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Fiquei parada me apoiando nos armários para não cair, meu corpo estava sem qualquer tipo de força, engolia lágrimas como veneno. Rapidamente corri e peguei qualquer vestido, ainda soluçando absurdamente, me olhando no espelho fiz um coque no cabelo, tentei o elegante, o de sempre, estava meio difícil, mas me esforcei mesmo tremendo tanto.

Eu tentava controlar as lágrimas para passar um pouco de maquiagem, desisti, então peguei um brilho simples e coloquei na bolsa que escolhi, escolhi também uma sandália baixa, um salto não suportaria a tensão do meu corpo.

Descia as escadas lentamente, cada degrau que passava parecia que um pouco da minha vida também ia se esvaindo. Eu talvez consiga disfarçar, ainda tinha sobrado um pouco da postura que gosto de carregar. Meu peito subia e descia estranhamente, senti que morreria, mas suportaria firme essa noite, lutaria contra todos os meus sentimentos, o medo me obrigaria.

A trilha sonora do nosso trajeto eram as nossas respirações, recebemos o endereço do restaurante por e-mail, e era bastante afastado de onde morávamos, amaldiçoei cada centímetro desse percurso. Ele dirigia serenamente, me fazendo questionar como conseguia ser tão duro.

— Kim's! — Ouvimos assim que paramos em frente ao restaurante.

Me posicionei com a coluna reta quando vi a mulher caminhando em nossa direção acompanhada por um homem um pouco mais velho que nós três.

— Que bom que vieram.

Ali, trocando toques com eles, eu pedi fortemente aos céus que fizesse esse jantar passar voando, fomos apresentados ao homem, Kim simplesmente estendeu a mão, um homem de poucas palavras nessas horas. Entramos e sentamos.

Não mencionei nenhuma letra durante a noite, entretanto a outra mulher presente fazia questão de não se calar um segundo sequer, era tediosa sua empolgação conversando sobre si mesma, os homens correspondiam, e pude perceber até toques que ela insistia em depositar na mão do homem comprometido. Era um abuso de sua parte, parecia que o foco era realmente me provocar.

Mas no final de tudo eu não me importava mais com nada, permaneci com a cabeça baixa, o olho fixo em um ponto qualquer, as mãos ao redor do corpo como se pudesse proteger a mim mesma...
Estava tão sensível quanto uma folha de papel molhada.

Em silêncio, me retirei da mesa e fui ao banheiro, não sei até agora se meu rosto já suavizou desde que as lágrimas fizeram um estrago nele. Conclui que melhorou um pouco, apoie as duas mãos na pia e suspirei com a cabeça baixa, a qualquer momento posso desmaiar, eu sinto.

— Não é comum noites agradáveis como essas deixarem as pessoas tão abatidas.

O susto me fez automaticamente colocar a mão no peito, olhei para o homem completamente assustada, o que ele fazia ali? Espero que esteja apenas inconsciente pela quantidade de vinho que tomou.

— Este é o banheiro feminino.

— Por uma mulher como você entraria até num campo de batalha, por que não num banheiro feminino?

Só poderia ser algum tipo de palhaçada mesmo, eu não conseguia um descanso, um segundo de paz, quanto mais estou farta mais sou obrigada a me deparar com péssimas situações. Ajeitei um pouco mais minha aparência rapidamente e caminhei para fora.

Antes de alcançar a porta, o mais velho gruda no meu braço e me coloca diante dele, recuei, mas minha cintura foi alvo de sua mão forte, tão rápido quanto a luz seu rosto encostou no meu, virei com toda fúria, empurrava seu peito, porém as tentativas foram em vão, pela segunda vez nessa noite.

— Não resista, posso mudar seu humor como ninguém.

— Tire suas mãos de mim. Tenho nojo de você.

— Uma pena, porque pretendia beijar essa sua boquinha, e...

Chutei suas partes ouvindo seu suspiro e gemido, espero que tenha doído mesmo, corri para fora, parecia uma maluca fugitiva, mas para não chamar atenção, mudei minhas feições e postura, caminhei até a mesa, mas os olhos estavam tão arregalados que não consegui desfazer.

Sentei com pressa, pensei tanto que agarrei a mão do meu marido com força, o olhei desesperada, ele sem entender ficou me encarando, eu não queria ter feito, mas estava tão assustada que pensei na única pessoa que estava ali presente que possui algum vínculo comigo que pudesse me ajudar. Não sei se ele se importaria ou não, mas eu só queria um apoio de certa forma.

— Quer ir embora? — Sussurrou no meu ouvido ao perceber que após minutos ainda não larguei sua mão.

Olhei para o Kim confirmando com a cabeça, sacudi em desespero, meus olhos brilhavam tanto que ele saberia que o choro estava preso na garganta. Quando o homem mais velho voltou para a mesa, enquanto ele conversava com o Kim e a Davis, eu só conseguia pensar no que ocorreu em casa antes de vir para cá, já que seus toques que eu ainda podia sentir por ter sido agora a pouco foram parecidos com os do outro. Isso fez com que as lágrimas alojasse nos meus olhos, perdi de estar com meus pais para vivenciar isso?

Caminhei tonta até a saída, entrei no carro sem me despedir dos demais, apoiei minha cabeça no banco e deixei a emoção vibrar pelo meu corpo, chorei como criança, agarrei fortemente o acento. Quando o homem entrou no veículo, se assustou parando um pouco seu olhar sobre mim, mas não disse nada e começou a dirigir até em casa.

MAGNETISM. jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora