Capítulo 11 - Enrico

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   Chegamos na casa de meus sogros e Meryem arrastou Aylla para a cozinha, enquanto fiquei na sala com Luís.

   Eu gostava muito de ambos, mas me identifiquei muito com ele, pois tínhamos pensamentos muito parecidos sobre muitas coisas. Nos sentamos e ele logo quis saber sobre o que realmente estava havendo de errado.
  
   — Agora que as duas saíram, me diga Enrico. O que está acontecendo afinal? Para que toda esta segurança? É por conta do acidente? Você acha que tem o dedo daquele monstro nisso?
  
   — Infelizmente, sim. Não temos provas de que foi ele. Mas tenho certeza disso. Somente ele seria doente o suficiente para fazer uma coisa dessas. Por isso todo o cuidado é pouco.
  
   — Eu não quero nem imaginar se esse cara conseguir chegar até minha filha de novo, eu o mato, Enrico, sem nem pensar.
  
   — Nós vamos pega-lo. Não se preocupe.
  
   — Se eu puder ajudar em algo, pode contar comigo.
  
   — Obrigado. O mais importante agora é que todos estejam em segurança. Inclusive vocês. Ele pode usá-los como fez no passado para chegar até ela novamente, por isso, fiquem atentos.
  
   — Até quando viveremos dentro desse pesadelo?
  
   — Até o pegarmos . Só depois é que conseguiremos dormir em paz. Enquanto isso, preciso fazer Aylla esquecer que esse cara está rondando nossa vida.
  
   — Isso vai ser difícil, depois de tudo o que ela vem passando nesses últimos meses. Mas se tem alguém capaz disso, é você, meu filho.
  
   — Luís, já que estamos a sós, eu gostaria de falar sobre um outro assunto com você.
  
   — Claro Enrico, diga, o que é?
 
   Por incrível que pareça. Mesmo eu sendo um homem acostumado a negociar com pessoas influentes e poderosas. Naquele momento me senti um adolescente pedindo autorização ao pai para eu levar sua filha para um baile de debutantes. Minhas mãos estavam frias e meu coração batia descompassadamente.
  
   — Luís, você sabe o quanto eu amo sua filha, não sabe?
  
   — E eu não sei. O amor de vocês parece de um livro. É lindo de ver sua dedicação com minha filha, Enrico. 
  
  — Eu faço tudo por ela. Aylla é tudo para mim. Por isso eu queria pedir que você nos abençoasse.
  
   — Estão mais que abençoados, meu filho.
  
   — Eu também queria pedir a mão dela em casamento para você.
  
   — Quê? Casamento? Mas não é muito cedo para isso, Enrico? Vocês mal se conhecem. Eu sei que já viveram muitas coisas nesses meses que estão juntos. Mas casamento... Você não acha que está indo um pouco rápido demais?
  
   — Não acho. Para mim já passou da hora. Eu amo demais sua filha para não tê-la por completo. Não quero esperar mais para oficializar nossa união.  Não sou homem de viver com ela sem me casar. Tenho princípios.
  
   — O que eu posso dizer. Por mim está bem. Eu dou a minha filha inteira para você. Mesmo porquê, você já pegou tudo mesmo. Sei que você é a única pessoa capaz de domar aquela ferinha. Eu nunca vi minha menina tão feliz antes. Apesar de tudo o que vocês estão passando, ela tem um porto seguro ao seu lado. Obrigado rapaz. Você conseguiu trazer minha baixinha de volta para nós. Então ela é toda sua e sem devolução. Só peço que não a machuque e cuide dela como se fosse sua própria vida, Enrico. Ela merece e precisa ser feliz. Venha aqui e de um abraço no seu sogro. — Estávamos emocionados e senti que havia ganhado outro pai naquele instante.
 
   Ele me puxou para um abraço e as mulheres chegaram bem nesse momento. Meryem com uma bandeja cheia de gostosuras e Aylla com sua muleta, que se tornara inseparável.
  
   — Posso saber o por quê desse abraço? — Fiz um sinal para que ele não dissesse nada. Queria surpeendê-la com meu pedido de casamento.
  
   — Estamos comemorando a vida e o amor, minha paixão. Enrico estava me dizendo como nossa filha está se recuperando bem com a fisioterapia e tudo mais.

   — Se continuar assim, em breve não precisará mais de auxílio para caminhar.

   — Assim espero. Mas por enquanto não sinto a menor confiança em minha perna. Me sinto uma aleijada.

Vidas Cruzadas Parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora