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Girava de um lado para o outro na cadeira do balcão, a essa altura havia trocado uma boa quantidade de palavras com o barman, o piloto misterioso continuava em seu lugar, apenas me olhando vez ou outra, e eu agia da mesma forma, mas tentava ser mais discreta do que ele.

A bebida já tinha me deixado um pouco alterada, mas não ia permitir que fosse ao ponto de me fazer ir até o homem, mesmo que essa fosse minha maior vontade. Ele causava em mim uma curiosidade que até me envergonha.

Planejo fugir da presença dela e a primeira coisa que surgiu em minha mente foi ir até a pista de dança, não estava lotada, era um espaço pequeno apenas para quem quisesse se mover um pouco. Acreditei que cometendo esse erro esqueceria seu olhar.

Erro, porque ainda quando caminhava lentamente tentando me equilibrar sobre o salto, seu olhar me perseguia tal qual um lobo sedento, eu podia sentir, além disso, minha visão periférica é muito fiel.

A voz do Nick Jonas ecoava no ambiente e esse foi um dos motivos pelo qual me arrependi, por começar a me sentir uma jovem enlouquecida para mostrar seu charme e desfilar em qualquer lugar ao som de Jealous.

Mudei a rota e cheguei até o banheiro, eu estava vermelha, olhar meu reflexo no espelho e analisar toda a situação, desde onde eu estava até os meus atuais pensamentos em relação aquele homem, me deixaram constrangida.

— Você viu? Nossa ele é divino. — Entre risadinhas, duas moças entram conversando, não sei de quem falavam, mas me repreendo por pensar NELE.

Já devastada o bastante, adianto o processo, e saio dali imediatamente, voltei ao balcão e no caminho não o encontro mais, talvez tenha saído, eu espero. Me despeço do barmen, me dirigindo até a porta, e ao empurrar o vidro, esbarro em alguém, eu não poderia ter outra surpresa.

Meu marido me olhava desacreditado, eu esperava uma feição de alguém bravo, mas ele parecia estar mais surpreso do que raivoso, antes que pudesse ser puxada para fora, passo pelo seu corpo e sinto o ar gelado bater em meu rosto.

— Já prepara uma boa explicação. — Ele vem atrás e puxa meu braço me virando para si.

— O que faz aqui?

— Acha que você é quem deveria fazer tal pergunta?

Enquanto ele falava, pude ver o outro homem um pouco atrás, no meio da rua segurando uma garrafa de soju, olhando para nós dois. Kim pareceu ter percebido meus olhares para além do seu ombro, já que se virou, mas imediatamente segurei em seu braço, que agressivamente ele afasta do meu toque. Abaixo a cabeça me lembrando que mais alguém via a cena.

— O que tava olhando? — Tenho medo que ele descubra, mesmo que não tenha nada demais.

Dou as costas para ele, indo em direção ao local onde estacionei o carro, como esperado ele me segue.

— Saber que está com vergonha só aumenta a minha vontade de gritar para todas essas pessoas sobre o tipo de mulher que você é. — Conversa enquanto caminha atrás de mim.

— Como me achou?

— Porque isso importa? Sua intenção era realmente me deixar feito um tolo?

O meu silêncio fez ele ir mais rápido e se posicionar em minha frente, me fazendo frear o passo, meu queixo é erguido com brutalidade.

— Me responde! — Grita.

— Pare com isso, aqui não. — Imploro.

Mas parece que só o irritei mais, sua mão alcança meu braço onde aperta, o que me fez desequilibrar do salto, já sentindo a raiva, a humilhação e a vergonha tomar conta de mim, retiro o calçado e pego na mão. Rapidamente caminho até estar longe da vista das pessoas, para isso entro em um beco qualquer, não havia ninguém lá, além de nós.

– Você está ficando maluca ou o quê? Mas que merda é essa?

Eu entendia, eu realmente estava parecendo uma louca na visão dele e das demais pessoas que me conhecem, até na minha própria, se me dissessem que eu estaria nessa situação algum tempo atrás, me arrancaria boas risadas, mas agora, quando tudo acontece, apenas lágrimas são arrancadas de mim.

— Porque você não me deixa em paz? Eu só quero um tempo sozinha, só isso! — Exclamo furiosa.

— Eu estou vendo, mas você já fica sozinha todo o tempo, claramente só está querendo chamar atenção. Se for para me irritar digo que está conseguindo, por isso é melhor tomar cuidado com suas atitudes imprudentes.

— Se continuasse preso no seu escritório e nem sequer lembrando de mim, com certeza não estaria se irritando aqui, agora.

— Você está me fazendo ficar ao ponto de cometer uma loucura. — Ele diz baixinho se aproximando.

Os meus pelos se eriçaram, não só pela proximidade do homem ou pela brisa gelada, mas também por perceber que não estávamos sozinhos, ele nos seguiu, o medo me arrebatou nesse momento, eu não sei do que os dois são capazes. Para mim, agora, dois desconhecidos.

MAGNETISM. jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora