sexagésimo capítulo

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JOANA
Gabriel estava agitado, mesmo depois de explicar que a Maya não quis vir com a gente. Eu vi ele ainda tentando ligar pra Bianca e ficou estressado quando a ligação foi recusada. Ele estava tenso.

— Você tem certeza que não foi nada demais, amor?

— Tenho.

Curto e grosso. Ou seja, não queria que eu me metesse no assunto. Respirei fundo e comuniquei que iria ao banheiro. Levantei levando minha bolsa, assim que entrei no banheiro fui lavar minhas mãos e o rosto, estava um calor do caralho. Uma loira entrou ali e eu a vi trancar a porta.

— Oi, bom dia! Não precisa trancar, as cabines tem tranca por dentro. — Chamei sua atenção e ela riu.

— Não vou usar a cabine, quero falar com você. Eu vi que você tem uma relação com o jogador e tenho algumas coisas que podem ser do seu interesse.

Meu coração disparou, a boca secou e eu quis sair correndo. Será que ele fez o mesmo que fez com a Bianca? E mesmo que fosse, eu não quero descobrir isso. Não sei o que iria fazer sem ele.

— Não estou entenden...do. — Gaguejei e ela se aproximou mais. — Quem é você?

— Sou só quem vai te ajudar o suficiente pra se livrar de uma vez da Boca Rosa e a menina. — ela me estendeu um cartão de visitas e eu encarei o endereço escrito nele. — Me encontra nesse lugar, daqui dois dias.

— Isso fica no Rio? — perguntei quase já afirmando já que tinha um pouco de noção que aquele endereço não era daqui da Bahia. — Eu saio da cidade amanhã.

— Me encontre lá, eu vou te contar tudo o que você precisa saber... Inclusive, o que aconteceu na última madrugada. — ela sorriu e eu fiquei sem reação nenhum. Sem nem mesmo me dizer o nome, ela saiu dali e eu fiquei encarando o cartão na minha mão.

mais tarde...
BIANCA
— Conseguiu o helicóptero? — perguntei ao Theo enquanto eu ainda estava agitada guardando as coisas de qualquer forma nas malas, já estávamos no hotel onde nós hospedamos antes.

Aqui talvez eu não encontraria com a Lívia, mas não queria arriscar. Se ela me achou no hotel que o Gabriel estava com a família, poderia sim ter me seguido e só está esperando por um mínimo de vacilo da minha parte e eu não pretendia contar com a sorte dela já ter ido embora.

— Chega em quinze minutos. Foi o mais rápido que consegui.

— Não... não tem problema. É o tempo de terminamos tudo e ir embora de uma vez.

— Vou perguntar a Dhio...

— Não! Não quero que fale com ninguém, só vamos embora e pronto!

Eu tomei o celular da mão dele e voltei a fazer minhas coisas, nessa confusão toda, Maya tinha pego no sono e foi até melhor assim. Facilitou muito quando o helicóptero chegou e pegamos para voltar para o Rio de Janeiro, lá eu estaria mais segura e tentaria pensar nas coisas com calma.

JOANA
Gabriel tinha caído no mar para um mergulho e eu não quis acompanhar, estava ainda com a cabeça cheia de tudo o que aquela mulher me falou.

Não joguei o cartão fora. Guardei no fundo da bolsa e ele ficaria lá até eu me decidir. Ainda não sabia se iria mesmo encontrar com ela, mas a minha curiosidade gritava cada vez mais alto.

— Jô, vem aqui. Tá fresquinha.

— Não quero, Gabi. Tô com um pouco de dor de cabeça. — ele assentiu e voltou a nadar.

Depois de alguns minutos voltou para o iate e sentou do meu lado, eu estava em uma das pontas, sentada e olhando a vista a nossa volta.

— Que horas você chegou? — perguntei, não aguentava mais ficar com aquela fronta da mulher na minha mente.

— Ah, acho que era umas seis. — estalou os dedos das mãos, me olhou de relance e desviou.

— Eu bati no seu quarto pela manhã, você não estava lá? Não dormiu lá?

— Dormir amor. Não devo ter escutado, só isso. Porquê isso tudo agora?

— Não é nada. — respondi e beijei seu rosto, não queria deixar ele perceber a minha desconfiança... eu sei o quanto ele odeia isso.

O dia terminou na mais perfeita harmonia, pra mim. Sem ter que dividir a atenção do Gabriel com a Bianca. Aliás, ele ficou bem puto quando voltamos e ele descobriu que ela já tinha ido embora e arrastado a menina junto. Estou com várias teorias na cabeça, o que despertava cada vez mais a vontade de ir encontrar aquela mulher do banheiro.

[…]

Já estamos no Rio, chegamos a mais ou menos meia hora. Fui até o quarto do Gabi e encontrei ele se arrumando. Não dividimos o mesmo quarto, desde que começamos o Gabi me pediu isso, disse que podíamos vez ou outra dormimos juntos, mas não todos os dias enquanto a nossa relação não for madura o suficiente, não gosto disso, mas era a única alternativa que eu tinha.

— Vai pra onde? — Perguntei e ele virou rápido.

— Na casa da Bi… na casa da Maya. — Ele falou se consertando e eu suspirei.

— Posso ir junto? — Perguntei sentando na beirada da cama.

— Não, melhor não. — Ele falou de imediato e eu suspirei.

Deixei ele ali e fui para o meu quarto, precisava ainda desfazer minhas malas. Guardei tudo da mala maior e fui tirar as coisas da minha bolsa e acabei me deparando com o cartão de visitas. Encarei aquele endereço e o número se telefone que estava bem embaixo.

Alô?

— Sou eu. Joana. Pode me encontrar agora? É o único tempo que vou ter.

Ah, claro! Estava esperando que você me ligasse. Já estou no Rio também.

— Temos que ser rápidas, não posso demorar.

Então querida, arrume uma desculpa bem feita. Você não vai sair daqui tão rápido! — ela ordenou e desligou.

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