Capítulo 35 & Se mexe*

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Truta

Minha cabeça tava a todo vapor por conta da minha irmã, fala a real, nunca fui protetor desse jeito não, mas com as paradas da minha mãe meu coração se tornou outro.

Truta: Papo sério? _Digo entrando na minha sala enquanto respondo a morena no celular._

Muralha: Se tu acha que essa favela estava em paz, acabou. _Tiro atenção do celular e encaro ele na minha frente._

Truta: Qual foi? _Ergo as sobrancelhas e me sento na cadeira._

Muralha: Roubaram as nossas coisas. No caminho do Paraguai pra cá pegaram tudo, até o dinheiro. _Suspiro e bato na mesa._

Truta: E sabe aonde foi? Perto de algum lugar? _Ele nega._ 

Me levanto, vou até a gaveta do outro  lado da sala e pego um bolado pra mim, acendo e coloco na minha boca. Aquela fumaça me tranquilizava.

Truta: Vamo caçar até o inferno, dinheiro é o de menos, mas as nossas encomendas é para os próximos três meses. _Me viro pra ele._

Muralha: Tu também é otário, pegar encomenda grande desse jeito? Ta chapando? _Ele levanta._

Truta: Não vem dar sermão não caralho, tu não tá fazendo porra nenhuma ultimamente, só atrás de buceta. _Falo alto._ Essa porra ta rendendo coisas que a anos não tem.

Muralha: E agora a gente tem o que? _Pergunta alto._ Caralho nenhum! _Afirma._

Truta: E tu resolveu alguma coisa? Não, só veio encher a porra do meu saco. _Me jogo na cadeira._

Inalo aquela fumaça por todo meu corpo me deixando mais tranquilo, tanto tempo que esses cuzão não pega nada de mim e agora voltou.

Muralha: Se mexe, essa porra vai falir por tua causa.

Encaro ele e mostro o dedo do meio, me levanto e saiu da sala batendo porta. Saiu da rua puto pra caralho, passo as mãos na minhacabeça.

Dadinho: Ai pai, ficamos sabendo agora das parada. _Faço um toque com eles._

Truta: Se preocupa com isso não, vou até o inferno por quem roubar minhas paradas. _Jogo a ponta do baseado no chão._

Arrumo minha arma dentro da bermuda, pego meu celular e desço aquela favela.

Tentei entrar em contato com todo mundo do Paraguai, pessoas que podem tentar ajudar em alguma coisa.

Apolo: Eii, chefinho. _Ergo o rosto e encaro ele na frente da loja da minha irmã._ Cadê tua irmã, em? _Caminho até ele._

Paro na sua frente, cruzo o braço e encaro pra dentro da loja, as mulheres que estavam lá dentro me encaravam e suspiro com isso.

Aceno com a cabeça pra ele, fomos para um canto para sair dessa visão toda, povo fofoqueiro.

Truta: Alma tá cheio de coisa na cabeça, não tenho que falar nada com você e sim ela. _Ele não diz nada._ Só segura as pontas ai, no final da semana venho ai pra ajudar com pagamento.

Apolo: Tá, tá bom. _Fala baixo._ Se precisar de alguma coisa, me avisa pelo amor de Deus.

Truta: Fica suave, fé aí. _Bato no ombro dele devagar e volto a andar._

O cara que eu pedi ajuda manda um radinho avisando que chegou, chamo um dos moleques que passa ali do meu lado e pego um carona indo até o pé do morro.

Truta: Valeu. _Bato nas costas do menino e desço da moto._ Aí Dadinho. _Chamo ele que vem correndo na minha frente._ Pega a visão, fica ligado em todas as entradas desse morro, tem x nove aqui.

Dadinho: Suave, vai ter invasão? _Olho envolta e encaro o menor que eu precisava falar._

Truta: Se pá sim, só não fica moscando e me avisa. _Ele acena e vou pro outro lado da calçada._

Truta: E aí. _Aceno pros caras que estavam parados ali._ TG, é tu? _O cara me olha sorrindo e acena._

TG: Em carne e osso. _Ele estica a mão._ E você deve ser o famoso Truta?

Concordei a apertei sua mão. Posso ser egoísta do caralho, mas nunca precisei da ajuda de ninguém pra comandar isso aqui, mas tem hora que a água bate na bunda.

Truta: Magrinho? _Grito ele que estava saindo da padaria._ Mostra a favela pra esses cara aqui. _Aponto pros meninos que estavam com o TG._ Qualquer parada estamos no bar.

Os cara olha pro TG pedindo um tipo de autorização, ele acena e eles saem com o magrinho.

TG: Confesso pra tu, achei que ti era mó veio coroca. _Acabo rindo e aceno pra começar a subir até o bar._

Truta: Por isso é bom ter um suspense. _Ele concorda._

TG, o famoso Thiago Garcia dono da Rocinha, já vi o cara por foto e as câmeras sempre pegando por relance em televisão. O cara maior forte, cheio de tatuagem, alto e aparenta ter minha idade.

Truta: Seu Zé, dois café da manhã do dia aí. _Falo assim que entro no bar._ Quer uma bebida?

TG: Não caraio, dez da manhã ainda. _Sentamos em uma mesa._ Aí, bem organizado aqui em, nunca tinha nem pisado aqui.

Truta: Papo reto, sempre dando o melhor pros moradores. _Cruzo os braços encima do peito._ Indo direto pro assunto, preciso de ajuda tua.

Ele me encara semicerrando os olhos, ele olha envolta e acena pra continuar com a cabeça.

Truta: Preciso descobrir quem tá roubando umas parada minha aí, faz cota que isso não acontece, mudou alguma coisa que não tô sabendo? _Ele suspira e me encara._

TG: Papo reto, parece que mudou o dono do complexo, não tenho idéia de quem seja. _Respiro fundo e passo a mão no cabelo._

Truta: Caralho, como não tem nada desse cara? Nome, vulgo nada? _Ele nega._

TG: O cara nem era da favela, é sozinha e tudo mais. _Nego._ Mais aí, ajudo tu, mas se precisar de invasão ou qualquer coisa tô fora, tenho família.

Truta: Não gosto dessas coisa não, meu negócio e pegar minhas parada de volta e ficar suave. _Ele acena._

TG: Pode pá. _Ele sorri._ Tamo junto, bala por bala. _Sorrio._

Truta: Bala por bala, pô. _Estico a mão e ele aperta._

Tomamos um café suave ali, parece coisa de veio, mas é daora o cara. Troquei idéia com ele, é casa e tem dois filhos, uma menina e outro que está a caminho, cara é tranquilo igual eu.

O cara até me chamou pra ir em churrasco na casa dele, isso não dá pra recusar, churrasco e cerveja? Pode não pai.


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