t r i n t a e c i n c o

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- Rafaela Narrando 🐍 -

- Eu quero ajudar mulheres que sofrem a mesma coisa que eu sofri. - Falo e coringa apenas faz um gesto para que eu dê continuidade. - Eu não sei como começar e não faço a mínima ideia de como fazer, mas eu quero fazer.

- Ela é tão lindinha, meu Deus. - A mãe do coringa fala e eu sorrio.

- Acho que a gente podia começar construindo um albergue ou uma pensão para mulheres que precisam de algum refúgio e que não tem pra onde ir. - Falo o que me vem a cabeça.

- Isso é uma boa ideia. - A mãe do coringa fala. - A gente podia promover cursos para essas mulheres, para que elas recomecem suas vidas.

- Isso. - Falo concordando. - O que você acha coringa?

- Pô, já pode começar então. Se não tiver recurso, o morro dá. Vê um local onde possa construir essa parada aí que tu falou e pode por a mão na obra pô. - coringa diz e eu não podia estar mais feliz.

Meu sorriso vai de orelha a orelha e lágrimas vêem nos meus olhos, mas me nego a chorar.

- A senhora me ajuda? - Pergunto a mãe do coringa.

- Óbvio, podemos começar quando você quiser. - Ela diz animada.

- Amanhã então eu passo aqui e a gente procura um lugar. - falo e me levanto.

Mas aí, na mesma hora um arrepio bate na minha nuca e ouço fogos serem lançados ao céu.

Meu olhar se encontra com o do Fernando e coringa já pega a pistola e o fuzil.

- Tem arma aqui? - Fernando faz uma pergunta meio óbvia e coringa apenas ri assentindo.

Coringa tira um fuzil de debaixo do sofá e entrega pro Fernando.

- Vocês duas lá em cima. - Ele aponta pra mim e pra mãe dele.

- Qual foi chefe? Os bota tá invadindo e vieram com caveirao e os caralho, eles tão pesadão chefe. - Alguém fala no radinho e coringa só lança o colete em cima da blusa.

Na mesma hora abraço o Fernando.

- Por favor, não morre. - Falo abraçada a ele que apenas beija minha cabeça.

Maria abraça coringa e lhe dá um beijo na bochecha dizendo que o ama e abraça Fernando.

Eu abraço o coringa e dou um selinho nele.

- Não morre, se não eu te mato. - Falo e ele me entrega um radinho.

- Só sai quando ouvir minha voz, bora. - Ele fala pra mim e eu subo as escadas com a mãe dele, que pela primeira vez tá em silêncio, imaginando que esteja rezando.

Entramos no quarto de coringa e eu me sento na cama, me encolhendo.

Os tiros são bem altos e um pouco ensurdecedor.

No radinho conseguimos ouvir que a polícia tá atirando em todo mundo e não tá deixando ninguém passar.

- Qual foi chefe, pegaram o fabin... - Falam no radinho e meu coração só acelera.

Se tiver alguém aí em cima, que proteja os meus meninos.... É a única coisa que eu consigo pensar.

- Desce porra, desce agora. Os polícia tá fazendo covardia com a molecada que tava na praça.. - Gritam no radinho.

Nervosismo é pouco pra descrever meu sentimento e eu só queria descer e ir lá ajudar eles.

- Pegaram o 2N, tão levando pro beco e vão finalizar, corre chefe. - É só o que eu ouço e é o suficiente.

- Aonde tem arma aqui? - Pergunto pra Maria que me olha assustada. - Eu não posso deixar nada acontecer com ele, aonde tem arma aqui?

- Embaixo da cama. - Ela diz nervosa e eu arrasto a cama.

Tiro a meia do meu pé e pego só uma pistola e dois pentes de pistola.

- O colete. Coloca o colete. - Ela aponta pra um colete todo clamufado e eu encaro ela.

- Ninguém usa o colete do coringa. - falo com receio dele achar ruim.

Ela pega o colete e coloca em mim.

- Se cuida, por favor. - Ela diz e eu pego o radinho.

- Qual beco o 2N tá? - falo e pode não parecer mas eu tô com o cu na mão.

Vocês podem me chamar de maluca e precipitada, mas eu não vou deixar o Fernando morrer.

Sou eu por ele e ele por mim, fé.

Era Uma Vez...Onde histórias criam vida. Descubra agora