Capítulo 81 & Medo

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Truta

Tava nervosão, não sei se mais por mim ou pela Laura. Parecia que quanto mais eu queria correr dele ele chegava. Esperava uma resposta do Muralha, mais nada.

Truta: Morena, preciso de tu agora. _Olho ela rapido._ Abre o porta luvas. _Ela faz._

Laura: Willian, não sei fazer isso..._Diz encarando a pistola que tinha encima._ 

Truta: Mais vai ter que fazer. _Tiro a minha arma da cintura._ Ele quer você, e isso ele não vai ter, já é? _Encaro ela que só assentiu._

Laura pega a arma e da um sorrisinho de lado, ela destrava a mesma se assustando, dou uma risada nervosa mais orgulhosa ao mesmo tempo.

Truta: Controla o volante, só faz o que eu mando, já é? _Ela assenti._

Precisava pensar rápido, agir rápido pelo menos até chega no pé do morro.

Abro o vidro, coloco meu corpo pra fora e atiro no carro de trás, ele consegue desviar mais o tiro vai certeiro no retrovisor.

Atirei mais um, consegui pegar bem no vidro frontal, o idiota nem está com carro blindado. Coloco meu corpo pra frente de novo, Laura arruma no banco e voltou controlo do volante.

Truta: Faz o que acabei de fazer, mas mira na roda do carro. _Ela só suspira e se arruma no banco._

Acelero o carro mais ainda, desviando de todos da minha frente, ouço o tiro ser disparado, encaro o carro atrás e vejo o carro desviar novamente, filha da puta tem noção boa.

Suspiro, outro tiro sai e ela consegue atirar bem no vidro e faz ele se quebrar todo, sozinho, ele está sozinho.

Laura: Continuo mirando na roda? _Dou risada._

Truta: Tu tá acertando em todo lugar, menos na roda, mira em qualquer lado, só seja esperta. _ Faço zigue zague no carro._

Ele perde um pouco a noção, escuro novamente mais um disparo, encaro ele pelo retrovisor e vejo ele apertando a mão e sangrando, ela acertou bem no dedo dele.

Truta: Boa garota. _Bato na bunda dela._ Assim que o pau gosta. _Ela ri._ Vem volta.

Ela senta no banco toda eufórica, vejo o morro mais perto e suspiro aliviado. Acelero mais ainda.

Truta:  A gente vai ter que agir rápido, não vamos poder subir a favela, morador não tem nada ver com isso. _Ela presta atenção._ Essas horas geral tá lá embaixo, mas um desvio ele mata a gente, tá ligada?

Volto a atenção na rua, suspiro. Aperto o volante e meu coração começa aperta, parada sinistra parceiro.

Pai Nosso que estais nos Céus,
santificado seja o vosso Nome,
venha a nós o vosso Reino,
seja feita a vossa vontade
assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do Mal.

Minha mãe sempre dizia: quando sentir medo reza o pai nosso, nessa oração é a que tem mais poder.

E nesse momento é o que estou sentindo: medo.

Rezo não sei quantas vezes até chegar no morro, até vê geral ali, com arma na mão já apontando pro carro atrás.

Truta: E por você e você por mim, ok? _Paro o carro e encaro ela._

Laura: Sempre. _Ela sorri._ Eu amo você. _Ela segura meu rosto._ Você sabe o que vai fazer, mas não me deixa, tá bom? _Me beija._

Truta: Eu te amo, morena. _Sorrio._

Me arrumo no banco e encaro o dadinho na minha frente, ele faz sinal que está liberado.

Truta: Vou sair do carro, tu sai correndo e se esconde na frente do carro. _Ela assenti._

Abro a porta do carro, viro de frente e vejo o carro do Rodrigo parado atrás de mim. Ele estava péssimo, mesmo longe seu rosto era de dor, sua mão sangrando e ele tentando controlar.

Truta: Saí daí, já era Rodrigo. _Cruzo os braços._

Rodrigo: Não, eu vim buscar ela e é ela que eu quero. _Fala falhando a respiração._

Olho pro lado e vejo a Laura abaixada atrás do carro, ela parecia nervosa, mas segurava a arma em mão, nem pedi em.

Truta: E eu quero a sua cabeça, e aí? _Dou risada._ Da a sua cabeça que te entrego ela.

Rodrigo: Não vou, manda essa puta aparecer aí, coloca a cara. _Grita._

Tiro a arma da cintura de novo, aponto pra ele me segurando, qualquer golpe falso ele também me mata.

Truta: Lava a boca pra falar da minha mulher, saí dessa porra desse carro, caralho. _Grito já puto._

Rodrigo: Tu quer me matar, pra que sair daqui?

Truta: Se tu sair, penso em um acordo contigo, se não, meto uma bala no meio da sua cabeça. _Destravo a arma._ E aí?

Ele demora pra responder, mas me encara e coloca a mão pra cima, entendi que ele vai se entregar.

Rodrigo abre a porta do carro, saí do carro. Percebo algo estranho, mas ele é rápido.

Só vejo a arma em baixo da porta do carro, escuto o disparo e impacto no meu corpo rápido e doído.

Meu mundo parou parceiro, parecia uma roda gigante ligava nos duzentos e vinte. Escuto vários tiros sendo disparados.

Meu corpo doía de uma forma incomum, me toque aonde tomei um tiro, no abdômen, coloco a mão encima, meu corpo fica mole.

Encaro minha mão por cima do meu corpo, o sangue parecia vivao, escorria de forma estranha. Olhei pra frente e sentir meu corpo cair no chão quente, o sol queimava.

Não conseguia reagir, não conseguia fazer nada. Até perceber a gravidade de toda situação, uma angústia bateu no meu corpo, um sensação ruim. Não era por mim não, era por ela.

Laura: Willian...._Escuto seu grito com choro._ Willian! _Ela grita de novo._

Um sono veio, minha visão começou a escurecer, o cheiro forte de sangue invadia meu nariz e me deixava mais atordoado.

Laura: Amor, fica comigo. _Sinto sua mão na minha._ Fica aqui, tá? A gente vai sair daqui, mas fica comigo. _Ela segura meu rosto._

De repente, não sentia mais a mão dela segurando a minha, nem meus pés, minhas pernas. A visão foi se apagando, meu corpo inteiro foi e mil pensamentos vieram e vagaram minha mente. Já não conseguia falar porque me afogava em sangue.

Me senti sozinho, com muito medo.

Mas não havia dor. Aquela anestesia aumentava e aumentava, e então a calma, a aceitação, a total privação dos meus sentimentos finalmente paz absoluta.


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