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A minha rotina está quase voltando ao normal, adicionando apenas as terapias semanais que foram necessárias. O acolhimento da minha família parece até maior do que quando morava com eles. Estou providenciando um outro lugar, então tento aproveitar o máximo da companhia dos meus pais enquanto passo os últimos dias na casa deles.

Pela minha mãe eu não me mudaria, mas tenho um forte desejo de ter a experiência de ser completamente dependente. Sai de casa para morar com meu ex marido, sequer pude ter as minhas próprias vivências. Sinto como se eu estivesse vivendo agora, descobrindo tudo, e somente agora. Uma liberdade que eu estou afim de experimentar. Que eu preciso experimentar.

Eu tenho plena consciência das dificuldades que posso enfrentar daqui para frente, e pode parecer engraçado, mas estou empolgada para viver cada uma delas, como uma criança encantada com a água de um rio pela primeira vez, aquilo pode ser perigoso, mas é novo, portanto, emocionante. Que causa curiosidade, euforia.

Principalmente em relação a Jeon Jungkook, estou segura de que vou ouvir muitas coisas, de diversas pessoas, sobre nós dois, palpites e dúvidas, impressões e curiosidades. Mas não acho que eu devo ser o centro das atenções, quando o vilão dessa história é outro. Sei que não devo me culpar e nem sentir vergonha de nada.

Só me preocupa ainda, nossas famílias, eu não tinha me preparado para isso dessa forma, tenho medo dos empecilhos, constantemente me invade as palavras da minha mãe. Mas apesar de tudo, estou feliz por poder conhecer mais sobre Jungkook, sem toda a pressão de ser uma mulher comprometida.

Agora me sinto livre para explorar isso por inteiro. Era quase certo que eu poderia esperar um imenso trauma de relacionamentos, que iria pedir a Deus que afastasse de mim todos os homens dessa Terra. Mas a verdade é que com ele eu só quero viver uma coisa de cada vez, começando pela escolha, ele foi minha escolha.

Não tive festinhas banhadas a luxos para ser apresentada a ele, não tive que ouvir seu nome em cada banquete caro, entre as nossas famílias, não tive meu cérebro consumido por comentários que diziam sobre quão bom casal seríamos. Não fui influenciada por nada, somente por seus gestos irritantemente sedutores. Com Jeon eu apenas senti os pelos subirem e quis mais, e mais. Foi a coisa mais genuína que surgiu aqui. Um desejo puro, que me despertou coisas que eu nem sabia que estavam adormecidas dentro de mim.

E é bom refletir sobre isso, enquanto o observo. Ele acaba de posicionar mais uma das milhares de caixas que estávamos carregando para o meu novo lar. Um pequeno apartamento no centro. Jungkook se pôs à disposição quando eu disse que estava começando a mudança, mobiliando tudo. Além de não fazer tudo sozinha, tenho a companhia dele, que é cem por cento agradável.

— Apesar dos rapazes terem pego as partes mais pesadas, com esse tanto de pertence que tinha no meu carro, acho que sem você eu terminaria só amanhã. — Suspiro, me sentando na ilha da cozinha. — Obrigada.

— Sabe que pode contar comigo. Te ajudar é um dos meus prazeres. — Batendo as mãos na calça, ele se apoia de costas para parade, e desce se sentando no chão, nos olhamos em silêncio. Parece que a gente se comunica só de olhar, juro que ficaria horas assim com ele, sem dizer nada.

— Pelo menos você está gostando da ideia da minha mudança...— Lhe dirigi um sorriso leve e ele me olha erguendo a sobrancelha. — Meus pais insistiram até o último segundo para que eu ficasse com eles.

— Ah. — Ele sorri. — Meus pais também não gostaram da ideia, quando me mudei, entendo que eu era bem novo, mas ainda assim eu acho que é algo pessoal deles, coisa de pais. Da um tempo para eles, logo se acostumam e entendem que nós precisamos disso. Dessa liberdade. Faz parte do nosso processo de amadurecimento, autoconhecimento...É meio que necessário.

— Não agiram dessa forma quando me mudei, porque casei. Acho que se preocupam com coisas como "quem vai cuidar dela agora?". Eles tinham muita confiança no Kim...

— Quem vai cuidar de você? — Questionando incrédulo, abre mais os olhos e forma um bico nos lábios. — Estou bem aqui, olha só, está me vendo...— Se levanta vindo em minha direção, e continua repetindo as palavras, firmando suas mãos em minha cintura. — Estou bem aqui, me toca, olha só, todo para você. — Meu rosto é bombardeado por seus beijos.

Após algumas cócegas, risadas e beijos molhados. Seguro sua camisa, buscando chamar sua atenção para a preocupação que se formou em meu rosto. É impossível não lembrar dos nãos que nossa intimidade tem gerado, não consigo mais estar em total sincronia com ele sem lembrar dos nossos pais. De repente não consigo continuar sorrindo, porque pensamentos intrusos me invadem.

— Acha que eles podem passar a nos apoiar algum dia? — Agora olho apenas para minhas próprias mãos, talvez seja vergonha da minha própria pergunta.

— Eu confesso que, nunca esperei apoio dos meus pais, nunca coloquei expectativa nisso, não é algo que tenha me surpreendido. Eu nem sequer pensei no que eles poderiam dizer se descobrissem sobre nós. — Disse sem me olhar, quando se cala, segura meu rosto entre as mãos, depois continua. — Mas se é importante para você, podemos conversar sobre. O que está se passando aí, huh?

MAGNETISM. jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora