vigésimo segundo capítulo

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BIANCA.       

— Você deve ter muita raiva de mim, não é possível. — Falei encarando o Gabriel que me olhava sem entender.

— O que eu fiz? — Ele perguntava com aquelas sobrancelhas grossas franzidas.

— Você vazou a notícia da gravidez, você me tirou o prazer de contar pra minha família. — Eu já estava mais uma vez chorando.

— Eu não! — Ele falou me encarando.

— Você sim, se não foi você foi quem? O Theo não faria isso, nem a Ana Júlia. — Falei enxugando as lágrimas. — Tava me esquematizando, ia fazer uma surpresa pra minha mãe, meu padrasto e meus irmãos... mas o gossipdodia passou a minha frente e o Léo Dias já veio com uma puta de uma matéria tendenciosa dizendo que engravidei pra te segurar.

— Não acredito. — Ele falou olhando pra mim e parecia que queria me abraçar, me acalentar.

— Então olha você mesmo. — empurrei meu celular pra ele ainda sobre a cama e ele pegou, leu rapidamente e me encarou confuso. — Se não foi você, foi quem Gabriel?

— Bianca, eu tô do seu lado o tempo todo cara! Como que eu tive tempo de fazer algum coisa, meu amor?

— Me erra, Gabriel! Me erra! — ele deixou o telefone próximo de mim e eu suspirei pesado, tava cansada de tudo. Exausta e só quero ir pra minha casa.

— Eu vou dá um jeito nisso, tá bem? Eu posso procurar saber lá na Upa em que fomos e abrir um processo...

— Isso não vai adiantar em nada, a notícia já se espalhou... Eu só queria passar a minha gravidez em paz, era só isso.

— Bom, isso vai ser um pouco complicado. Nós dois temos mídia em cima.

— Isso vai ser ainda mais complicado tendo você como pai do meu filho. — Falei isso e virei de costa, nem parando pra olhar a reação do Gabriel.

Uns dias depois.

Já tinha mais de quinze dias daquela minha internação e eu precisava voltar na médica, fui junto do Théo já que o Gabriel estava fora do Rio e eu não queria ficar ao dispor de esperar a agenda dele vagar pra saber do bebê. Sai da consulta indo direto de volta para o meu apartamento.

— Vou buscar um almoço pra gente. — Theo me disse depois de me ajudar a trocar de roupa e deitar.

— Pode ver se tem carne assada lá hoje? Com batatinha corada? — pedi e ele riu.

— Essa criança já tá nessas vontades?

— Ainda não, é só a mãe olhuda mesmo. Pede pra por bastante agrião e farofa.
— falei um pouco mais alto quando ele já estava saindo do meu quarto.

Abri meu whatsapp no tablet e fui no grupo que o Gabriel fez na semana passada com toda a família dele e a minha. Ele tinha botado o nome como "bebê Barbosa" já que nos dois tínhamos esse sobrenome mesmo antes do casamento.

Tirei algumas fotos da ultra que fiz hoje mais cedo e mandei no grupo.

E comecei a mandar mensagens. Informando sobre tudo relacionado ao neném, estava tudo bem e controlado, mas ainda assim eu permaneceria de repouso absoluto até segunda ordem.

Não esperei por respostas e fui usando o meu celular para resolver algumas coisas da Boca Rosa. Foi o tempo de se passar dez minutos para a foto do Gabriel encher minha tela numa ligação.

— Ainda quer me ligar de vídeo, me poupe Gabriel.

Bati a chamada e logo ouvi o som da notificação que tinha chegado algum áudio.

Gabriel Barbosa
[áudio] 🔊 Porque não me esperou pra ir na ultra?

Respirei fundo, revirei os olhos e respondi.

— Queria saber logo sobre o bebê, não quis esperar você voltar. — Larguei o celular de lado e fui focar no pc, mas novamente notificação chegando.

Gabriel Barbosa
[áudio] 🔊 Não é assim Bianca, eu tenho todo direito de está na ultra do meu filho.

— Gabriel, não viaja, não iremos ficar grudados a todo momento, já falei que essa gravidez não será pretexto pra isso. — Respondi sem nenhuma paciência.

O barulho da chamada de vídeo ecoou no quarto eu resolvi atender. Ele tava do outro lado da dela, um enfezado.

Bianca, é o meu filho, eu tenho direito. — Ele falou dando ênfase o quanto estava chateado.

— Está dentro da minha barriga, meu corpo Gabriel, e eu não quero você colado em mim.

Quase deixou de está né? — Ele arqueou a sobrancelha. — Já que você queria até mesmo abortar.

Me enfurecir real, ali mesmo sentada peguei aquele aparelho e arremessei pra fora do quarto.

— O que é foi isso? — Theo gritou enquanto vinha pelo corredor.

No fundo eu ouvia a voz do Gabriel me chamando, mas eu estava muito irada, ele não podia me dizer aquilo, ele viu como eu fiquei só com a possiblidade de perder essa criança, ele não estava sendo justo comigo.

— Bianca, pelo amor de Deus, você não pode se estressar desse jeito, o que aconteceu? — Theo perguntou colocando minhas pernas novamente na cama, pra me impedir de levantar.

— O senhor dono da razão, se eu perder o meu filho a culpa é dele, É DELE! — Falei gritando por imaginar que o Gabriel ainda poderia está na linha.

— Para, para... — Theo apoiou a mão no meu peito meio que me ajudando a fazer um exercício de respiração pra tentar normalizar.

Depois que me acalmei, Theo me ofereceu o almoço e eu comi, lógico! Estava cheia de vontade e foi só terminar de comer a última batatinha pra sentir um enjôo horrível, foi só o tempo certo de chegar ao banheiro e botar tudo pra fora. Suspirei decepcionada.

— Ah, meu filho! Eu só queria ter ficado com mais um pouquinho com o gosto da comida...

Eu resmunguei, escovei os dentes e voltei para a cama, olhando meu celular acender com uma chamada de voz do Gabriel.

Atendi.

— Você não desiste, Gabriel?

Me desculpa amor, eu falei sem pensar. Só estava com raiva de não ter participado da consulta do bebê. — Manso, muito manso. A voz tão calma que chegou a fazer meu coração palpitar e eu não sabia como indentificar porque estava batendo tão rápido. — Tudo bem?

— Me deixa em paz! — encerrei a ligação, respirando forte e deixei o telefone de lado.

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