quadragésimo primeiro capítulo

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BIANCA

O quarto estava em completo silêncio. Ninguém falava nada e eu só conseguia escutar o peito do Gabriel acelerado, ele secou o rosto umas duas vezes e beijou o topo da minha cabeça.

— Pode dormir tranquila, eu fico de olho na Maya. — me comunicou e levantou dali, me deixando sozinha na cama. Antes de sair do quarto, olhou pra mim por deu uma suspirada longa. — Sabe que quando quiser...

— Eu te procuro. — concluí e ele assentiu, saiu do quarto e fechou a porta.

Eu deitei na cama, de barriga pra cima e fiquei encarando o teto. Meu estômago estava formigando de tanto nervoso, ansiedade e até um pouco de tristeza. Chegava a doer.

Toda essa conversa com toda certeza foi importante pra nós dois, mas eu nunca que iria esperar por um momento desses. Gabi só estava sendo ele mesmo, sem toda aquela pose de marrento, sem debochar de nada a cada cinco palavras. Mas vê ele até mesmo chorar foi onde me  surpreendeu ainda mais. Já tem cinco anos que demos fim ao casamento e eu não imaginava que ele ainda pudesse sentir tanto assim.

Não que eu esteja invalidando o sentimento dele, mas, porra... Ele me traiu. Diversas vezes. Então é muito difícil ter a confiança que eu tinha antes, acreditar nele era ir contra tudo que eu senti, que eu sofri, que senti na pele.

Não existe possibilidade alguma de retomar para onde não existe um pingo de confiança. Não vou ser hipócrita em dizer que não vi a mudança nele, porque eu vi. Mas vi de fora. Como mulher eu só tenho a versão ruim do Gabriel Barbosa, meu ex marido.

Acabei vestindo um moletom e sai do quarto, indo para o andar de baixo, afim de fazer um lanche na cozinha. Só não esperava encontrar o Tio Valdemir por ali, tomando uma xícara de café e bolo de chocolate.

— Boa noite, Bia. Veio fazer o lanchinho da madrugada?

— Oi tio. Vim. — ri sem graça e ele cortou um pedaço do bolo, colocou em um prato e me serviu também com uma xícara com café. — Você chegou agora?

— Tem uns minutos, acabei pegando um vôo muito tarde. — ele explicou e começamos a conversar.

Ele perguntou da Maya e eu contei que ela ainda estava bem ruimzinha mas logo iria melhorar com os remédios e demos graças a Deus que dessa vez, ela não precisou ser internada.

— E você e o meu filho? — perguntou e eu quase me engasguei com a golada que estava dando no meu café. — Eu comentei com a Linda que essa aproximação de vocês é muito boa para a Maya. Ela fica feliz em vê os dois tão bem.

— Eu sei tio, nós dois conversamos muito sobre isso quando ela ainda era bebê, não queríamos atrapalhar a Dengo com a nossa relação.

— Mas tem alguma coisa a mais que eu sei. — ele riu e me cutucou, estava sentado na cadeira ao lado da minha e eu apoiei os cotovelos na bancada de mármore, tampando o rosto. — Ah, para com isso! Sabe que não precisa.

— Eu não sei explicar Tio, nós só... sei lá, mas não vai dar certo. Acabamos de ter uma conversa ainda pouco e eu tô muito, muito confusa mesmo e no fundo até surpresa.

— Ele tomou coragem então... — comentou baixo e eu o olhei. — Ele conversou comigo há uns dias e eu aconselhei que se ele queria saber se algo, só iria ter a resposta se vocês dois conversassem.

— O que ele te falou? — perguntei, minha curiosidade não iria deixar isso passar.

— Ele te ama Bia. Gabriel foi inconsequente naquela época, não vou passar a mão na cabeça dele e você sabe que aqui nunca o defendeu por aquelas atitudes. Além de todas aquelas traições, tem a mentira. Eu sei que não é fácil pra você, como mulher. E nem mesmo pensando pela Maya, porque não é só sobre ela.

— Nunca foi sobre ela, tio. A Maya é um presente na nossa vida e ela chegou quando meu relacionamento com o Gabriel já tinha acabado. Foi um deslize, mas foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. — eu suspirei e bebi mais do meu café. — Gabriel como pai é perfeito, não tenho muito do que reclamar. Ele é um príncipe na vida da Maya, ela mesma fala isso pra todo mundo.

— Eu sei, eu vejo como ele amadureceu e se mantém ainda melhor todos os dias... até mesmo melhorou a imagem na mídia e a fama dele fora de campo. — Ele comentou e eu assenti. — Mas a decisão é de vocês dois, ninguém pode intervir em nada. No máximo, podemos aconselhar vocês e tentar guiar de uma forma mais tranquila, mas eu sei que hoje em dia vocês dois já não são aquelas crianças que se casaram em menos de um ano de namoro.

— A decisão é mais minha do que dele. Mas eu não tô pronta pra isso, não esperava nem mesmo ser surpreendida dessa forma.

— Eu sei filha e sei que é meio contraditório ainda continuar afirmando isso mas... O tempo sempre vai ser o melhor remédio pra vocês. Tudo se encaixa com calma, entende? Você ainda tem teu coração muito magoado e eu não te culpo por isso. Cada um tem sua forma e seu limite para se reconstruir. E eu também o avisei que não seria fácil, ele vai precisar te reconquistar e isso só vai depender dele mesmo.

Eu assenti, concordando com tudo. Era a verdade, não tinha como dizer que não.
Ele beijou o topo da minha cabeça e disse que iria dormir, eu ainda fiquei ali, comendo e tentando organizar tudo que estava se passando na minha mente.

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Tem um recado no meu mural e se puderem me ajudar, denunciem o plágio. Lá tem o arroba da autora e a história é "meu porto seguro"
Obrigada!

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