septuagésimo segundo capítulo

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GABRIEL
Vimos a porta do quarto que ela estava se abrir e a Monica sair de lá de dentro.

— Oi. — Ela falou cumprimentando a mim e a Dhio. — Queria trazer a Maya, acho que vai deixar ela feliz.

— Posso pegar mais tarde.

— Tudo bem. — Ela me respondeu.

— Eu posso ir lá dentro? — Perguntei passando o olho rápido por eles e todos confirmaram.

Dei um tossida meio que limpando a garganta e tentando eliminar aquele chorar que estava engasgado, não queria entrar chorando pra não abalar ainda mais ela.

— Quando você sair eu entro. — Minha irmã passou a mão em meu ombro como quem me oferecesse apoio.

Afirmei balançando a cabeça e entrei. Diferente do momento que eu a trouxe e foi toda aquela correria pra colocar aquele tudo e enfiarem soro nariz a dentro dela, agora ela tava quietinha, deitada de lado e toda encolhida naquela maca. Parecia ter os olhos aberto e está olhando pro nada, meu coração apertou demais. Eu queria proteger a Bianca de tudo, e em pensar que uma das responsáveis era a minha mãe, me deixava ainda mais fodido.

Aquele choro que tentei mandar embora estava presente, e como estava… não conseguir segura-lo e no meu primeiro soluço ela virou.

— Oi, Gabi. — Ela falou com a voz falhada, eu quase não ouvi.

Fui até a maca, e sem nenhuma delongas eu abaixei meu corpo, deitando e encostando a cabeça na curva do seu pescoço, pedi perdão a mim mesmo, mas eu não aguentava mais segurar esse choro.

Eu chorava sem controle, da Bianca eu só ouvia os suspiros e ela abraçada ao meu corpo.

Aquele medo estava tomando conta de mim, o medo de perder o amor da minha vida daquela forma, o que seria de mim sem ela? Sem a vontade que eu tenho cada dia de reconquista-la e a certeza que eu vou conseguir, o que seria da Maya sem a Bianca, da família dela, do Theo…

— Calma Gabi. — Ela ainda falava bem fraquinha, passa a mão na minha nuca.

Eu não queria desgrudar o meu corpo do dela.

— Eu fiquei fudido de tanto medo, Bia. Não faz mais isso comigo. Nunca mais, mano. — eu falei mais baixo e olhei pra ela, ela secou meu rosto e deu um sorrisinho ladino.

— Eu lembro de algumas coisas que você ficou falando... — ela disse no mesmo tom baixo que o meu.

— Lembra do quê? — eu me assustei, arregalei os olhos e vi que ela tava querendo rir da minha cara.

— Que eu não ia te deixar, que você iria dar um jeito de fazer tudo certo. — foi destacando e eu senti meu rosto esquentar de vergonha, sei lá. Bagulho doido.

— Ih, tá doidona? Foi só emoção do momento sabe?! Maior medo da Maya ficar órfã.

— Você é ridículo, Gabriel. — ela riu alto e eu senti meu coração esquentando com aquilo. Porra, era isso que eu queria dela. — Aí...

— Que foi? Quer que eu chame alguma enfermeira?

— Não, só doeu um pouco. Tá tudo bem...
— eu assenti e passei a mão no seu rosto, jogando alguns fios dos cabelos pra trás. — Não começa chorar, se não eu vou chorar junto.

— Não tinha nem percebido que tava já chorando de novo...

— Só eu mesmo pra conseguir fazer você perder toda tua postura. — Bianca destacou se achando e eu acabei dando risada.

— Eu te amo, Bianca. Muito. Você não tem idéia da dor que eu senti em te vê daquele jeito. Eu pensei que ia perder você de vez, amor. — minha garganta arranhou e a Bianca passou a mão no meu rosto, secando um pouco das lágrimas e eu segurei a mão dela, deixando um beijo e entrelaçando na minha.

— Eu também te amo, obrigada por ter chegado a tempo.

— Eu poderia dizer que faria tudo de novo, mas não quero ter que te salvar de uma situação dessas outras vez... Não fica segurando essas paradas dentro de você, Bia. Por favor, não faz isso. Procura alguém, conversa... Me procura, conversa comigo, surta, me xinga, me bate... sei lá. Só não, não tenta acabar com tudo desse jeito, amor. Por favor. Eu tô aqui, eu vou sempre está aqui.

— Eu preciso de ajuda, Gabi. Não tô aguento mais nada disso. — ela confessou depois de ficar alguns segundos em silêncio. — Meu sonho tá se definhando. Minha vida toda tá destruída, tá tudo acabado e não era isso que eu planejei pra mim. — ela desviou o olhar do meu quando começou a chorar e eu sequei seu rosto, beijei sua testa e fiquei assim, próximo.

— Shiiii.... fica calma. A gente vai dar um jeito em tudo. Prometo.

— Eu queria confiar nisso, mas não sei se ainda tem jeito de resolver essas coisas. Eu só.... só queria minha vida de volta, preto. Só isso.

— Você vai ter. Vai ter tudo de volta. Confia em mim. — beijei seu rosto, a testa e voltei a sentar na beirada da cama. — Sua mãe pensou em trazer a Maya, você quer, Bi? Se sente confortável pra isso?

— Eu quero. Mas quero que seja só nós três aqui dentro.

— Tudo bem, Bi. Só nós três.

meu coração tá tão quentinho 🥺
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