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Afundando meu rosto no travesseiro, bati as mãos e as pernas no colchão freneticamente, choraminguei pela vergonha que sentia.

Arremessei meus saltos em um canto qualquer, meus nervos estavam a flor da pele, falei dele, mas também estou irreconhecível, nunca fui muito de demonstrar o quanto as coisas me irritavam, como eu realmente me sentia, e muito menos me mostrar vulnerável. Agora tudo me faz perder a cabeça, ficar explosiva.

Acho que gostaria agora de uma amiga, alguém para desabafar, porque geralmente vou na casa dos meus pais quando quero conversar com alguém, mas isso que estou passando, desejo que eles nem sonhem.

Meus pais são obcecados pelo Kim, desde que começamos a namorar, eles já o amaram de primeira, ele é tudo que meus pais sempre desejaram para mim, um homem de boa família, responsável, maduro, que trabalhasse com bons negócios para que eu tivesse uma boa vida.

Eu estava contente por conseguir alguém que agradasse tanto os meus pais, quanto a mim também. Tudo parecia um sonho, as relações de família, os planos de casamento e futuro. Agora eu estava decepcionada, até comigo mesma, era inevitável não pensar que poderia ser culpa minha, em partes, por esse desabamento da nossa relação.

Não fui para o escritório novamente, assim que ele me pegou na oficina, me trouxe para casa, nem questionei porque não me levou para trabalhar. Me sentiria mais confortável ficando sozinha para pensar.

Girava a aliança no dedo quando a porta foi aberta de repente.

— Já anoiteceu, não vai se preparar para o jantar?

— Estou sem fome. 

— Achei que seu foco fosse afrontar a mim e a senhorita Davis, não comer de fato.

Saltei da cama, tinha me esquecido completamente, fiquei tonta por levantar rápido demais, e enquanto me recuperava pensei em desistir.

— Não precisamos ir mais.

— Apronte-se! — Ele ordenou indo até o closet, o segui.

— Estou traumatizada, acha que tenho coragem de me apresentar em público com você, depois do espetáculo de hoje?

Ele deu uma boa risada, começando a retirar o cinto. Esse jeito irônico dele está devorando toda a minha paciência.

— Isso é hipocrisia sua. Eu quem deveria estar decidido a não sair mais com você, após ter me deixado sozinho da ultima vez.

— Tive meus motivos.

— Eu também tive, e sabe qual a diferença... — Me pegou pelos dois braços aproximando seu rosto do meu. — Eu lhe expliquei, lhe expliquei porquê fiquei irritado, agora me diga, me explicou o porquê saiu me deixando desacompanhado?

— Desacompanhado? Que eu me lembre ela estava lá.

Ele soltou meus braços e suspirou entrando no banheiro, mas brevemente retornou à porta e apontou para mim.

— Acho bom você parar de agir como uma adolescente, você é extremamente mimada e isso está me fazendo questionar o porquê que nos casamos, já que detesto esse tipo de comportamento. Entenda que você tem 27 anos e pare de querer chamar atenção com seus shows sem sentido.

A porta quase caiu pela pancada forte, ouvi o chuveiro e assim pude relaxar na poltrona que tinha ali. Estava sem forças, apenas me joguei nela. Em questão de minutos ele sai do cômodo me despertando, já que acabei adormecendo.

— Vai, sua vez de entrar no banho. — Passou por mim já de calça, mas o tronco estava exposto. Ele secava o cabelo com a toalha.

— Mas já falei que não precisamos mais ir.

Ele girou os calcanhares, me levantou brutalmente da poltrona, me colocando de pé e me arrastando pelo closet.

— O que você está... — Gritei assim que começou a levantar minha blusa.

— Já que passou o dia aqui, não vai precisar mesmo de banho. — Estava ofegante e falando alto.

Ele começou a arrancar minhas peças, enquanto eu me debatia e gritava de medo, pedindo para que parasse. Jogou minha blusa longe, estava tirando agora a calça, numa tentativa de sair de seus braços acabei caindo, ele seguiu tirando a peça mesmo com meu corpo no chão.

— Pare! Não quero ir. Pare. — Estava desesperada.

— Calada. — Gritou me levantando brutalmente de novo. — Você queria ir, não? Então você vai.

Eu não conseguia formar frases, apenas chorava e soltava pequenos gritos pela dor que ele estava causado por me apertar fortemente. Me deixou de lingerie, pensei que fosse parar ali, mas começou a rasgar as peças, tentei me soltar, mas alternava os movimentos tentando me cobrir também.

— Já chega, me solta, pare com isso. — Era angustiante, eu gritava e era em vão.

Comecei a usar toda força que me restou, entre gritos e lágrimas me soltei num impulso, voltei para trás rapidamente. Agarrei em alguns móveis e segurei qualquer objeto que me ajudasse a me defender.

— O que você fez? — Minha voz desesperada ecoava.

— Vista-se. — Ele pegou uma camisa e se dirigiu a saída como se nada tivesse acontecido.

MAGNETISM. jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora