GABRIEL
Eu fiquei sem entender absolutamente nada, achei que estávamos bem e principalmente tranquilos pra essa conversa acontecer. Acho que na verdade, eu fui com muita sede ao pote, não tinha que ter disparado tudo de uma vez.Mas porra, eu ia falar como?
A idéia tá rolando há semanas na minha cabeça, tentei falar outras vezes e eu sempre travava, minha língua enrolava ou eu acabava esquecendo por está com ela ocupada... passeando no corpo da Bianca.Esfreguei meu rosto apreensivo, de novo. Terminei de me vestir e fui olhar a Maya, ela ainda estava dormindo da mesma forma, todo o barulho que fizéssemos ou a Bianca que saiu batendo a porta, não abalou em nada a pequena.
Passei a mão por seus cachinhos que estavam desgrenhados, arrumei para trás e ela suspirou fundo, num sono pesado. Ajeitei o cobertor nela e sai do quarto no maior cuidado. Entrei no que a Bianca estava e me sentei na cama, ela não estava ali, eu sabia e vi quando ela entrou no da Dhiovanna, mas iria esperar. Quero no mínimo me desculpar ou só tentar falar com mais jeito. Sem sair atropelando tudo.
Demorou vinte minutos até ela aparecer, eu já estava com o corpo escorado na parede e as pernas esticadas na cama, Bianca me olhou e arregalou os olhos, engoliu a seco mas pelo menos não fugiu, isso conta né?
— Vem cá, Bi. — chamei e ela ficou pensando se era seguro, certeza que era isso. Ela estava com outro roupão e como era bem menor, tomei noção que ela tinha trocado pegando algum da Dhiovanna, já que o dela deve ter ficado encharcado de água. — Só quero conversar contigo.
Bianca ainda ficou alguns segundos me olhando de longe, respirou fundo e se aproximou, sentando na cama e arrastou o corpo até encostar do meu lado, com alguns centímetros de distância.
— Me desculpa se eu te assustei, eu só pensei que era o momento certo... Eu já tinha planejado falar várias vezes, mas não tive coragem.
— Nunca ia chegar um momento certo pra isso, Gabriel. E também foi infantilidade minha sair correndo, eu só fiquei com um pouco de medo.
— Eu vou te falar a real, mas não vai mudar muita coisa. Eu já me declarei pra você lá e tudo que eu falar agora, vai soar da mesma forma. Eu me arrependi Bianca, me arrependi muito. Você não tem noção... o tempo foi esclarecedor para que eu entendesse de uma vez que EU quem fudi a nossa vida. EU agi do jeito que queria, não vou culpar ninguém além de mim, da minha falta de maturidade, de consideração por toda nossa história. — eu respirei fundo e ela estava brincando com a ponta do roupão, virando e desvirando o pano devagar, assentindo, dando sinal que estava me ouvindo e entendendo. — Eu não espera mas nada depois daquele dia da Maya, já tinha meio que me conformado. Só que depois que ela nasceu, a gente se aproximou, as coisas foram se acalmando aos poucos, você sabe...
— Sim... Foi parte do trato que fizemos, ela não tem culpa se o nosso relacionamento foi um lixo.
— Não foi. — a repreendi e ela me olhou de relance, deu uma risada sem graça e eu cocei minha nuca. — Não foi um lixo. Foi incrível e eu sei que é ironia pra caralho ogo eu tá falando isso, mas agora eu olho pra trás e vejo a mulher que você era e foi pra mim, Bia. Eu era só um moleque brincando de casinha, sem medir consequências e nessa onda e que tamo nisso aí. Eu não vou ficar rodeando Bi, eu já falei tudo lá no quarto e aqui é a mesma história. Eu te amo, muito. E me arrependo ainda mais de tudo. E eu só queria que a gente tivesse outra chance de tentar, sabe? De tentar recomeçar, com a nossa vida, a nossa filha... só esquecer tudo e dá o play de novo.
— Eu sei que já tem cinco anos, mas pra mim é foda Gabriel, caralho, é muito foda! Eu não vou mentir pra você, não vou. Eu te amo também, muito, o suficiente pra fazer meu peito apertar todas as vezes que eu paro pra pensar em tudo, não só no passado, mas até nos últimos meses que a gente ficou vez e outra. — ela respirou fundo e eu já tava sentindo meu peito ardendo, o rosto quente, coração acelerado demais. — Só que, não só sobre amor, entende?
— Eu sei, só que porra... Bianca, aquela cena toda lá no meu quarto, na minha cama, fudeu a minha mente. A Maya tava ali, nos dois e tava maior clima bom do caralho. Eu quero aquilo ali pra mim, quero aquilo todo dia. Chegar em casa e achar vocês duas me esperando, pra me fazer esquecer todos os meus problemas do lado de fora, Bi. Caralho...
— Não faz isso, não se tortura desse jeito... Isso é muito ruim pra você, Gabriel. Não faz assim.
— Só me escuta. Me dá uma chance, eu só tô te pedindo uma oportunidade. Se você quiser, não precisa ninguém saber de nada, não precisa de mídia e nem nada disso. Só a gente amor, só nos três. Por favor, Bianca, só isso. Eu faço como você quiser, do jeito que você quiser. — implorei mesmo, eu tava maluco se não botasse tudo pra fora. Meu rosto já estava na maior confusão, antes tava quente, agora já estava gelando porque meu choro já tinha caído.
Bianca me olhou e ficou com o olhar no meu por tanto tempo, eu já tinha entendido, mas não queria acreditar. Não queria, iria ficar nisso até o fim.
— Não é só sobre amor, Barbosa. Se fosse só isso, nós dois nunca teríamos dando o fim em nada. — ela secou o rosto, já não tava me olhando e eu respirei fundo. Me mexi incomodado com tudo, com a conversa, com essa situação, com tudo. Tudo tava me deixando aflito. — Eu tenho medo, medo do julgamento das pessoas, medo de toda a chacota que eu vivi, da dor, do meu desespero voltar, de me decepcionar... eu não tenho confiança nisso, não consigo ter. Você me entende? Isso tá doendo em mim também, Gabriel. Tu não tem idéia. Só que pra mim não dá, eu não vou conseguir.
Ela secou o rosto e me olhou, eu sequei o meu e fiquei sem coragem de retribuir o olhar pra ela, mas precisava.
— Você pode só me perdoar, então? — pedi fraco pra caralho e ela beijou meu rosto. Segurei ela rápido, antes que ela escapasse e prendi no meu abraço, Bianca se aninhou no meu peito, deitando o rosto mesmo e eu respirei fundo.
Caralho, como que essa porra ainda dói assim? Parece que eu vou ficar sem ar em qualquer segundo.
— Eu te amo e vou tá aqui sempre. Quando você quiser retormar essa conversa algum dia, não fica com medo de nada, nem de mim. Eu sou teu porra, caralho, Bianca. — a minha mão que não estava nela, eu segurei na maior força no pano do meu short, acho que se eu pudesse, dava um soco em qualquer lugar, só pra tentar extravasar, Bianca soltou meus dedos do pano e cruzou a mão na minha.
— Fica tranquilo, Gabi.
Quando botamos meta, vocês até ultrapassam, mas as metas são coladas porque eu acho uma sacanagem ter capítulo que beira 80 votos e não chega a vinte comentários. Fico puta mesmo e além do mas que me desanima até em atualizar e isso não é só aqui como nos outros livros sempre rolou isso.
Então todos vão ter metas e cada vez maiores. (e não, não botamos metas pra ficar adiantando a fanfic, até porque não está nem mesmo próxima da metade do enredo que temos pra cá)
beijos e fé
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Labirinto | GB10
Fanficporque ela realmente sabe que por mais que pareça que você esteja se divertindo, ou se encontrando por aí, ela sabe que você está mais perdido que qualquer outra pessoa ao seu redor. • todos os direitos reservados. • história original • não autoriz...