trigésimo sexto capítulo

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três dias depois... 10 de outubro de 2025
GABRIEL

— Joana...! — chamei quando a vi passar no corredor indo para o quarto que ela estava dormindo, eu estava no da Maya, procurando um tênis que a Bianca pediu que levasse.

— Oi, Gabriel. — sorriu e tinha as mãos cruzadas na frente do corpo. Ela era bem bonita, não vou negar, eu não sou cego nem nada disso.

O cabelo bem enrolado, na altura dos seios, cheios de fios dourados em meio dos pretos, um corpo maneiro e a pele bem morena.

— Quero te alertar uma coisa. Você não tá aqui pra supervisionar a Maya e naquele dia eu só pedi ajuda, porque não tinha a quem recorrer e eu estava fora por conta de um jogo.

— Eu não...

— Espera... — a interrompi e parei em sua frente, já segurando o tênis da minha filha. — Naquele dia, o dia que a Maya foi com a mãe, você se lembra o que eu deixei avisado contigo, com a Leonor também, para avisar a minha mãe? — pergunte me referindo a doméstica daqui de casa.

— Olha, Gabi... Sua mãe não tinha chego ainda e eu só quis ajudar. Não achei que seria tão grave assim.

— Pois é, foi grave sim. Maya tem pelo menos quatro alergias diferentes e nós tomamos um cuidado redobrado com ela, porque um resfriadinho por mínimo que seja, se torna uma coisa enorme e a Bianca é completamente neurótica.

— Eu percebi. — ela comentou baixo, meio em desdém e eu respirei fundo.

— Não faz mas isso, beleza? Se eu não pedi ou não deixei autorizado, não faz.
— eu sinalizei para ela e ela só assentiu devagar.

— Tudo bem, me perdoa. — Me olhou com o rosto já diferente e os olhos mais tristes.

— Tá tudo bem... dá próxima, caso você fique mesmo uma vez ou outra fazendo esses favores pra mim... Me pergunta as paradas antes de sair agilizando, beleza? — ela assentiu e de novo e eu também concordei.

— Está tudo bem com ela?

— Não, ela acabou gripando bastante e eu já ouvi pra caralho. — respondi fazendo uma careta e ela riu baixinho. — Só não passa mais por cima do que eu pedi pra não fazer beleza? A Bianca não vai ter a mesma paciência que eu em vir aqui, e conversar, assim de boa.

Saí de lá e fui para o meu quarto, agilizar minhas coisas porque hoje tinha a apresentação de Dia das Crianças na escola da Maya.

BIANCA
Dia das crianças da escola, já tinha pego um engarrafamento quilométrico, graças a Deus achei uma vaga no estacionamento da escola.

Eu não podia me desgrudar daquele celular, Miguel e Ana estava a uma ligação de fechar a nossa maior campanha.

Pedi ao Gabriel pra guardar o meu lugar caso ele chegasse primeiro e vi que chegou quando eu passei pela Jaguar dele estacionada.

O auditório estava cheio, vi de longe aquele cabelo loiro sentado bem no centro de uma das fileiras.

— Gabriel insiste em não usar a cabeça, não poderia pegar um lugar na ponta, ficaria mais fácil pra mim. — Sair resmungando sozinha e caminhando até lá.

Comecei a pedir licença e notei que eu estava sendo um incômodo, mas eu precisava passar.

— Chega pro lado. — Ordenei assim que cheguei do lado dele e ele tomou um susto.

— Não, senta aqui você. — Ele apontou pra cadeira do lado.

— Fica mais fácil você sentar na do lado Gabriel.

Ouvi pessoas pedindo licença, no palco já tinha alguma apresentação e eu estava em pé impedindo das pessoas verem.

— Senta aqui na do lado.

Ele falou me pegando pela cintura, e me forçando a sentar na cadeira.

— Você é muito implicante.

Falei suspirando e revirando os olhos.

— Shiuuu ... — Ouvi alguém pedi silêncio, olhei pra trás procurando quem era.

— Que povo chato. — Reclamei. — Cadê a Marília? — Sussurrei pro Gabriel que apontou mais pra frente e eu confirmei.

Hoje eu tava uma pilha de nervos, aquela festa da Maya não estava no melhor dia pra acontecer.

— Desliga essa porra desse celular mano, presta atenção lá. — Gabriel sussurrou enquanto eu olhava pro aparelho, alheia a tudo.

— Tô uma campanha quase fechando, só estou aqui pela Maya. — Falei.

— Shiuuuu! — Novamente pediram.

— Eu tô falando baixo, não?

Perguntei olhando rápido pra trás e olhando pro Gabriel, e ele ria.

Ia tudo ocorrendo na mais perfeita ordem, as crianças menores estava dançando.

Eu até tentava curtir aquilo ali, mas minha cabeça estava em outro lugar.

— Teu celular tá tocando. — Gabriel apontou pro aparelho encima da minha bolsa.

Olhei rápido pra tela e corri pra vê no WhatsApp a mensagem do Miguel e da Ana.

— Isso aqui acaba que horas? Depois é a Maya? — Sussurrei pro Gabriel e mais uma vez o "shiiiiu" foi ouvido.

Não era possível, eu estava sussurrando, quem eu estava incomodando.

— PORRA, eu tô falando baixo. — Falei alto puxando toda aquela atenção pra mim.

Gabriel gargalhou e eu queria acertar um murro nele, olhei pra trás e vi que a pessoa inconveniente era o Éverton.

— Ah Miteiro, vai pro caralho! — lhe apontei o dedo do meio, Gabriel e ele estavam rindo muito da minha cara.

Labirinto | GB10Onde histórias criam vida. Descubra agora