Quando acordei, estava toda dolorida. Enrico estava quase me esmagando de tanto que me agarrava. Tentei em vão me levantar, pois ele me apertou ainda mais.— Enrico, preciso levantar, estou morrendo de sede.
— Não seja por isso. — Ele se jogou em cima de mim e me deu um beijo bem molhadinho, fazendo com que até os dedos dos meus pés se entortassem.
— Não era desse tipo de sede que eu me referia, mas...
— Mas, se estiver com fome, também posso sacia-la...
— Não, muito obrigada. Preciso preparar algo realmente comestível. — Ele pegou minha mão e a levou até seu pau, que estava duro feito pedra.
— Olha só o que você tem aqui. Uma refeição completa. — Se e não estivesse realmente com muita fome, me jogaria em cima dele e o atacaria.
— Agora não vou conseguir fazer nada. Você me deixou fraca. Vamos, me ajuda a preparar algo.
— Ajudo, mas com uma condição. Se a sobremesa for você coberta com creme de avelã.
— Combinado, mas para de fazer corpo mole e se levanta — falei, o puxando pela mão.
— Aqui não tem nada mole meu amor. Você sabe bem disso.
Dei uma piscada para ele e fomos para cozinha preparar nosso lanche. Depois de saciarmos nossa fome de comida, saciamos novamente nossa fome de nós.
Alguns dias se passaram e não tivemos mais nenhum tipo de ameaça, Enrico e Karim redobraram nossa segurança e nem mesmo um copo com água entrava no escritório sem ser vistoriado. Descobrimos que o pai do Thomas havia falecido e meu irmão e meu noivo colocaram gente espalhadas por todo o cemitério, mas nada dele aparecer. Aquele maldito parecia que tinha se transformado em outra pessoa, pois ninguém sabia de seu paradeiro.
Aquela falsa sensação de paz me deixava ainda mais nervosa, pois não sabíamos de que lado ele iria atacar novamente. Mas era certo que iria aprontar algo. Precisava me preparar para não ser pega de surpresa, pois ele não iria mais encontrar em sua frente, aquela menina chorona e que mal conseguia erguer um braço para bater em alguém. Eu iria lutar até o fim para defender Enrico e minha família. Intensifiquei minha fisioterapia, inclusive, estava sendo acompanhada também pelo fisioterapeuta que Oslo havia indicado.
Treinava judô e jiu-jitsu todos os dias com Enrico, mas nunca terminávamos o treino, terminávamos sim, sem roupa e transando como dois loucos.
Passei a visitar meus pais com mais frequência, pois nem dormia direito de tanta preocupação.
Também virei um chiclete dos meus sobrinhos. Principalmente da Laura. Não podia sequer pensar na possibilidade daquele monstro se aproximando deles.
— Tia, quando vamos começar a treinar judô? — Laura estava brincando de boneca enquanto Isa penteava seus cabelos negros e compridos.
— Vamos iniciar o quanto antes, meu amor. Virei aqui e treinaremos depois da sua aula.
— O tio Enrico vem também?
— Quando ele puder, virá sim, mas agora vou te ensinar algumas coisas muito importantes que deve saber antes de subir em um tatame.
Falei sobre algumas regras a ela e sobre o verdadeiro significado do judô. Ela precisava saber se defender de alguma forma e como eu a ensinaria, teria que fazer da maneira correta, começando pela base de tudo.
Quando voltei para casa, não consegui achar Enrico em nenhum lugar. Tentei ligar, mas seu celular deu caixa postal. Aquilo era muito estranho, ele nunca saiu sem avisar e tão pouco desligava-o.
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Vidas Cruzadas Parte III
Romance. 🌹 Vós, que sofreis porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele 🌹 Enrico é o exemplo de que o amor, em sua magnitude, pode operar milagres. Mas, diante de situações e decisões a serem tomadas, ele se vê em uma luta interna q...