MAGNETISM. jjk

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— Pai? O que está fazendo aqui?

— Precisamos conversar, Jungkook, tem um tempo?

Até que gosto de encontrá-lo, mas nesse momento eu gostaria que o studio estivesse lotado como de costume, e que eu não tivesse o tempo para essa conversa, porque pela cara dele não me parece que será um diálogo agradável.

— Tá, tudo bem. Entra aí.

Me assusta o silêncio, ele entra e senta em uma cadeira qualquer de frente para mim, observa tudo com cautela, seu olhar profundo me atinge também. Agora já não sei se está aqui para brigar comigo ou para me dar uma má notícia.

— O que tá rolando? Aconteceu alguma coisa grave?

— Depende do ponto de vista...

— E qual é o seu? — Questiono às pressas sem lhe dar tempo de terminar.

— Um pouco... A esposa do meu chefe, Jungkook?

Entendo sua intenção, jogo a cabeça para trás procurando manter meu autocontrole, a última pessoa que eu gostaria de falar sobre, é aquele homem, e logo no início do meu dia. Me sinto até sufocado por não poder fugir disso. Ele é insistente, conheço bem meu pai. Somos bem parecidos.

— Foi prejudicado no trabalho?

— Poderia ter sido, mas a questão não é essa, meu filho. O que está acontecendo entre vocês realmente? Essa mulher não é casada? 

— Era pai, era. No papel sim, mas não estão mais juntos.

— De qualquer forma, uma atitude muito precipitada a de vocês, não foi isso que te ensinei, te ensinei a ser um homem responsável.

— Pai, eu sou responsável! — Me levanto de novo, não aguentando mais a conversa.

— É sim, se envolvendo com mulher comprometida, arrumando problema com um homem influente, que ainda por cima é chefe do seu pai, poxa filho, eu sei que você gosta de se divertir, mas para isso há tantas outras mulheres...

— Eu gosto dela. — Exclamo, levando as mãos até meu cabelo e bagunçando, nervoso. — Caramba, eu acho que amo, tô apaixonado, sei lá.

Meu pai parece surpreso, mas sua expressão não muda tanto, ele consegue controlar suas reações e emoções muito bem, e eu sei que na verdade está me julgando, posso quase ouvir a sua mente sussurrando que isso é loucura e que esse negócio de amor não tem nada a ver comigo, e estou blefando.

— É tão difícil assim acreditar em mim? — Questiono, mas baixo, para deixar evidente o meu desapontamento.

— Jungkook, mas porque logo ela?

— Pai, a gente não escolhe essas coisas, também fui pego de surpresa pelos meus sentimentos. Vai me dizer que escolheu estar apaixonado pela minha mãe? O casamento com o Kim foi praticamente arranjando e e as consequências disso foram péssimas... Eu prefiro o inesperado. Tudo que é forçando em algum momento estoura.

— Eu quero que você entenda a minha preocupação, eu só não quero problemas.

— Eu entendo, claro que entendo. Mas se alguma coisa falhar e da errado, será para mim, eu vou sofrer as consequências, e por ela eu estou disposto a me arriscar. Nunca tive medo de nada, muito menos agora que estou bem assim, com as minhas escolhas.

Eu realmente o entendo, entendo a preocupação, o receio, mas eu não consigo não lutar por isso que estou sentindo, eu só quero me arriscar, tentar fazer dar certo, se ela pretender o mesmo, a opinião dos outros não fará nenhuma diferença para mim.

— Quer mesmo essa mulher?

Sua voz chama minha atenção, suspiro o olhando sem resposta imediata. Mas não porque não tenho certeza do que quero, e sim porque me faz mal pensar que ele esteja desconfiado, achando que sou um babaca qualquer que sai brincando com sentimento de mulheres com o emocional frágil.

— Caralho, eu quero. E ela também me quer, e eu não vou engana-lá como está pensando, eu não segui a vida que vocês planejaram para mim, mas não sou nenhum mau caráter, diferente do seu chefe que por sinal é do jeito exato que queriam que eu fosse, e é um grande filho da puta.

Meu pai respira e se levanta, vem em minha direção, sua mão vai de encontro com meu ombro. Tenho vontade afastar, mas não faço. Recebo seu carinho no rosto. Nos encaramos sem palavras, e acho que a única coisa que ambos conseguimos pensar é em como e quando nossa relação ficou tão séria. Sempre fomos melhores amigos.

— Você é o meu orgulho, filho, tenho orgulho de você, Jungkook. — Com sua mão em minha nuca, nossas testas vão de encontro. — Minha implicância, como você diz. Não é porque acho que está perdido, é porque não quero que se perca. Quero que tenha uma vida tranquila assim como eu e sua mãe tivemos, mas vou entender, você é jovem, precisa das suas experiências, vou deixar que aprenda com elas. Me resta torcer para que faça suas escolhas com sabedoria, porque vai doer em mim também te ver sofrendo.

Nossa abraço acontece, e não me restam palavras, eu nem sequer tenho um sentimento único para esse momento, tudo dentro de mim embaralha, eu só agradeço internamente, penso no quanto o amo, e preciso dele mesmo para me dizer coisas que talvez eu não queira ouvir. Meu pai me beija e deixa o ambiente suave. Sequer tive tempo de perguntar como descobriu.