quarto capítulo

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GABRIEL.

— Você vai fingir que não me viu lá em baixo, tá maluca? — eu indaguei assim que entrei no quarto e encontrei ela na penteadeira tirando os brincos, ela nem mesmo moveu o olhar pra mim, deixou os brincos num compartimento de uma das gavetas e desviou a atenção para o pulso que tinha o relógio e algumas pulseiras. — Eu tô falando contigo, Bianca, cê num tá me ouvindo, mano?

— Relaxa, trem balinha. — ela comentou dando risada e eu terminei de entrar e fechei a porta. — Tá muito estressado cara, respira fundo. Tá uma segurada na emoção!

— Bianca, quanto você bebeu?

— Porra, tu é chato pra caralho, não acha não? Me deixa curtir ainda minha onda aqui, caralho.

— Lá no churrasco você meteu o pé justamente por não deixar o trabalho de lado e ficar focada nessa merda, e, quando eu chego aqui você não tá em casa porque saiu com seus amigos pra beber? — eu tinha as mãos na cintura e puxei um pouco de ar para os meus pulmões depois de falar em disparada.

— Não, eu meti o pé porque você veio encher a porra do meu saco com tuas reclamações. — ela sentou na cama pra tirar os saltos e eu continuava de pé, agora com os braços cruzados. — E sim, fui resolver as coisas do meu trabalho e depois comemorei que finalizei mais uma etapa! Não posso mais? Tu é meu pai agora? Vá se foder, Gabriel. Vai ver se eu tô na esquina rodando uma bolsinha pra ganhar alguma coisa.

— Mede tuas palavras que eu ainda não tô brigando contigo, tô te questionando. — apontei o dedo para em riste e ela me olhou respirando fundo, desdenhando de mim, deu de ombros e voltou a atenção aos seus próprios pés. — Pra ficar comigo lá, tu fez um auê até mesmo antes de ir e agora aparece assim?

— Tá de sacanagem com minha cara?
— ela levantou, chutando os saltos na direção do closet e voltou parando na minha frente. — Vai ficar nessa tecla até que horas?

— Não me provoca, Bianca!

— Você é muito perturbado! De verdade mesmo. Muita coisa. — ela negou e se desviou indo para o banheiro e eu fui atrás.

— Mano, eu sou perturbado? Tá falando sério? Sou perturbado por querer minha mulher me dando atenção?

— Não sou tua mãe pra ficar te mimando, você deveria entender que o esforço que tô fazendo agora é pelo meu sonho que já esta quase concretizado. Mas não... Se o mundo não tiver girando ao redor do seu umbiguinho quase tampado de tattuagens, aí não pode nada né?... Ah, tomar no cu, pô. Não fode.

— Bebeu whisky pra ativar a Jeniffer?

— Quase consegui, mas tive que vir embora. Meu marido não sabe se virar sozinho, tá ligado? — ela me olhou quando parou de passar um lenço na cara e puxava um limpo para terminar a limpeza do rosto. Voltou a olhar para o espelho e começou a rir baixinho. — Se deixar o viadinho nem dorme enquanto eu não pisar dentro de casa.

— Bianca...Bianca...

— Qual foi? Vai fazer o que?

— Tu não me provoca, não, mano. Na moral memo ein.

— Se tu soltar um "nossa mano, cê é louco!" eu assino o divórcio agora!

— Você que tá aí, falando mil gírias por minutos. Só faz isso bêbada, porque sóbria, você é mais careta que uma velha de noventa e tantos.

— Terminou tua ladainha ou ainda quer me ouvir falar mais gírias? Tô cansada cara, eu tive um dia puxado. Bebi pra caralho pra aliviar a tensão depois de decidir pelo menos a primeira parte do que vem por aí na minha vida! — ela gesticulava e eu a encarava sem muito mal piscar.

Labirinto | GB10Onde histórias criam vida. Descubra agora