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Realmente não tivemos tempo para conversar sobre isso. Talvez nós mesmos estivéssemos fugindo desse momento, apesar de concordarmos em continuar e entrar em um acordo de que o que importa são os nossos sentimentos, ainda assim é difícil caminhar quando tentam prender nossos calcanhares. Gosto do fato de que Jungkook me entende, pelo menos entende que me magoa, e da atenção a isso.

— Para começar, você sabe que eu não concordo com nada do que sua mãe me disse, não é? — Ele assente. Em sua boca um sorriso fraco se molda, em uma tentativa de ser reconfortante. — A opinião dos demais realmente não me importa, eu te disse, mas minha família...Eu sempre fui passiva em relação a eles, aos meus pais, ao meu ex marido...Ainda é muito difícil para mim tomar qualquer decisão sem que a opinião deles não tenha peso, diferentemente de você.

Eu queria muito ser assim, um pouco como ele, mas não consigo, ainda não.

— Mas você... Quero dizer, pretende se afastar, seguir o conselho delas? Que nós não devíamos...

— Não, não Jungkook! — Interrompo, apertando ainda mais o tecido da sua camisa, trazendo seu corpo mais para perto. Tão perto, quase devorando seus olhos com os meus. — Não pense isso, a última coisa que eu quero é me afastar de você. Não. — Ele balança a cabeça demonstrando que entendeu, mas vejo algo em seus olhos, dor, mágoa, confusão...

— Medo, pela primeira vez tive medo de ser o que a minha mãe temia que eu fosse. Pela primeira vez fiquei inseguro em relação ao jeito que levo a minha vida. Eu tentei disfarçar, mas quando lembro que ela te disse que posso não ser o cara certo para você, pensei em como seria se eu fosse, me comparei com a versão que ela planejou para mim. Fiquei com medo que desistisse de nós pelo que ouviu delas. — A expressão dele aperta meu peito, vejo toda a angústia que carrega nessas palavras.

Eu também sinto e senti muito medo com tudo isso, mas eu temia que não pudéssemos continuar, e não encontrar ninguém como ele. Medo de perdê-lo, e jamais sentir com outro alguém o que ele me faz sentir. Acredito que a atração que nos une acontece uma vez na vida, e na vida de pouquíssimas pessoas, tivemos sorte, encontros como o nosso são raros. Eu sabia.

— Então, você não é o certo para ela. Mas para mim você é. — Digo quase em desespero. Eu queria tirar de uma vez esses pensamentos de sua cabeça. —  As expectativas dela não são as minhas, Jungkook. Ela diz isso porque você não se tornou no que ela esperava, mas para mim não é assim, você é o que eu esperava. Ou melhor, o que eu nem estava esperando, e você me apareceu como um presente bonito.

— Meu amor, eu quero você. Me assusta pensar que posso ser rejeitado por não estar não seus padrões. — O olhei com os olhos semicerrados e ele se corrige. — Nos padrões das nossas famílias, talvez. Mas eu também não vou te prender, só que, se desejar o mesmo que eu, vou permanecer até o fim me esquivando de qualquer coisa que possa nos afetar.

— Eu também, eu também. — Seguro seu rosto e deposito um rápido beijo em sua boca. — Eu só queria dizer, só desabafar sobre a minha tristeza pelo que ouvi, isso não é, e jamais será uma conversa sobre eu estar concordando com elas.

— Olha para mim. — Ergue meu queixo com os dedos gelados, vejo seus olhos brilhando mais do que o normal. — Eu nunca me envolvi assim com nenhuma mulher, mas não mentia para as que concordavam estar comigo por apenas algumas horas. Apesar de não ser o homem perfeito, porque acho que isso é impossível para qualquer homem, quero que tenha uma certeza. Jamais vou te magoar, brincar com seus sentimentos e te usar, vou ser sincero em relação a minha intenção. Não vou machucar você de nenhum modo. Fique segura nisso. — Balanço a cabeça, confio nesse homem.

Meu sorriso cobre os lábios dele. Quero estar aqui, quero esses momentos por muito tempo, penso somente nisso, no meu desejo de poder experimentar seus toques até quando o destino nos permitir. Beijar intensamente sua boca, enquanto seus braços me prendem como se tivesse medo que eu me solte deles. Quero deixar que sua mão e seus lábios percorram meu corpo sempre que tiverem vontade.

— Não quero te perder. Vamos fingir que nunca ninguém nos disse nada, e tentar lidar com as consequências das nossas escolhas sozinhos, como adultos. — Acrescento.

Eu tinha que fazer isso, tomar as rédeas da minha própria vida. O sofrimento é inegociável, as decepções são inegociáveis, não posso me privar de tudo isso para sempre.

— Vamos sim. — Seu polegar rasteja por minha coxa e seus olhos continuam presos aos meus, me arrepio com os dois contatos, arrepio em dobro. — Adoro você, porra.