Vidas Cruzadas Parte III

Capítulo 41 - Enrico

   — Pronto, chegamos, mas não tire a venda. — Aylla me tirou do transe daquela lembrança, me trazendo de volta ao presente.

   — Eu vou acabar caindo. Onde você está me levando? — Ela andava de um lado e Magno me escoltava do outro.

   — Obrigada Magno, pode ir agora. Peça para os seguranças não se afastarem muito.

   — Sim senhora. Se precisar de algo e só me ligar.

   — Obrigada.

   — Até logo, senhor Enrico. Aproveite bem sua surpresa.

   — Magno você não pode me deixar sozinho com essa maluca. Dobro seu salário para que me ajude a escapar dela.

   — Não sabia que você tinha senso de humor, Enrico Cavalcante. Pode ir Magno. Eu me acerto com ele mais tarde. Eu te ligo para vir nos buscar.

   — Você está me deixando nervoso.

   — Só mais um instante e... tchanan! Pode tirar a venda.

   Fiquei paralisado. Olhando sem acreditar no que ela havia feito para mim.
   No meio do nada havia uma cabana. Mas não uma cabana qualquer. Era uma espécie de mansão cabana. Ela era muito parecida com as que eu via nos EUA, com uma varanda imensa na frente e toda feita de madeira, porém, era luxuosíssima, apesar de rústica.

    Sempre sonhei em ter um lugar daqueles para descansar, mas nunca tive a oportunidade de fazer. Mas aquela mulher por quem eu era completamente apaixonado, realizou meu sonho como eu havia falado uma vez.

   — E então meu Capitão Caverna. Não vai falar nada? Gostou?

   — Se eu gostei. Você me deu uma super cabana, muito melhor do que um dia eu sonhei em ter, eu amei.
 
   — Não é só isso.

   Demos a volta naquela imensa estrutura e na parte de trás havia um cavalo, exatamente igual ao que eu tinha quando era jovem.

   — Pela sua cara, acho que gostou do seu novo pé de pano.

   — Você está me dando um cavalo com o nome de pé de pano?

   — Sim, em homenagem ao seu que morreu.

   — Me aproximei dele e vi que usava uma corrente no pescoço com esse nome gravado. Fui até o outro lado e estava escrito com uma espécie de spray em seu corpo. Aylla e Enrico para sempre. Te amo, grandão.

   — Obrigado, meu amor. Eu também te amo para sempre. — A peguei no colo e a girei no ar, a fazendo soltar um gritinho.

   — É um presente de Natal adiantado. Como passaremos com nossa família. Achei que não conseguiria te dar no dia.

   — Eu ainda não comprei nada para você — disse pesaroso. Mas claro que já tinha encomendado um presente especial para ela.

   — Não se preocupe. Eu que não aguentei esperar, quis te presentear antes da data.

   — Onde estamos, afinal. Não conheço esse lugar.

   — Se lembra quando fugimos do Karim e achamos essa mata para treparmos?

   — Como me lembro, fui atacado por você naquele dia.

   — Engraçadinho, foi culpa dos hormônios. Eu resolvi comprar esse pedaço de terra para você. Claro não chega nem perto do tamanho do nosso terreno no condomínio, mas achei que merecíamos esse refúgio.

   — Mas como conseguiu fazer tudo isso?

   — Com dinheiro, poder e persuasão. Claro que Karim foi o responsável por quase tudo mas ajudei a escolher o que tem dentro.