quinquagésimo terceiro capítulo

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BIANCA
Já tínhamos terminado o jantar e só estava a Dhio, Theo e Maya sentados comendo sobremesa. Eu aproveitei a distração de todos e fui para perto da Joana que estava em um canto mexendo no celular.

— Oi...

Ela me olhou confusa e eu respirei fundo, não tinha mas como ficar adiando essa conversa e sinceramente? Só quero ficar com a consciência mais tranquila em relação a ela ou a qualquer coisa, claro que mantendo um pezinho pra trás, como de costume.

— Bom Joana, queria te pedir desculpa pelo comportamento da Maya, pelo comportamento do Theo e até mesmo pelo meu comportamento lá no início. — Falei suspirando. — No momento em que a Maya nasceu, eu jurei pra mim mesma que teria maturidade pra levar a minha relação com o Gabriel sem muitas desavenças, por tudo que eu passei com o Gabriel, que eu acredito que você saiba, eu não era nem mesmo pra olhar pra cara dele ….

— Realmente isso soa estranho. — Ela me interrompeu.

— Sim, mas tô pouco me fodendo pra o que as pessoas pensam, mas eu optei por isso pra manter a minha filha em meio a uma família comprometida com o bem estar dela.

— Sim sim, percebo que você realmente busca isso. — Ela me interrompeu mais uma vez.

— Pois bem, agora tem você, e eu preciso de fato ter a maturidade de lidar com você também. — Suspirei. — Queria te pedir desculpa pelas vezes que te diminuí te chamando de babá da Maya, não que ser baba é algo ruim, porém você não está exercendo esse cargo, você está sendo a namorada do pai dela, agora.

— Tudo bem Bianca. — Ela parecia está espantada com esse diálogo, até eu mesma estava.

— Nunca seremos amigas, nunca seremos as pessoas que vão sentar em uma mesa e falar sobre as nossas vidas, porém eu preciso ter uma relação legal contigo, porque a minha filha estará transitando no nosso meio.

— Com certeza.

— Mas aproveitando essa conversa, não sei qual seria o problema da Maya contigo, não sei o que alimenta ela a isso, pode ser o ciúmes ao pai ou pode até mesmo ser o fato de que você quer controlar ela.

Ela parecia desconfortável.

— Então até mesmo pra mantermos uma relação amigável eu queria te pedir pra você não querer controlar a Maya, não chamar atenção dela, deixa que isso seja feito por um de nós, ok?

— Sim, ok. Quando eu falo não é pro mal … — Ela tentou argumentar, e eu só assenti, cortando sua fala em seguida.

— Falo até mesmo pela sua relação com ela, é nítido que ela não te suporta, então se você continuar com as atitudes de querer controlar ela, vai ser pior. — Eu tentava ser paciência. — Sabe o gênio do pai dela? O dela é duas vezes pior.

— O que tem eu? — Gabriel apareceu, passando o braço pelo quadril da Joana e eu sorri sem mostrar os dentes.

— Nada demais, fofoqueiro.

— Só estavamos conversando, meu bem. — a Joana respondeu a ele e beijou seu rosto, fazendo um carinho na barba. Eu desviei o olhar e me distanciei deles.

Logo já estávamos todos a beira do mar, faltava menos de quinze minutos para a virada e eu já estava mais sozinha, fazendo meu ritual que era sempre uma oração que contava em agradecer pelo ano que vou deixar para trás, as experiências, alegrias, conquistas, tristezas também pois é o que me deixa sempre maior e mais forte. Estava já agradecendo pelo ano seguinte e pedindo direcionamento para tudo na minha vida, sabedoria para cuidar da minha filha, da minha empresa, do meu coração e de todos os que eu amo.

Faltando cinco minutos, liguei para minha mãe e falei rapidinho com ela que ainda conseguiu falar um pouco com a Maya, que estava mais na minha frente, brincando na areia.

— Maya, vem mais pra cá... já vamos começar a contar! — chamei e ela deixou o espaço que estava, bateu as mãos na roupa tirando o excesso de areia e veio correndo, se jogando no meu colo e ficamos sentadas ali. Ela no meio das minhas pernas e estavamos olhando o mar. — O que você quer para 2026, meu amor?

— Quero aprender andar de patins. Quero meu pai na camisa amarela e quero nos duas bem felizes e juntas. Todos nós. Todo mundo juntinho assim. — em agarrou pelo pescoço e logo escutamos uns estouros de fogos.

— Feliz ano novo, minha princesa linda. Te amo, muito, muito, muito.

Beijei seu rosto várias vezes e ela gargalhava tentando me parar. Gabriel apareceu ali em instantes e a Maya pulou do meu colo para o dele, que com o estava agachado do nosso lado, acabou caindo na areia junto da filha.

— Feliz 2026, meu amor. Te amo muito, você sabe.

— Uhum e eu amo vocês dois. — ela gargalhou quando eu a fiz cócegas.

Aquele momento deve durou poucos minutos, mas ao tempo em que eu fazia memorização aquela cena foi passando em câmera lenta, como se, se arrastasse por horas.

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