Capítulo 46

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Lizy

Após ter sido agredida com o cabo de uma arma, eu acordei com uma tremenda dor de cabeça em um lugar desconhecido e silencioso, especificamente em um quatro de madeira e um cheiro de morfo insuportável.

Eu passei os quase três dias deitada em um colchão velho, as mãos estavam acorrentadas como se eu fosse um cachorro raivoso, e o cumprimento da corrente só me permitia ficar de pé, não mais que isso.

Os desgraçados me alimentavam apenas duas vezes por dia, nem se quer me permitiram tomar banho, e as minhas necessidades eu fazia em um banheiro antigo com eles me apontando uma arma o tempo todo.

<<Isso foi constrangedor, ter que fazer xixi sabendo que alguém me olhava com olhos famintos de animal predador.>>

Na segunda noite eu chorei de desespero, achei que aquele seria o meu fim, mas quando escutei na madrugada eles discutindo sobre a cidade está cercada, e a única forma de me tirar daqui era voando, uma esperança minúscula surgiu em mim.

Foi por isso que eu passei a madrugada inteira tentando montar um plano, logo que o dia amanheceu eu já sabia o que precisava fazer. E quando eles entraram no quarto com a primeira refeição do dia, provavelmente depois do meio dia, eu comi tudo o mais rápido que pude. Na primeira oportunidade que tive eu coloquei o dedo na garganta e vomitei a comida em cima de mim, e então coloquei meu plano em prática. Pedi para tomar banho, e eles tiveram que arrumar água para que eu pudesse tirar o cheio de vômito.

E assim eles fizeram, trouxeram água para mim, e eu tomei banho. Graça os céus eles não ficaram dentro do banheiro comigo, e como parte do plano eu saí completamente nua de dentro do banheiro me recusando a vestir o vestido vomitado. Eles sabiam que eu não podia ficar daquela forma e então alguns deles saíram para buscar roupa para mim.

Foi aí que eu agi, apenas um deles ficou do lado de fora do quarto, o mesmo que ficava me olhando desejoso o tempo todo. Eu comecei me tocar gemendo alto, e como eu esperava o infeliz entrou no quarto, ficou olhando eu me dar prazer, até que eu o convidei para o jogo. .

Ele caiu como um peixe na minha armadilha, eu consegui imobiliza-lo e desarmar-lo, atirando nele um instante depois com a própria arma. Eu consegui pegar meu abrigo e fugir da cabana matando mais dois que estava de guarda. Corri sem rumo pela floresta sem fazer ideia para onde eu ia, mas não estava muito longe quando outros me encontraram.

Trocamos tiros, eu consegui derrubar dois deles antes que me encurralassem, e de novo achei que estava tudo perdido. Mas então ele apareceu para me salvar, não Alec como eu implorei que viesse, ele, Owen.

Quando eu vir Alec sair de detrás de uma árvore eu só podia sentir gratidão, mas quando soube que o meu salvador era Owen o meu coração quase saiu pela boca, não imaginava que o encontraria de novo, e muito menos que viria por mim depois... Bem, depois de ter escolhido outro e não ele.

Nossos olhares se encontraram e eu só podia pensar no quanto eu seguia amando ele, mesmo depois de tanto tempo, mesmo depois da decisão que tomei. Porém quando ele virou as costas para mim cortando a nossa conexão eu vi que algo nele havia mudado, e depois que retornamos para base ele não olhou mais nos olhos, mesmo enquanto perguntava se eu estava bem e me fez escolher ir com ele ou ficar, ele olhava para qualquer parte do meu rosto, menos nos meus olhos. E assim ele foi embora, sem demonstrar nada, a não ser que aceitou as minhas decisões, a que fiz em Los Angeles, e a que voltei a fazer aqui.

Agora eu estou voltando para casa, ou melhor, indo para a casa dos pais de Alec, após ter sido revisada pelos médicos, constatado que não sofri nenhum abuso sexual, e de ter dado minha versão dos fatos.

Alec está dirigindo em silêncio, ele está bem estranho desde que chegamos na base, eu também não estou afim de falar por isso nem tento começar um assunto. Sei que precisamos conversar, mas agora eu só quero dormir um pouco, e calar os pensamentos que gritam na minha mente, sobre a atitude estranha de Owen, como se estivesse fugindo de mim, do meu olhar, até do meu toque, pois ele pegou na mão de todos quando se despediu, menos a minha e do meu namorado.

– Nós estamos perto de casa, você precisa de algo, algum remédio para dor, ou um calmante para dormi? – Alec pergunta me tirando dos meus pensamentos.

– Se tiver alguma farmácia perto eu quero sim. – busco seus olhos mais ele segue olhando fixamente para a estrada.

Alec pede para algum dos meus seguranças comprarem o que eu pedi, e alguns minutos depois chegamos a mansão dos Rivera.

O Que Nunca Vivemos #2 Trilogia EquivocadosOnde histórias criam vida. Descubra agora