Capítulo 49

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Nota da autora*

Esse capítulo vai sem bem longo. Mas se fez necessário que seja assim para que o desfecho da  história de Lizy e Alex fosse concluído. E como eu disse antes, para deixar em aberto a história de Alec e Alicia para um possível livro da história deles.

Sim, pode haver uma história entre o antagonista perfeito que é Alec e Alicia. Assim como vocês, eu também amei escrever sobre Alec, e uma história de um personagem masculino maravilhoso e cadelinha da sua mulher me veio a mente, junto com uma mulher cheia de traumas e superações, que sofreu bullying por ser gorda na adolescência, e que saiu de um relacionamento tóxico de cinco anos, esse que era um relacionamento arranjado por seus pais tradicionais, e que teve que correr atrás dos próprios sonhos porque a convivência com os pais se tornou insuportável depois do término.

Dito isso eu deixo aqui o último capítulo da história de Lizy e Alec.

~MR

Alec

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Alec.

Tudo está certo para a viagem do meu pai, o avião já está esperando para decolar, e já tenho tudo em mente para cumprir suas ordens nesses dois dias.
Ser responsável por o comando dessa base será um ótimo motivo para manter meus sentimentos e pensamentos a margem. Não está sendo fácil o pós termino com Lizy, hoje mais cedo ela estava triste, calada, assim como passou a madrugada em claro depois que fizemos amor pela última vez. Temo que ela esteja fingindo uma calma que não está sentindo, mas até agora ela parece normal,pelo menos a medida do possível para a nossa situação.

Caminho saindo da minha sala direto para a pista de pouso, me juntando ao meu pai, Lizy, Andrea, Vinie, meu tio e Carlos. Já na frente da porta do avião meu velho me abraça como despedida.

– Você vai cuidar muito bem disso aqui na minha ausência. – Ele diz quando se separa de mim. – Eu confio em você, e sei que é capaz.

– Obrigado general. Darei o meu melhor. – repondo fazendo uma continência. Toda via estamos fardados, e devemos respeitar os protocolos. – Se cuida.

– Boa viagem general, e tome cuidado. – Lizy fala e meu pai que abre um sorriso a ela.

Nós ainda não contamos a ninguém sobre nosso término, ela quis assim, e também eu acho que é melhor dessa forma. Será mais fácil passar pela fase dolorosa  sem que ninguém esteja tentando consolar o inconsolável.

– Obrigado minha querida. Fique bem, e tenha cuidado também. – Ele responde e a abraça também.

Depois das despedidas o general e o coronel embarcam, logo levatam vôo, e eu fico olhado o avisado se perder no ar. Lizy desaparece do meu lado com o mesmo silêncio em que chegou, e Andrea olha para nós dois com uma ruga entre as sobrancelhas. Observadora como é já deve ter sacado o que está rolando entre a gente, mas ela não diz nada e volta a trabalhar.

São pouco mais que quatro da tarde, provavelmente meu pai e meu tio irão chegar 11 da noite na base militar da Califórnia.

<< Tenho a sensação de que não é uma boa ideia essa viagem.>>

Eu balaço a cabeça para dispersar o pensamento negativo e volto a sala do meu pai. Logo acompanho o treinamento dos novos soldados e por fim assino os últimos papeis para encerrar o horário laboral.

Depois de tomar banho e jantar eu volto para minha habitação. O clima estava meio estranho enquanto comíamos, Lizy tentou conversar normalmente comigo, mas todos ao redor notaram o clima pesado entre a gente. Carlos perguntou apenas com gesto o que estava acontecendo, e para não responder eu fugi de lá assim que terminei. Por sorte ele não veio atrás de mim, se bem que não é sorte, está mais para uma loira grunhona chamada Victoria. Eles estão juntos, assumidos agora.

Ver todo mundo com seus casais, foi um dos motivos pelo quando eu voltei ao meu quarto. Mais cedo eu comentei com meu pai sobre está pensando na possibilidade de subir de patente até o final do ano, ou o começo do outro, e ele me mandou vários arquivos de documentos que eu vou precisar estudar para as provas. Ser coronel é mais administração que treinamento, bem diferente de ser capitão que é o oposto disso.

Sem muita enrolação eu me desfaço do uniforme e coloco a calça do pijama. No instante seguinte sirvo uma xícara de café da cafeteira que Lizy me obrigou a ter no meu quarto, e sento no escritório, abrigando documentos em emu computador pessoal e começando a estudar.

<< Qualquer coisa serve para manter minha mente longe de Lizy, mesmo que tudo nesse quarto tenha o cheiro dela. >>

Passo horas lendo arquivos, anotando tópicos nos papéis, pesquisando no site do CSMF sobre algumas situações citadas neles. Mas três ou quatro xícaras de café me acompanham até que meu celular toca tirando a minha concentração da tela do computador. É Lúcia, melhor amiga de Lizy.

<< Porque ela está me ligando as duas da manhã?>>

– Alô. – Atendo.

– Alec, desculpa está ligando essa hora. – Ela responde.

– Aconteceu alguma coisa? – pergunto estranhando a situação.

– Me diz você, aconteceu algo entre você e Lizy? – Ela está tentando falar com calma, mas noto a aflição em sua voz.
Lizy deve ter dito algo a ela, mas sendo fechada como sei que ela é para compartilhar os sentimentos, duvido que tenha dito tudo.

– É... Então, nós terminamos ontem, ela está um pouco triste...

– Ela não está um pouco triste – Lúcia me interrompe com certa irritação na voz. – Está desolada. Me ligou faz uns cinco minutos chorando desesperadamente.

– O que? Mas ela disse que... Nós ficamos bem, a gente não brigou, terminamos em paz. – Me apresso em dizer.

– Eu não sei o que está acontecendo, mas você tem que achar ela. Tenho certeza que está sozinha em um lugar escuro. Encontra ela Alec por favor.

– Eu vou fazer isso pode deixar. – Afirmo.

Logo que desligo a chamada eu pego a primeira camisa que veja e saio às pressas da ala masculina dos dormitórios, desço ao segundo andar e vou direto ao quarto dela. Bato na porta duas vezes antes que alguém abra. É Emma quem aparece na porta muito sonolenta e com os cabelos bagunçados.

– Capitão? – Ela fala coçando o olho.

– Lizy está ai? – pergunto passado o peso de uma perna para a outra, buscando ser o menos alarmista possível.

– Ela está... – Olha sobre os ombros para o lado da cama de Lizy. – Ela estava aqui quando chegamos, mas não vi quando ela saiu, nem para onde foi.

Emma volta a olha para trás com a expressão confusa. Não faz ideia do que está acontecendo e eu não vou ficar aqui para explicar.

– Ok. Obrigada. – repondo.

Antes que ela pergunte algo eu saio na direção por onde vim. Desço até o primeiro andar indo ao encontro dos sentinelas na entrada do edifício. Se Lizy saiu do daqui eles devem ter visto em que direção ela foi. Torço para que seja assim, pois esse lugar é muito grande para procurar, e se Lizy está na situação que Lúcia falou então eu preciso acha-la rápido.

As portas do elevador se abrem e eu vou ao encontro do primeiro sentinela que vejo.

– Ei soldado. – Chamo e o oficial olha na minha direção atrás dele.

– Senhor capitão. – Ele faz um saldo militar parando firme em posição de respeito.

– Você viu se a sargento Miller saio daqui essa noite? – pergunto. O soldado enruga a frente procurando na mente quem é a sargento Miller.

– Uma loira dos cabelos longos, de olhos verdes e gostosa pra caralho. – Ele sorri ao se lembrar de quem eu estou falando.

Quem não se lembraria da perfeição de mulher que chegou aqui meses atrás explodindo as testosteronas de tudo quanto é soldado dessa base?

– Não senhor. Ela não saiu daqui essa noite.

– Obrigado soldado.

Volto para dentro do edifício e busco Lizy pela área de lazer dos dormitórios, não a encontro e subo andar por andar pelas escadas, na tentativa de encontrar-la em alguma delas. Começo a me desesperar quando não há encontro em nenhum lugar, e como última esperança eu subo até o terraço, torcendo para que ela não tenha usado as táticas de fuga silenciosas que apreendeu nós últimos meses. Se ela quiser pode desaparecer sem que ninguém a veja sair, seus seguranças a treinaram muito bem na arte da fuga.

Abro a porta pequena do telhado e dou alguns passos dentro do espaço. Tudo está escuro e silencioso, com a exceção de um choro sufocado que só posso escutar os pequenos soluços.
Passeio os olhos por todo o lugar e encontro Lizy na lateral esquerda encostada na parede. Parece um pequeno borrão na escuridão, encolhida em posição fetal com as pernas entre os braços e a cabeça escondida entre elas. Não a encontraria se não fosse suas mãos fora do abrigo preto e o anel que eu dei para ela brilhando com a luz da lua.

Corro ao encontro dela logo que a encontro, sentando no chão ao lado dela e trazendo ela para os braços. O choro dela aumenta de proporção e ela se abraça a mim com uma criança indefesa com medo de algo.

– Lizy! O que eu fiz com você? – Abraço ela com força sentindo-me culpado por encontrá-la tão fragilizada e indefesa. Sei o quando ela odeia se sentir assim, luta tanto para ser forte a cada dia, para não se deixar vencer pelos infortúnios que a persegue.

– Xi... – Sussurro a ela que chora mais e mais se encolhendo no meu colo. Nino ela devagar acariciado seus cabelos e o seu braço, consolando-a. – Eu estou aqui, você vai ficar bem.

– Eu vou ficar bem, só precisava sentir... – ela responde um tempo depois, bem sonolenta agora. O choro cessou. – É melhor do que o vazio que estava me consumindo depois do nosso término.

– Eu sinto muito... Não queria machucar você. – Sussurro.

– Você não me machucou Alec, só me mostrou a verdade que eu não queria ver. – Faço silêncio sem ter o que responder, e mais um instante de silêncio se faz presente. – Tinha razão quando disse que eu não o tinha superado.

Essa é a razão da sua dor, finalmente aceitou que seu amor por Owen não morreu, pelo contrário está mais vivo que nunca. Um amor verdadeiro não morre, se ele for sentindo pelas duas partes. E com certeza Owen também a ama, ela só não sabe disso.

Outro silêncio se faz entre nós, mas demorado essa vez, e então o corpo de Lizy relaxa em meu braços. A frase “Ele também te ama” está na ponta da minha língua, mas antes de que eu a diga ela fala algo baixinho, quase imperceptível, mas que eu consigo entender.

– Eu quero voltar para casa, voltar para ele...

Busco o olhar dela levantando seu rosto com uma das mãos, percebo com a facilidade que o levanto que ela não disse isso, pensou em voz alta, em seu estado de consciência e inconsciência. Seu corpo adormeceu, mas seus pensamentos ainda permaneceram ativos um instante mais para revelar isso.

<<Ela vai voltar para ele, pode ser cedo ou tarde, mas vai acontecer.>>

Eu só espero que ele a valorize essa vez, que saiba dar a paz que ela tanto precisa, e que a proteja de tudo que se avezinha. Infelizmente eu tenho a sensação de que a máfia dará os seus melhores golpes, e Lizy com certeza é um deles.

Com muito esforço eu levanto do chão com Lizy dormida em meus braços, entro no elevador, e quando vou apertar o botão do segundo andar repenso a situação. Seria muito estranho que eu procurasse por ela e logo voltasse ao seu quarto com ela dormindo, isso daria lugar para muitas interrogações que ela não iria gostar de responder. Assim, eu aperto o botão do meu andar e a levo para o meu quarto. Devagar a coloco sobre a cama e tiro o seu abrigo, deixando-a em seu pijama de dormir. Fecho o meu computador e guardo as anotações na gaveta antes de deitar do outro lado da cama, deixando um espaço respeitoso entre nós.

Durmo o que resta da noite, que é pouco mais que três horas, e levanto logo que a sirene toca. Me visto rápido e em silêncio deixando o horário de treino passar por hoje para Lizy, ela precisa se recompor.
Faço o meu treino na academia, depois inspeciono o treinamento de todas as tropas como meu pai faz todos os dias. Finalizo o primeiro momento da manhã ordenado que os soldados façam a limpeza dos armamentos e dos veículos da base.

Retorno ao quarto logo depois de tomar café da manhã e encontro Lizy recém acordada sentada com as pernas cruzadas ainda na cama. Ela me olha logo que passo pela porta e um leve rubor aparece nas suas bochechas. Não povo evitar um sorriso com essa cena, Lizy envergonhada e algo muito raro de se ver.

– Lamento por ontem a noite. – Ela fala timidamente.

– Não tem problema, eu estou aqui para o que precisar, prometi isso a você. – me sento frente a ela na cama. – Mas da próxima vez que precisar desabafar, vem até a mim, vai evitar que eu corra esse lugar todo te procurando.

– Meu Deus Alec, – Esconde o rosto entre as mãos. – Eu sinto tanto por isso, Lúcia não devia ter te ligado.

– Claro que devia, ela estava preocupada com você e eu também. Você precisa deixar de sofrer sozinha Lizy, amigos são para nos ajudar a carregar os fardos pesados vida.

– É que esse fardo é meio estrando de dividir contigo, me parece absurdo chorar por um depois de ter terminando com outro.

Sorrio para ela negando com a cabeça, Lizy não se lembra da confissão que fez antes de dormir completamente.

– Não há problemas, não comigo.

– Obrigada, de verdade, por tudo.

Mostro a ela meu sorriso mais verdadeiro e vou tomar banho, quanto termino de tirar a roupa escuto a pronta do quarto se fechar sinalizando que ela já foi.

Desejo que ela encontre a felicidade tanto quando eu desejo a minha, Lizy é muito especial.

Logo após o banho eu retorno ao trabalho do meu pai. Analiso e assino todos os documentos, os relatórios das missões, os registros das novas armas, tudo nos mínimos detalhes.

Faço uma pausa pouco mais das dez da manhã e levanto um pouco tomando o café que a secretária me trouxe. Caminho até a janela e vejo os soldados fazendo seus trabalhos, outros treinado, e no meio deles vejo Lizy pulando corda. Muitos soldados estão olhando para ela, mas não sei se percebe a atenção que recebe só com pular corda, a vejo tão distante, como se só seu corpo estivesse presente, mas os seus pensamentos não.

Me vem a mente o que me disse de madrugada:

Eu quero voltar para a casa, voltar para ele...

Volto a repetir para mim mesmo que ela vai voltar para ele logo, pelo menos para a Califórnia, tenho certeza.
Movido por isso eu volto a me sentar e procuro na agenda do meu pai o contato da base de Los Angeles. Logo que encontro eu digito o número e ligo para a oficina do general.

– Comando de Los Angeles, bom dia! Com quem falo e em que posso ajudar? – Atende uma voz quase automática, a secretária dele.

– Eu sou o capitão Rivera, regente do general de Veneza. Gostaria de falar com o general Morgan ou com o seu regente o Capitão Morgan. – Falar nele já não é tão amargo quanto antes.

<< Porque encontrei meu lugar nessa situação.>>

Quase sorrio de mim mesmo. Minha raiva por ele foi por beijar a mulher que achava que fosse minha, quando na verdade era eu que tinha o que é dele. Irônico, porém real.

<< Lizy surtaria se me ouvisse dizer isso. >>

Provavelmente me falaria que ela não é de ninguém, que pertence a si mesma. Até concordo que as pessoas pertencem a si mesmas. Seu corpo e pensamentos pertencem a ela, mas o coração é de Owen faz tempo, ela aceitando isso ou não.

– O senhor general está em Washington nesse momento, e seu regente o capitão Morgan está em missão com a tropa alfa. Há algum recado que gostaria de deixar? Se for muito urgente eu posso pedir que o capitão Ross lhe atenda. – A doce mulher reponde.

– Eu gostaria de solicitar a transferência da sargento Miller de volta para a Califórnia, ela gostaria de voltar. Você pode comunicar ao regente quando voltar ou passar ao Capitão Ross, os dois podem resolver.

– Tudo bem, logo que estiver pronto nós encaminharemos os documentos a você.

– Certo. Obrigada.

Depois de encerrar a ligação eu ligo para o meu pai, informo a ele sobre nosso término e a transferência de Lizy. Ele concorda comigo, e me revela que já sabia que ela tinha sentimentos pelo menor dos Morgans. Também diz que está tudo bem, e que a reunião principal será as 18:00 de amanhã, sábado. Mas uma vez peço que se cuide e desligo a chamada.

(...)

Repito a última rotina de treino da manhã, e logo vou a sala do meu pai. São pouco mais que as sete e meia da manhã, e a notícia do meu término com Lizy já se espalhou pela base. Tem muitos soldados animadinhos com isso, o sargento Leonardo é um deles, mal sabem que ela está a um passo de pedir para ir embora.

O Que Nunca Vivemos #2 Trilogia EquivocadosOnde histórias criam vida. Descubra agora