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— Apenas isso, obrigado.

Caminhei até a saída da loja quase que em desespero, eu tinha que está no studio antes do meio dia, mas antes teria que passar no trabalho do meu pai para entregar o presente que o mesmo me pediu para comprar para a minha mãe.

Será aniversário dela daqui dois dias, e confesso que já estou me preparando psicologicamente para encontrar metade da família nesse dia, sinceramente, é um saco todas as vezes que fazemos essas coisas, apenas aceito ir pelos meus pais, pois se pudesse arrancaria a língua de cada convidado.

Meu pai trabalha um pouco distante de onde trabalho, então acelerei bastante para conseguir concluir os dois compromissos a tempo. Me pareço bastante com ele, então sei que se falhar em algum dever, ouvirei poucas e boas.

Quando por fim cheguei, tive dificuldade para encontrar vaga no estacionamento, enquanto rodava a procura de uma, um carro acaba buzinando alto passando por mim, podia jurar que sua intenção era me atropelar, perdi até meu controle por alguns segundos, deixando a moto virar um pouco, pelo susto permaneci parado observando.

Vejo o homem sair do veículo após estacionar, ele falava ao telefone e parecia chateado com algo, talvez uma discussão a distância. E ele era familiar, enquanto observava sua expressão tentava me lembrar de onde o conhecia.

— Ah, que azar. — Sussurrei.

Preferi não ter lembrado, era o cara da oficina, graças à ele que fiquei pensando naquela mulher nos últimos dias, no que poderia ter acontecido depois que eles saíram, estavam discutindo no carro e isso de alguma forma me despertou curiosidade, além do fato de que todas as vezes que a encontro, ela nunca parece estar bem.

Já estava a algum tempo o observando, mas seus próprios gritos me fizeram ficar atento, ele estava visivelmente muito irritado, esse cara aparentemente não possui controle próprio.

— Você passou a noite fora e nem sequer me avisou, aonde você dormiu? É isso que estou perguntando! — Consegui ouvir. — Hum, é mesmo? Está a caminho? Pois estou aguardando você na empresa em cinco minutos. Desligou a ligação muito rápido.

A visão que tive dele da primeira vez, permanece com certeza, mas independente, comecei a agilizar para sair dali antes que ele me percebesse, decido nem estacionar mais e nem entrar na empresa, paro em frente à porta que dá acesso ao hall de entrada, pego o telefone e disco o número do meu pai.

Oi filho. Aconteceu alguma coisa? — Atende.

Pai, estou em frente a empresa.

Tudo bem, me espere aí.

Deitei metade do corpo na moto, apoiando a cabeça nos braços que estavam tanque, a qualquer momento alguém pode vim me repreender, mas sinceramente não estou nem aí, pretendo sair daqui o mais rápido possível.

Oi. — Atendo a ligação repentina do meu pai.

Filho, meu chefe me convocou no escritório dele agora com urgência, aguarde mais um pouco.

Que maldito, não é possível que esse velho chamou o meu pai justo agora, o mundo inteiro deve achar que não tenho nada para fazer mesmo, mas o jeito é esperar, quase não tenho a oportunidade de ver meu pai, então prefiro esperá-lo do que fazer a entrega para outra pessoa.

Ok!

Esperar é uma das coisas que mais odeio na vida, peço de verdade que a conversa deles não dure muito, eu facilmente posso me estressar e entrar lá dentro, e assim como outras pessoas também não confio muito no meu domínio próprio.

Enquanto isso na minha cabeça passava flash's dos últimos dias, ontem encontrei a protagonista deles, me diverti em todos os nossos encontros com sua persistência em demonstrar uma postura impecável, mas era levemente visível a vontade que tinha de arrancar os cabelos e gritar ao quatro ventos o quanto estava irritada.

Aquele beicinho de irritação a cada situação meramente complicada é divertido, ela parece ser do tipo que preocupa com coisas mínimas, mas que a deixam no mais alto nível de estresse.

— Demorei? — Me aliviei com a voz do meu pai, que vinha caminhando em minha direção.

— Não muito. Como está? — Me levantei o abraçando.

— Estamos bem. — Se referiu também a minha mãe. — Nem acredito que encontrou o presente, do jeito que você é.

— Caramba pai, é para a mamãe, fiz um esforço. — Sorri e entrego a embalagem. — Joinha cara em?! — Ele ri.

— Ela merece, mas você vai a comemoração? Ela só fala em você, manda mensagem, pede para eu mandar também, ela quer muito você lá.

— E ela me terá, não se preocupe. Já organizei minha agenda. — Cruzo os braços ajeitando meu corpo, de volta recostando na moto.

Meu pai sabia muito bem sobre a minha dificuldade em estar nesses ambientes, eu era sempre o alvo, tanto de olhares quanto de comentários, a minha família sempre foi bastante conservadora, ainda na minha época de adolescente eu era comparado com meus primos, tratado como o diferente, o rebelde como eles mesmo dizem.

Meus pais nunca me cobraram muito, não se importavam tanto com as minhas escolhas desde que não fossem perigosas e ilegais, e isso de certa forma incomodava outros familiares que incessantemente davam "conselhos" sobre como eles deveriam me "educar".

— Espero que cumpra sua palavra.

— Sim, senhor. — Bato continência, e me divirto com seu sorriso.

MAGNETISM. jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora