Parei no topo da escada me direcionando à ele com as mãos na cintura, minha paciência estava no fim. Ele do mesmo modo parou, porém alguns degraus abaixo.
— E deixei claro que se não tenho afeição por ela, a culpa é toda dela, por sempre forçar simpatia, não gosto que finjam gostar de mim!
— É o jeito dela!
— Saiba que se parece com o seu então.
Meu olhar disparava faíscas invisíveis em direção a ele, o silêncio e a tensão fazia-nos parecer dois inimigos nos últimos minutos de um filme.
Me encolhi por dentro quando ele se aproximou, mas não abaixei a cabeça, imediatamente senti sua mão direta pousar na lateral do meu rosto e seus lábios nos meus rapidamente.
— Você está me enlouquecendo. — Disse tencionando a mandíbula.
É a única coisa que diz olhando no fundo dos meus olhos antes de continuar sua rota até o quarto. Eu não sei o que ele quis transmitir com aquela frase, mas sei que não se tratava de estar enlouquecendo de amor.
Seu olhar foi indecifrável, e o seu toque, mesmo leve, parecia que ele gostaria de apertar cada vez mais, e quem sabe afastar a mão e aproximar novamente do meu rosto com toda a fúria do seu corpo.
Uma lágrima minha caiu com esse pensamento, mas me recompus e fui me deitar no quarto de hóspedes nessa noite.
É absurdo pensar a que ponto chegamos, a que ponto sua indiferença me fez imaginar coisas temerosas, imaginar ele tocando em mim de forma agressiva? Esse pesadelo definitivamente eu nunca imaginei viver.
Quando o sono já estava quase me levando, ouço meu nome saindo como um sussurro, vinha do corredor. Fiquei sentada na cama tentando entender se era apenas algum devaneio.
— Está se escondendo ou o quê? — A mesma voz.
Era ele, levantei e abri a porta, o encontrei de frente para uma das portas, ele iria abrir, mas parou assim que falei:
— Estou aqui.
— O nosso quarto é aquele. — Diz apontando para a porta, sinto a ironia.
— Não quero deixá-lo desconfortável comigo ao lado, durma lá, dormirei aqui. — Retornei ao quarto, mas o homem impediu que a porta fosse fechada.
Confesso que senti um arrepio na nuca, eu estava com medo, além do cansaço físico e mental que já me deixava vulnerável, vulnerabilidade que me irritava, com tudo isso junto, não via como poderia ficar pior.
— É uma piada mesmo. — Solta um riso frouxo, cheio de escárnio. — Acho bom você parar com seu teatro e conversar comigo como uma mulher madura.
Me calei, o modo imperativo de sua fala, me fez congelar o rosto e os movimentos.
— Vamos!
Ele abriu mais a porta com certa força, me incentivando a passar, resisti, tentei me convencer de que nada aconteceria e que eu poderia sim me opor.
— Não quero, dormirei aqui.
Apesar de ir contra sua vontade, tentei falar de modo suave para que não houvesse tanta alteração por parte de ambos. Ele estava irreconhecível, mas por sorte não fez nada, apenas se virou e caminhou em direção ao nosso quarto.
— Espero que tenha entendido o que falei.
Caminhei em sua direção, ele ainda estava de costas. O corredor vazio e frio me fazia suar pela tensão. Qualquer coisa poderia acontecer agora.
— Quero motivos. Qual a razão para exigir e escolher onde eu devo dormir ou não? — Ele se virou ao ouvir. — Quero o motivo para me chamar assim!
Ele começa a caminhada de volta, pensei em recuar, mas não iria, definitivamente não iria. Ele passou a mão no cabelo levemente, pôs a mão na cintura e me chamou com os dedos, desafiei e não fui, ele sorriu e se aproximou de vez quebrando todos os espaços.
Segurou firme minha cintura e passou a mão pelo meu rosto. Não queria as borboletas, nem os arrepios, lutei contra as reações automáticas. Quis me afastar, mas estava com medo e congelada pela surpresa que tive com sua atitude.
— Faça aquilo.
O olhei com dúvida, ele continuava a me pressionar contra seu corpo, seus olhos tentavam prender os meus, tudo me lembrava daquela tentativa que todos já conhecem, a de acender aquela faísca que ameaça apagar de vez.
— Aquilo?
— Fala como se eu fosse o distante da relação, mas se lembra qual foi a última vez que se aproximou e me surpreendeu com um beijo?
O olhei tão estranho sem entender e já sentido a raiva me possuir, ele mordeu os lábios olhando para baixo, resgatou meu olhar de novo, eu apenas acompanhei os gestos.
— Tudo bem, um hora alguém tem que ceder. Posso fazer isso.
Seus lábios foram se suavizando e ficando mais próximos dos meus, senti seus toques não só na cintura, agora na nuca também, onde boa quantidade de cabelo foi agarrada.
Tomou minha boca lentamente, muito lentamente.Levou consigo meu lábio, meu sabor, pegava e largava, devorava aos poucos, de um lado e do outro. Meus olhos lutavam para não fechar e minha boca para não corresponder.
— Ainda tenho vontade, de você.
Seu sussurro meu arrepiou, nossos corpos ainda se encontravam unidos, nossas bocas sedentas se olhavam. Segurei um de seus ombros e o trouxe lentamente para mim, iria tentar fazer o mês também, e levei minha boca para onde ela queria ir.
Sacrifiquei meu ego e me derreti, nos segurávamos como se a qualquer momento algo pudesse nos puxar para trás, nos afastando um do outro, mas esse contato tão estranho dizia que não faria diferença para nós caso algo nos puxasse, e nos afastasse.
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MAGNETISM. jjk
FanficCorrentes elétricas em nosso sangue, física em cada parte de nós, magnetismo nos seus toques e no meu arreceio de amá-lo. Uniões decadentes faz com que vidas opostas sejam traçadas, batalhas entre amor, traição e miséria sejam travadas, findam coisa...