Capítulo 22 - Enrico

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Acordei com frio no meio da noite e percebi que estávamos nus e em nosso jardim. Embora estivesse com uma pequena muito quente dormindo relaxada em meus braços, tínhamos que sair daquele sereno.

Tive pena de acordá-la, pois os últimos dias haviam sido muito difíceis para nós, então queria que ela descansasse o máximo que pudesse.

Aylla sofria com dores intensas por todo o corpo, mas se mantinha calada para não me preocupar. Eu sabia que ela estava se esforçando além de seus limites para se recuperar o mais rápido possível. Afinal, foi forçada a parar de fazer tudo o que mais amava.

Não podia lutar, dançar e nem seus saltos altíssimos ela estava usando, pois não podia apoiar sua perna no chão.

Foi afastada do serviço que amava, pois se esquecia rapidamente de certas coisas e teve medo de não fazer seu trabalho direito. Isso tudo a estava deixando muito desanimada. Por isso decidi levá-la para que descansasse sua mente longe de tudo e de todos.

Em Curitiba me encarregaria de distrai-la e como estaríamos em um ambiente diferente, não teríamos que ficar revivendo tudo o que passamos em São Paulo.

Percebi que começava a cair uma garoa fina e a acordei com beijos em seu rosto lindo.

- Amor, acorda. Está começando a chover.

- Deixa eu dormir só mais cinco minutos, está muito cedo.

- Não podemos ficar aqui. Vamos para casa. Já é bem tarde, ou bem cedo, nem sei que horas são.

- Pegamos no sono - disse ela se sentando.

- Pois é. Vamos antes que a chuva aperte. - Mas era tarde de mais. Uma tempestade começou a cair e Aylla simplesmente se levantou, abriu os braços e olhava para cima sorrindo.

- Vamos amor, vem sentir a chuva, está uma delicia.

- Nos vamos pegar uma gripe desse jeito.

- Eu cuido de você, vem?

Me levantei e me grudei ao seu corpo nu. Ela se agarrou em meu pescoço e nos amamos novamente, sendo as gotas caindo sobre nós.

Senti uma sensação muito prazerosa de liberdade. Aylla não se importava com nada quando o assunto era me amar, seja onde e como fosse, estava sempre disposta e eu estava vivendo suas loucuras, sem me importar com regras ou com o mundo fora da nossa bolha.

- Precisamos ir, eu estou com frio.

- Acho que não te esquentei o suficiente, grandão. Vamos para casa que vou te fazer entrar em combustão.

Nos levantamos e colocamos nossas roupas encharcadas.

- Você só me faz cometer loucuras, sabia?

- Para isso que fui feita, não te contei? Mas e agora, se entrarmos no carro, vamos molhar ele todinho.

- Não me importo, amanhã mesmo o levo para lavar e higienizar antes da viagem ou vamos com o outro.

- Que outro? - Ela perguntou entrando no carro.

- Comprei um Mustang Black Shadow para mim. Queria fazer surpresa.

- Adoro a cara que você faz quando fala de seus bens. Parece que acabou de comprar um simples fusca. Esse carro é a potência em quatro rodas. Um amigo meu tinha um desses e eu adorava apostar corridas com ele. Sempre vencia.

- Você é perigosa, minha Aylla Toretto. Nem imagino como você devia ser louca atrás de um volante. Mas para mim é apenas um carro.

- Uma super máquina você quer dizer. Estou louca para ver. Gastando desse jeito, logo eu terei que arrumar outro serviço para ajudar a construir nossa casa. É carro para mim, para você, esse terreno, essas joias e essa aliança que sei que custou muito mais que a aliança da Katie Holmes.

Vidas Cruzadas Parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora