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Desapareceu, a imagem desapareceu, comecei a suar frio, será que estava mesmo alucinando? Brinco comigo mesma, mas tenho muito medo de enlouquecer de verdade, oro rapidamente para que tudo volte ao normal, e para que minha mente se tranquilize, eu não merecia isso, meus dias estavam sendo tão cheios, e ao tentar descansar colocando a cabeça no travesseiro, tudo pesava mais ainda.

— Anjo! — Solta minha mãe quando me ver em pé na porta.

— Oi mamãe. — Sinto seus braços me protegendo. — Quanta saudade.

— Meu amor, nunca ficou tanto tempo sem mandar notícias.

— Desculpe eu estava muito ocupada, não estava respondendo muitas mensagens ultimamente.

Enquanto falava, seu braço esquerdo apoiado em minhas costas me guiava para dentro da casa, e logo para o sofá. Isso é bom, muito bom, quando sabemos que estamos entrando num lugar onde somos bem vindos. E receber todo carinho que sentem por você.

— Parece um pouco pálida. — Coloca a mão em meu rosto analisando. — Tem se alimentado bem?

— É, sim. As vezes não muito. — Tentei mentir, mas foi difícil então falei meia verdade.

— Quantas vezes falamos sobre isso? Vive uma vida agitadíssima e ainda assim fica sem alimentação correta?

— Eu... — Me interrompe pegando minha mão.

Caminhamos até a cozinha, ela me arrastava como se fosse uma criança, sorri involuntariamente. Me pôs sentada perto da ilha da cozinha, trazendo algumas frutas e outros alimentos. Me dispus a comer, estava de fato com fome.

— Mas como estão as coisas? Você está bem? — Confirmei com a cabeça enquanto saboreava uma ameixa. — Que bom, queria ouvir de você, conversei com o Kim ontem, ele disse o mesmo, mas você tinha sumido, me preocupei, até comentei com seu pai.

Me engasguei, ela ligou para ele? O que aquele maldito deve ter dito? Imagino o tanto de mentiras que ele soltou, aprecio muito sua boa lábia. Entendo ela ter corrido para ele, recebo coisas de trabalho por e-mail, então costumo deixar telefone de lado, ignorando todo resto da sociedade.

— O que vocês dois conversaram? — Tentei fingir que era apenas uma pergunta qualquer, e não um grande medo.

— Sobre você obviamente. Ele disse que estava tudo bem, que você estava ocupada nos últimos dias, essas coisas filha, ele é um homem de poucas palavras.

Ele é mesmo, exceto comigo, poderia montar uma biblioteca em que todos os livros contenham somente as coisas que já ouvi daqueles lábios que por tantas vezes desejei. Um verdadeiro mestre da farsa.

— Ele também... — Parou de falar quando prestei atenção. — Ele também disse que estava preocupado, que seu comportamento estava estranho, e que talvez fosse pelo
cansaço do trabalho. — Concluiu.

Aquilo era o cúmulo, ele era um verdadeiro imbecil, me trata feito nada e depois faz todo esse teatro para a minha mãe. Isso tudo estava me consumindo cada vez mais, não sei até quando suportaria. Ela me olhava na expectativa de uma resposta, eu não sabia o que responder, então me levantei e levei o prato para a pia, em seguida senti seu toque no meu ombro, e o da água nas minhas mãos.

— Ele sugeriu que talvez você devesse fazer uma viagem, tirar umas férias, descansar.

Não, definitivamente não, aquele maluco estava querendo fazer a cabeça dela, ele quer que eu viaje para ficar sozinho, quer se livrar de mim, talvez porque eu seja um peso, mas também porque queira um momento a sós com alguém. Esses pensamentos me fizeram largar o prato e cruzar os braços, ainda de costas para minha mãe, lutei contra as lágrimas.

— Ei, filha. O que foi? — Me virou para si, suas palavras foram suficientes para que eu desabasse.

Seus braços rodearam a minha cintura de lado, apoiei minha cabeça em seu ombro. Chorava e lutava contra o choro ao mesmo tempo, para não causar nela tanta preocupação, me ajeitei aos poucos, sorrindo a olhando.

— Sem lágrimas, hum. Me diz, o que houve?

Estava de costas de novo, organizei as coisas que precisavam ser guardadas enquanto ia formulando minha resposta.

— É que me emociona o seu cuidado e sua preocupação mamãe, me sinto muito bem com esse amor. — Em partes era verdade. — Mas peço para que se preocupe mais consigo mesma, sua filhinha cresceu e está só aprendendo a viver.

— Sempre terá meu cuidado, você e o Kim são meus dois filhos, quero que cuidem um do outro. Ver ele preocupado me preocupa também, te amamos e queremos o seu bem.

— Ele deve ter estranhado meu comportamento porque ando meia exausta e sem tempo para nós, além do mais nos vemos poucas horas do dia, só isso. — Forcei um sorriso, espero convencê-la.

— Sabe que tenho muita experiência com a vida de casada não é? — Aperta minha bochecha. — Pode pedir conselhos a qualquer momento.

— Eu sei, a senhora e o papai são a minha inspiração, meu sonho sempre foi construir um lar tão bem quanto vocês. — Isso era tão verdade, meus olhos brilhavam todas as vezes que pensava neles.

— Esse sonho pode ser uma realidade, já é, na verdade, e esses ocorridos são normais filha, todos os casais passam por isso, aposto que dará um jeito, o ame, hum? — Suas duas mãos encontram minhas bochechas, sinto o beijo sendo depositado em minha testa.

Antes que o toque seja desfeito, forcei pela milésima vez hoje um sorriso, balançando a cabeça como se dissesse que sim, daria um jeito nisso.

MAGNETISM. jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora