v i n t e

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Só mais um por que sou mt boazinha.

- Rafaela Narrando -

Na minha cabeça tava tudo se encaixando, só tinha um problema.

Meu primeiro beijo depois de décadas não poderia ser com o caveira, né? Então, algum dos dois ia ter que fazer esse sacrifício.

Vou andando até um quarto vazio, entro e fecho a porta.

Depois de uns 5 minutos o Fernando entra e depois de uns 6 minutos o coringa entra.

- É ménage? - Fernando pergunta rindo e eu taco uma almofada nele.

- Eu juro que ainda me pergunto por que sou tua amiga. - Falo rindo.

- Agora você me magoou, ok? Eu tenho sentimentos. - Ele diz todo fingindo.

- Ah, pau no seu cu. - Falo e coringa solta um sorrisinho mas logo fecha.

- Qual foi? O que tu quer? - Coringa pergunta.

- Algum dos dois vai ter que me beijar. - Jogo na roda simples e os dois arregalam os olhos.

- Como é que é? Tu tá é maluca! - Fernando fala e eu apenas reviro os olhos.

- Por qual motivo pô? - Coringa pergunta mais uma vez curioso.

- Sabe quanto tempo eu num dou um beijo de verdade? Não aceito o meu primeiro beijo após décadas ser com o caveira. - Falo óbvia.

- E quem te disse que você vai beijar o caveira, pô? - Coringa pergunta todo sério e cruza os braços.

- Isso tá indo longe demais. - Fernando fala. - Chega, Rafaela.

- Ah, então quer dizer que você pode fazer as coisas por mim e eu não posso fazer nada por você? Se toca, Fernando. E você também, coringa. Quantos anos eu tenho? - Pergunto pro Fernando.

- 21 pô. - Ele diz.

- Ata, achei que tivesse 13. Eu não sou mais a mesma e isso já está bem claro. Eu vou vingar quem fez aquilo com a tua mãe, ou você não quer vingança? - Pergunto novamente pro Fernando.

- Óbvio que eu quero, mas não quero que você se arrisque. - Ele diz.

- E vocês acham que vão conseguir sem a minha ajuda? Vamos lá, vocês levam o caveira pra salinha e torturam ele, acham que ele vai falar? - Coringa assente. - Se você conhecesse tão bem o teu vaporzinho saberia que ele conhece todos os tipos de tortura e que você pode fazer o que quiser com ele que ele não vai ceder, mas ele é um machistinha de merda e se ele for torturado por uma mulher.... Ele vai cantar como a cinderela... - Falo sensata.

- Você não pode beijar ele, caralho mano. - Coringa diz esfregando as mãos na cabeça.

- Eu posso e vou. Agora tirem ímpar ou par pra vê quem vai tirar o meu bv. - falo rindo.

- Eu não vou não, consigo não. Tô nervoso. - Fernando diz rindo e empurra o coringa pra frente. - Bora porra, atitude caralho.

- Atitude? A mina tá quase colocando a arma na minha cabeça pra beijar ela porra. - Ele diz todo gesticulando.

- E vai dizer que não tem vontade de ficar comigo? - Pergunto sem medo e coringa olha nos meus olhos e dá um sorrisinho safado.

- Vai que é tua negão. - Fernando diz, dá dois tapinhas nas costas do coringa e sai do quarto.

Ficamos em silêncio, ele me comendo literalmente com os olhos e eu fitando todo o seu corpo.

Imagino que vocês devam estar se perguntando... Mas e o trauma?

Medo e desconfiança com qualquer pessoa eu sempre vou ter, fui abusada, torturada e tudo o que vocês possam imaginar.

Mas eu simplesmente não posso deixar eu me trancar em uma bolha em que eu não vá me relacionar com ninguém ou qualquer coisa do tipo.

Esses anos todos eu sempre falava pra mim: Não se prenda a mais ninguém. Não se prenda a mais ninguém.

E é sobre isso.

Quero beijar o coringa? Claro que quero. Mas não vou me prender a ninguém.

Eu só tomei no cu com isso, então por mais que meu medo e minha desconfiança de beijar alguém ou falar com alguém estejam gritando agora na minha mente, a minha vontade de viver e fazer o que eu quero tá falando bem mais alto.

E se quiserem julgar, podem julgar. Mas, cada um sabe os seus limites e aonde o sapato aperta.

- Vai ficar parada só me fitando mermo? - Coringa quebra o silêncio me tirando da minha inércia.

- E você quer que eu faça o que, pô? - Pergunto esperando a bendita resposta.

Coringa vem andando na minha direção e a cada passo que ele dá, eu dou dois passos pra trás. Até que eu bato na parede.

Meu coração acelera de uma maneira inexplicável, meus pés e minhas mãos estão mais suadas do que da Frozen e as malditas borboletas no meu estômago estão voando e revoando no meu estômago.

A respiração pelo nariz já é suficiente, então eu entre abro minha boca, buscando mais ar e o coringa parece apenas se divertir com tudo isso.

Ele caminha lentamente na minha direção até ficar um palmo de distância de mim.

Ele coloca os dois braços dele apoiados na parede e não me dando espaço pra fugir.

Mas eu não fugiria, eu quero isso.

- Tu sabe há quanto tempo eu imagino isso aqui, Rafaela? - Ele diz e roça aquele cavanhaque no meu pescoço me levando a arrepiar dos pés a cabeça.

Ele mordisca a minha orelha e minha nossa, nossa, nossa.

- Sabe quanto tempo que eu esperei pra te ver assim tão entregue? Puta que pariu... - Ele diz calmo e sério.

Coringa passa seus lábios nos meus e apenas deixa um milímetro de distância.

- Eu posso? - Ele pergunta talvez um pouco receoso.

- Por favor.... - É a única coisa que eu consigo sussurrar até ele tomar os meus lábios.

Era Uma Vez...Onde histórias criam vida. Descubra agora