Capítulo 34 - Aylla

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- Você não pode mais fazer isso. Nos solte. Eu te imploro.

- Mas eu nem comecei com vocês ainda. Agora que a diversão vai começar. - Thomas ria debochadamente, enquanto marcava Enrico com um ferro quente, o fazendo gritar.

- Agora é a sua vez cadela, vou te marcar com meu nome, para você nunca mais se esquecer de quem é o seu dono.

- Não Thomas, eu faço tudo o que quiser, mas nos solte, deixe Enrico ir embora.

- NUNCA! Jamais sairão daqui vivos. Se prepara, eu acho que vai doer um pouquinho - disse debochadamente, com aquele ferro quente, que tinha a inicial do seu nome na ponta. Estava vermelho pela alta temperatura e senti quando atingiu minha pele. Ele me marcou bem no rosto, me fazendo sentir uma dor descomunal. Eu nada podia fazer, pois estava amarrada. Minhas lágrimas caiam sobre a queimadura recém feita e Enrico tentava desesperadamente se soltar em vão. Era tarde. Ele havia nos capturado e iria nos matar.

- Agora vocês saberão com quem estão lidando. Não tem nenhum lugar onde possam se esconder de mim. - Ele se encaminhou até Enrico, se posicionando atrás dele com uma faca, puxou seus cabelos e o fez me olhar pela última vez, antes de cortar seu pescoço. O matando bem na minha frente.

- NÃOOOOOO!!!!! Você é um monstro, seu covarde. Eu te odeio Thomas, eu te odeio. - Ele se aproximou e lambeu em cima do meu ferimento, misturado com minhas lágrimas.

- Agora somos só nos dois novamente. Vamos para casa, cadelinha. - Ele me vendou e começou a me carregar para longe daquele lugar fétido, me puxando por uma espécie de corrente.

- Me solta. Eu te odeio, me larga agora. - Mas era em vão, eu não tinha como me defender.

Acordei num sobressalto, procurando por Enrico, mas ele não estava em lugar nenhum. Senti um pavor sem igual, imaginando o que poderia ter acontecido com ele. Olhei na bancada e seu celular estava ali. O que aumento ainda mais o meu medo.

Me sentei no chão da sala e me agarrei em minhas pernas. O sonho se fazia presente, mesmo estando acordada. Ouvi quando a porta do meu apartamento se abriu e me encolhi ainda mais, temendo pelo desconhecido. Mas quando vi que era Enrico, eu comecei a chorar.

- Ele voltou Enrico. Ele veio me pegar e vai nos matar.

- Calma, meu amor. - Ele correu até mim e se abaixou, me tirano do chão e me segurando nos braços. - Eu estou aqui. Está vendo. Ninguém vai te pegar. Não vou deixar. Se acalme. - Ele secava minhas lágrimas e enfie a cabeça em seu pescoço, tentando me acalmar.

- Vou buscar uma água para você.

- Não quero. Fica aqui, não me solte, por favor. - Eu estava tremendo e me sentindo desamparada. A simples possibilidade de que algo pudesse acontecer com ele por minha causa, me deixava em pânico.

- Quer falar sobre o que sonhou? Você nunca me conta. Está na hora de desabafar comigo, pequena.

- Eu não quero ficar relembrando dos horrores que eu passo nesses pesadelos. Não posso. Quero apenas esquecer. - Eu chorava sem parar, fazendo a camiseta de Enrico ficar encharcada com minhas lágrimas. Ele me apertou ainda mais em si e fui me acalmando aos poucos.

- Eu não aguento mais ter esses pesadelos. Cada vez eles estão se tornando mais reais. Em todos ele consegue nos capturar e te mata.

- Por Deus, Aylla. Tira isso da sua cabeça. Não vai nos acontecer nada. Ele não vai conseguir nem mesmo chegar perto de nós.

- Eu sonhei antes Enrico. Se lembra? Sonhei com o acidente de carro. Os sonhos são distorcidos, mas tenho medo que se tornem reais também.

- Olhe para mim. Nós estamos protegidos. Eu não quero que você fique se martirizando por algo hipotético. - Levantei a cabeça e o olhava como se aquela pessoa na minha frente fosse um fantasma. Ainda estava com a sensação de tê-lo perdido há poucos minutos e aquilo estava acabando com meus nervos. - Eu estou cansada de viver assim, com medo o tempo todo. Quando tudo isso vai ter um fim, amor?

Vidas Cruzadas Parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora