trigésimo nono capitulo

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GABRIEL
Ajeitei a Maya na cama e arrumei os travesseiros em volta dela, eu já estava escutando a música passando do banheiro para cá, mesmo num volume baixo.

Abri a porta do banheiro e vi a Bianca já dentro da banheira, de olhos fechados e o corpo quase inteiro mergulhado na água, só com a nuca apoiada na beirada.

— Bi...

— Hummm...? — murmurou e me olhou de relance, voltando a fechar os olhos. — Achei que você tivesse voltado a dormir, Gabriel.

— Tô preocupado com você. — e eu estava mesmo, era difícil a Bianca ficar doente e quando ficava, ela caía na fraqueza mesmo.

— Tá tudo bem. A água ainda tá bem morna, vai em ajudar um pouco.

Ela explicou ainda sem me olhar e eu assenti, mesmo com ela sem vê. Tirei minha roupa e ela tomou um susto quando eu entrei na banheira, mas não reclamou quando a deixei deitar a cabeça no meu tórax e eu fiquei enchendo as mãos de águas e jogando devagar nela.

— Você tá quente pra caralho, você mediu a temperatura?

— Medi, a febre tá alta mesmo. Acho que dessa vez eu me fodo legal... — respondeu e acabou dando uma risada baixa.

Bianca relaxou ainda mais no meu colo e respirava com calma, a água ainda estava bem aquecida e isso ainda me dava alguns minutos com ela ali dentro. Se fosse em outros momentos, no mínimo uns litros já estavam sendo jorrados para o piso, já que estaríamos em movimento aqui dentro.

— Amor... — ela só respondeu um "uhum" e eu achei graça. — Nem reclama mais né?

— Já desisti de te repreender, Barbosa. Nunca adiantou tentar te impedir, você sempre vem com esse teu jeitinho de malandro, com essa marra e me dobra.

— Não é marra...

— Só é o meu jeito... — ela engrossou a voz pra tentar me imitar, quando me interrompeu. — Eu sei disso há anos. Você sempre fala a mesma coisa, mas todo mundo te conhece por tua marra e o deboche que você deixa estampado até numa risada que às vezes tenta esconder passando a mão na barba e puxando os pelinhos.

— Tá prestando muita atenção no teu ex marido, né não? — impliquei e ela beliscou minha coxa.

— Cala a boca, Barbosa.

Eu até tava mesmo tentando ficar quieto, mas era impossível continuar agindo numa boa depois de todo esse tempo que víamos ficando. Minha razão não estava funcionando na mesma sintonia que a minha emoção.

— Às vezes eu fico meio idiota tentando entender como que a gente ficou nesse clima, numa boa.

— Porquê?

— Porra, tu faltava pouco me estrangular quando me via Bianca, não que as vezes você não queria fazer isso... Só que desde aquele dia que a gente ficou depois daquela festa. A situação mudou.

— Só aconteceu Gabriel, algumas coisas acabaram perdendo o controle e... eu sei lá, não sei nem o que tô falando direito. Mas acho que no fundo, nem eu sei como deixei acontecer.

— Você se arrepende?

— Não acho que é arrependimento, só tenho um pouco de medo de me apegar em você de novo e depois... — ela se calou e eu respirei fundo.

— Eu sei que foi o maior filho da puta dessa história, Bia. Na época teve tudo aquilo, eu surtei, tentei até te culpar... Só que aprendi com o tempo, tive que amadurecer na marra quando a Maya chegou na nossa vida e eu fiquei quase na certeza que iria te perder, de uma vez por todas e não tinha desculpa alguma que iria te fazer voltar.

— Eu não gosto nem de lembrar desse acidente.

— Bia, eu quero viver o que a gente não viveu, me perdoa, eu tô me sentindo o homem mais realizado do mundo deitado ali na cama com a Maya entre nós. Me perdoa…

BIANCA
Eu não sabia que meu coração poderia bater tão rápido até ouvir o Gabriel falar tanta coisa com uma facilidade que me assustou.

Minha mente começou a rodar sobre tudo que aconteceu há anos atrás.

Você é foda na cama, é. Mas sexo eu vou conseguir em qualquer lugar

Eu fiz porquê senti que deveria, senti tesão nela e fiz

Toda aquela chacota nas redes sociais, todas as crises de choro que eu tive sozinha, de madrugada sem ninguém pra ouvir ou vir me acalentar.

Eu já estava cansada de sempre procurar por um colo e passei boa parte do tempo sofrendo sozinha. Com crises de choro, de angústia, de ansiedade, de falta de ar. Com vontade de me tacar em qualquer lugar toda vez que cogitava que meu sentimento por ele sempre pudesse superar tudo que ele tava me causando.

— Eu te amo Bi, nunca escondi isso de ninguém. Me envolvi com várias pessoas depois da gente e nada chegou perto de tudo que eu vivi com você e eu me sinto um fodido em ter sido o único culpado de ter destruído tudo, amor. Eu só... só tô pensando nisso tudo e pensei que poderíamos tentar de novo.

Eu já estava quase soluçando, me levantei da banheira quando ele tentou segurar no meu rosto, puxei um roupão do gancho e me enfiei nele, pingando de água e me tremendo. Não sabia se era frio ou toda essa situação.

— Bianca? Calma aí!

— Eu... puta merda, eu não posso! Não posso mesmo. — sequei meu rosto como dava e ele tentou segurar em mim, já estava enrolando em uma toalha e o piso todo do banheiro estava molhado.

— Meu amor, calma.

— Gabriel isso é impossível, eu não posso... não vou, caralho.

Minha garganta tava seca, me impedindo de continuar falando, eu só dei as costas pra ele e sai do quarto de qualquer jeito. Entrando no da frente sem nem ver e a Dhio se assustou quando eu sentei na cadeira da sua penteadeira.

— Tran...tranca essa porta! Não quero que seu irmão entre aqui. — eu apontei e ela trancou com os olhos em mim. — Puta merda, Dhiovanna, puta merda!

— O que aconteceu? Eu não tô entendendo nada!

— O seu irmão, caralho. A porra do seu irmão acabou de se declarar pra mim e eu não posso cair nisso. Eu não posso!

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