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Não sei se esse era o momento adequado, mas quando uma súbita coragem de contar tudo para minha mãe apossou de mim, não me contive. Falei sobre tudo o que aconteceu entre mim e o Jungkook, desde o começo de tudo. E o retorno que tive dela me surpreendeu.

Foi compreensiva, ficou do meu lado, e disse que sabia que eu não fui a errada da história, e pela primeira vez consegui sentir alívio completo, porque até então eu sentia que havia uma parcela de culpa da minha parte. Até mesmo quando eu estava bem, nos braços de Jeon, pensamentos intrusos me denunciavam, como se fosse eu quem estivesse traindo.

— As vezes eu fico me perguntando o que seria da gente, se eu o conhecesse antes de me casar, se nós desejaríamos um ao outro como é. — Seco as últimas lágrimas, erguendo a cabeça que estava abaixada por um longo tempo.

— Acho que não tem que questionar isso, filha. Não existe o antes ou o depois, se te conhecesse antes, se te conhecesse depois... As coisas acontecem num tempo, e é nele que tem que ficar. — Meu cabelo recebe uma carícia. — Na vida, uma história é escrita somente uma vez, e essa é a única versão, é para ser como é.

Sorri ao ouvir isso, penso no quanto o destino, deuses, ou seja lá quem escreveu essa parte da minha, a parte em que Jungkook entrou nela, foi generoso comigo. E a minha mãe está certa, talvez seja melhor nem pensar no antes e no depois, somente no agora, e aproveitar o que estamos construindo nesse momento. Só eu e ele.

Jungkook não estava mais me esperando no estacionamento do hospital, eu sabia que ele tinha trabalho, e avisei que ficaria muito tempo com a minha mãe aqui, até a chegada dos familiares do Kim. Expliquei o quadro do homem e Jeon ficou surpreso como eu, mas pediu para que eu ficasse o tempo que achasse necessário, e que quando eu quisesse poderia chamar que viria me pegar.

— Ele é como um sonho, mãe. — Encerrando minha ligação com Jungkook, me aproximo da mulher de novo.

— Eu estou vendo a sua carinha...

Ficamos conversando, e mais tarde fomos liberadas para visitar o quarto do Kim, ele estava dormindo ainda, e acho que em partes isso foi bom, não queria conversar com ele, só observar sua situação. Situação essa que me deixa bem triste, é doloroso olhar para seu rosto e lembrar de tudo que vivemos juntos, parece que tudo não passou de uma farsa.

Minha progenitora percebe o quanto estou abalada, tremendo ao lado da maca em que se encontra o homem, logo ela envolve seus braços em minha cintura enquanto o único som que escutamos é do monitor cardíaco.

— Obrigada por tudo. Eu te amo. — Sussurro para ela.

Seu toque me alivia, e olhando para toda essa situação vejo que posso enfrentar qualquer coisa. Eu me sinto forte, e ter as pessoas que tenho comigo, é algo que me fortalece ainda mais, são poucas, mas me fazem sentir especial, e de uma forma que nem mesmo um batalhão seria capaz.

— Ele vai se recuperar bem. — Diz ela. — Depois voltamos aqui, precisa se alimentar, pelo que parece nem café você tomou.

— É...

O Jeon tinha preparado um café da manhã perfeito. Até mesmo lembrar dele acolhe meus sentimentos, é como se estivesse comigo o tempo todo, e bastasse um pensamento sobre ele ou simplesmente falar seu nome, para que dentro de mim as coisas se agitassem, um completo equilíbrio entre a tempestade e calmaria.

— Tenho medo do que vai acontecer quando o Kim se recuperar, eu quero muito o divórcio, mas não sei se ele vai aceitar. — Explico enquanto adamos em direção a praça de alimentação.

— Filha, se você não quer mais, ele não pode fazer muita coisa, mesmo que não assine um papel, ele não vai mais te ter, e se por acaso o buraco for mais em baixo, e ele pensar em coisas perturbadoras, levaremos à justiça.

— Esse é meu medo, eu só queria acabar com isso de forma tranquila, sem confusão maior. Mas já vi que será uma tarefa difícil, após uma discussão o Kim se drogou até esse ponto, mãe. Não sei mais do que ele é capaz, desconheço totalmente o homem com quem me casei. Pior ainda é colocar o Jungkook no meio disso tudo.

— Entendo. Mas pelo que me disse o Jungkook escolheu está do seu lado. — Concordo balançado a cabeça, ainda insegura.

Já me peguei pensando se é egoísmo da minha parte, em deixá-lo entrar nesse fogo cruzado que é a minha vida só porque quero ter ele comigo. Porque sinto coisas inexplicáveis que me fazem bem. Já tentei evitar, mas Jeon também escolheu isso, escolheu a gente, então não vou lutar contra uma coisa que é quase impossível de ser evitada.

MAGNETISM. jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora