34

352 39 8
                                    

Após o acontecimento, nem morta eu iria para a casa dos meus pais, o que só piorava a situação já que não teria lugar para eu ir. A minha grande sorte foram as roupas reservas que levo para o trabalho que estavam no carro, e com celular se faz absolutamente tudo, o que seria a salvação, pois precisaria pagar hotel por essa noite.

Nunca em toda a minha vida imaginei passar por isso, me causa tanta raiva e medo que não sei em qual situação emocional vou estar daqui um tempo a mais.

A moça da recepção me atendeu muito bem, me orientou muito bem e logo eu já estava dentro do quarto, pequeno, mas confortável, estava tudo num branco impecável. Mas mesmo com toda organização, se eu tivesse em mãos objetos pessoais com certeza atiraria nessas paredes.

A raiva me domina e eu não sei mais o que fazer com todo estresse, me jogar na cama e sacudir todo meu corpo como uma criança mimada não adiantaria muito, mas no momento era a única coisa que eu poderia fazer. Mas o cansaço cobriu as lágrimas e assim o sono me possuiu.

Acordei com corpo ainda cansado obviamente, mas estava preparada para organizar minha vida, deixei o hotel por volta das sete e quinze da manhã, não me dei muito o trabalho de ajeitar a roupa, no momento só me importava estar coberta, por incrível que pareça.

Fui novamente tomar meu café da manhã na cafeteria ao lado do estúdio do Jeon, talvez eu sempre deseje vê-lo, ainda que seja um sentimento que luto contra, pois é involuntário, porém de fato me agradou muito o café. Além de ser um lugar agradável.

— Nossa, você está péssima.

— Uau que bela recepção. — Digo para a tal de Minji que nem sequer me desejou bom dia, mas já se deu conta do meus estado.

Me sentei em frente ao balcão pedindo meu café preferido. Estava lotado, e não sei porque, mas desejei que o Jeon estivesse aqui. Aquela sensação de desejar uma presença que até assusta por não ser tão relevante assim para minhas atuais necessidades. Uma sensação descontrolada.

Coincidência ou não, em poucos minutos a figura hipnótica atravessa a porta ao lado do seu colega, Doyun. Demora um pouco para me ver, porém não tinha nem como não perceber após o seu amigo posicionar o dedo muito bem apontado para mim.

— Gostou mesmo do café. — Jungkook diz com muita simplicidade em sua fala se sentando ao meu lado.

Por um momento todo que ouvíamos era a voz de Doyun e Minji que pareciam viver em um pé de guerra, entre muitas aspas. O cheiro do moreno invadia meu olfato me deixando incomodada com o fato de adorar senti-lo. Tenho muito medo do que me domina todas as vezes que estou ao seu lado. E Jeon parece perceber meus olhares, já que devolve muito bem. Me assusto um pouco, mas não desviei.

— Dormiu essa noite? — Me pergunta.

— Sim. — Não muito bem, mas sim. — Porque?

— Está com olheiras enormes. — Seu comentário me faz olhar para frente novamente.

Entendo que ele gosta de me irritar, porém acabei lembrando da noite que realmente tive e o motivo dela ter sido tão caótica, então sinto o choro grudado na garganta.

— Mas você continua bonita. — Lentamente o olho, ele mexia na asa da xícara descontraído.

Me irrita a normalidade que Jungkook fala algumas coisas que me deixam extremamente desesperada por dentro e sem reação, e acho que ele percebe, e deve ser exatamente por isso que sempre o faz. Enquanto penso nisso tudo, nem me dou conta que ainda estou o encarando.

Sua pupila dilatada parecia querer capturar meus lábios apenas com aquele olhar, me segurei para não abaixar a cabeça intimidada, aproveitei a visão privilegiada.

— O que aconteceu que você não está tão apressado hoje Jungkook? — Minji o questiona apoiando os cotovelos na bancada.

— Cuida da sua vida garota. — Doyun sutilmente solta.

E ali acontecia mais uma briguinha infantil dos colegas do Jeon, nesse tempo termino meu café e percebo a mão do homem se aproximar de mim, ele coloca um guardanapo em minha frente e sussurra:

— Meu número, caso tenha realmente apagado.

Sem me dar espaço de fala ele sai, até os outros dois que estão presentes, só dão conta quando ele já havia cruzado a porta, e logo mais eu faço o mesmo. Precisava ajeitar toda a bagunça da minha vida urgentemente. E acho que posso ir dando adeus ao meu casamento de anos. Não sei como vou conseguir fazer isso, mas é necessário.

Começar do zero não será fácil, porém eu sinto que realmente é isso que irá acontecer comigo, isso que precisa acontecer comigo, na realidade.

MAGNETISM. jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora