiga e eu não consegui de nenhuma forma faze-la parar.

   — Já descobriram quem atirou?
 
   — Ainda não, quando os deixei no hospital, nem a polícia havia chegado para pegar o depoimento deles.

   — Você sabe tão bem quanto eu quem foi, ou vai me dizer que também estou imaginando coisas. Minha amiga morreu por minha causa, Enrico. Você pode imaginar como estou me sentindo?

Vidas Cruzadas Parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora