vigésimo sétimo capítulo

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THEO
Quando faltava menos do que dez minutos para o condomínio da Bianca, eu me assustei com o acidente que vi na pista ao lado. Fui desacelerando o carro devagar e quando me toquei de quem era aquele carro e quem era a pessoa sendo posta na maca pelos paramédicos, meu coração disparou, estacionei o carro de qualquer forma, ligando os pisca-alertas e deixei ele com tudo aberto pra trás, pulei a mureta e quando em aproximei, tive a confirmação. Só tive a reação de pôr as mãos na cabeça e começar a xingar, chorar, resmungar, tudo ao mesmo tempo. Misturando todas as sensações.

— O senhor é o esposo? — o paramédico me segurou pelo braço, me mantendo parado e se fosse em outro momento eu até faria graça e daria uma cantada nele.

— Sou amigo dela. O que aconteceu, pelo amor de Deus?

— Ela derrapou um pouco com o carro e pelo pouco que falou se queixou de dores no abdômen. Quanto tempo está está de gestação?

— Oito meses e meio. — Eu respondi no automático e ele assentiu, me orientou a avisar ao marido da minha amiga e eu só fiz assentir. Não tinha tempo para retrucar nada.

Eu informei que era melhor que levasse ela para a maternidade que ela já está fazendo o pré-natal desde o início, ele disse que de qualquer forma iria para lá, pois era o hospital mais próximo.

Eu me afastei devagar, sentindo minhas pernas moles, meu coração acelerado, digitei algumas mensagens para a Ana e tratei logo de ligar para o Embuste Lil.

Fala, Théo! — o embuste atendeu rindo e eu engoli a seco, respirei fundo algumas vezes e ele ficou impaciente. — Theo?? Não tá me ouvindo?

— Oi, é... eu tô. Gabriel, você já saiu do CT?

Tô dentro do vestiário, mas ainda tenho uma avaliação na academia... dá tempo de chegar na consulta ainda?

— Não tem consulta, Gabriel. Merda... meu Deus, como que eu vou falar isso! — eu resmunguei mordendo minha boca e suspirei. — A Bianca sofreu um acidente, eu estava indo para a casa dela, buscar as duas para a consulta. Mas ela não quis ficar esperando e... agora eu tô entrando no carro pra seguir para a maternidade.

Eu disparei a falar e quando terminei, respirei fundo e nem sabia que estava me faltando tanto ar assim. A ligação estava muda, só dava pra ouvir o Gabriel respirando e um falatório em volta dele, perguntando qual era o problema.

GABRIEL

Acidente. Bianca. Maya. Consulta. Acidente. Acidente. Acidente.

Tava tudo se repetindo dentro da minha mente num eco infinito. Theo começou a me chamar do outro lado da ligação e eu precisei pressionar o peito afim de controlar minha respiração e conseguir falar com ele.

— Qua..qua..qual hospital?

O mesmo das consultas, eu tô a caminho de lá. — ele explicou e eu assenti mesmo ele não vendo. Deixei o telefone de lado e respirei fundo, puxando forte e pressionando mais ainda meu peitoral.

— Gabi? Habla conmigo. — Arrasca estava na minha frente, estalando dedos tentando chamar minha atenção e eu só neguei devagar.

— Minha filha. A minha filha e a minha mulher.

Tranquilo hermano, que paso?

— Ele não tá respirando direito, puta que pariu! — escutei a voz do BH e me levantei, andando em voltas por ali, tentando me acalmar. — Tá melhorando, mano?

Aí caraio! — Arrasca xingou e me ofereceu uma garrafa de água. Eu bebi devagar, senti rasgar minha garganta.

— O que tá acontecendo, Gabi? — Everton estava na minha frente e eu entreguei a garrafinha pra ele.

— a Bianca sofreu um acidente e... e... tá indo pra maternidade.

— Bora pra lá. Não vou te deixar dirigir assim. — Everton me segurou pelo braço e ordenou para os caras que avisassem que não iríamos participar do treino na academia e explicassem tudo lá.

Chegamos no hospital e o Everton me aconselhou que seria melhor que eu entrasse pelos fundos, já que, ali na frente já existia uma pequena aglomeração de repórteres.

— Mano, eu vou ter que voltar no CT. Eu pego tuas coisas lá e levo pra casa. Toma. — esticou o celular pra mim e eu tomei da mão dele.

— Obrigado, cara.

— Vai dar certo, Gabi. Confia em Deus. Vai dar certo!

Ele apertou a mão no meu ombro, me dando um conforto e eu assenti, mordi meu lábio pra segurar o choro que tava entalado na minha garganta.

— Se...se eu perder as duas, Miteiro. Caralho...

— Não vai acontecer isso, fica de boa! Agora vai lá. E quando dê avisa pra gente lá no grupo.

Eu assenti e agradeci a ele, entrei no hospital vestindo um casaco de treino do Flamengo que o Everton tinha me passado, a sorte daquilo ser grande e ter servido em mim.

O silêncio era torturante dentro daquela recepção reservada daquele hospital, graças a Deus quando o Theo encontrou a Bia já sendo socorrida ele conseguiu que levasse ela diretamente pra o hospital particular o qual ela já era acompanhada.

Eu queria entrar a qualquer custo, mas segundo a equipe era um parto de extrema delicadeza, afinal a Bianca tinha entrado em um quadro de eclampsia devido ao pressão ter subido por conta do acidente.

O Theo passava todas as informações pra família da Bia por telefone, a mãe dela tinha conseguido o próximo voo.

Minha mãe tinha um terço na mão, meu pai estava abraçado a Dhio, e eu andava de um lado pro outro.

— Deus, por favor, eu não sei nem como dialogar direito contigo, mas eu só te peço que salve as duas.

Eu sussurrava enquanto olhava pra cima na esperança de ser ouvido.

tô com uma dózinha dele, meu deus

Labirinto | GB10Onde histórias criam vida. Descubra agora