n o v e

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- Nando Narrando 🤬 -

Não é como se eu quisesse pegar ela, era bagulho mesmo de tá ali do lado pro que ela precisasse, já que eu não pude fazer porra nenhuma por ela.

Ela é gata? Pra caralho, mas tenho certeza que ela não vai querer ninguém nem tão cedo, então só quero fazer o possível pra que ela viva bem e não apenas sobreviva.

- Ô RAFAELAAAAAA.. - Dou maior grito mermo, sem frescura.

Espero por uns 5 minutos e decido gritar de novo.

- Ô RAFAELAAAAAA - Dessa vez até bato palma pra ela acordar.

Espero mais uns 5 minutos e a preocupação bate.

Será que esse caralho fez alguma coisa? Ô porra.

Bato no portão do vizinho que abre e me olha com cara de maluco.

- Posso pular teu muro aí na maior tranquilidade? Acho que a Rafaela fez merda. - Ele coça a cabeça, mas apenas assente me dando passagem para que eu pule o muro.

Pulo o muro e por pouco não torço o pé.

- Merda.. - falo ao sentir uma dorzinha.

Giro a maçaneta que por sorte tá aberta e varro a sala procurando por ela, mas me surpreendo pois está tudo sujo, cheio de sangue.

- Não faz isso, por favor... - Sussurro pra mim mermo e abro a porta do quarto.

O que vejo me faz despedaçar ainda mais por dentro.

- Rafaela Narrando 🥺 -

Eu poderia muito bem culpar Deus e o mundo pela minha tristeza. Mas de fato, fazer isso não vai diminuir a dor que eu tô sentindo e muito menos acabar com ela.

Tudo o que eu tô sentindo é muito mais do que eu poderia suportar.

É como um grito na consciência, um grito silencioso na alma, que só eu consigo escutar. É mais do que eu poderia suportar com certeza.

Há algo dentro de mim, como uma bomba relógio a explodir a qualquer momento, e eu sei que vai explodir. Eu não sei se isso vai durar, ou vai passar.

Palavras ecoam em meus pensamentos como se algum tipo de força sobrenatural me sussurrasse sobre os ouvidos a fazer coisas que eu nunca havia pensado antes.

O quê será que fiz que me embaraçou tanto assim por dentro a ponto de me deixar sem esperanças pra nada?

Quando cheguei em casa só entrei dentro do quarto, me deitei em posição fetal e chorei.

Aliás, tô até agora chorando.

Chorando muito.

Essa notícia que a enfermeira me deu me pegou de um jeito que eu nem sei, sabe?

Quando eu era pequena minha brincadeira preferida era de ser mamãe.

Penteava o cabelo das minhas bonecas, dava banho e ainda fazia comidinha.

Ao lembrar disso dou um sorriso involuntário e choro mais ainda.

Eu não quero existir, eu quero ir ficar com as minhas filhas...

Eu quero minhas filhas...

- Me leva com vocês, por favor. Não quero ficar aqui. - Sussurro no meio dos meus soluços e mordo o travesseiro em busca de algum alívio, mas ele não vem.

- RAFAELAAAAAA - Escuto alguém me gritar e sei que essa voz é do Nando, se eu ficar quietinha ele vai embora.

- me leva com vocês, me tira daqui... - Só sussurrava.

- RAFAELAAAAAA.. - Ele grita mais uma vez e eu só fico quietinha.

Por favor, não entra, não entra.

Sabe quando você tá na fossa real e bate uma música na tua mente? Pois na minha bateu e eu só consegui chorar mais.

- Ela se jogou da janela do quinto andar

Nada é fácil de entender
Dorme agora
É só o vento lá fora
Quero colo, vou fugir de casa
Posso dormir aqui com vocês?
Estou com medo tive um pesadelo - canto sussurrando baixinho e as lágrimas rolam sozinha. - Me leva daqui, por favor...

Era Uma Vez...Onde histórias criam vida. Descubra agora