Tranco a porta respirando fundo e pedindo mentalmente para todos os deuses para eu não sair daqui pior do que estou entrando. Mesmo parecendo tão vulnerável, esse homem ainda me assustava.
Nos olhamos rápido, eu permanecia um pouco distante pensando no que poderia falar, incerta, insegura. Mas quando dei o primeiro passo sua voz me paralisou de novo.
— Estou todo fudido, acha que posso te atacar?
— Oi... — É o que consigo dizer.
— Deve estar feliz por me ver assim.
— O que? Não, claro que não.
— Está sozinha? — Muda de assunto me pegando de surpresa com sua pergunta, afasto meu olhar do seu porque eu pretendia mentir.
— Sim. — Kim sorri da minha resposta como se soubesse que eu não estava falando a verdade. Me deixando desconfortável. — Mas se não me quiser aqui, amanhã seus pais vão vir, e eu posso ir. Eu só achei...
— Que era sua obrigação? Como esposa? Deve ter vindo só para comemorar de perto.
— Pare de dizer isso, sabe que não sou assim, eu não ia desperdiçar o meu dia e principalmente a minha noite para estar aqui se só te ver mau fosse a minha única motivação.
Ele ficou em silêncio, e nesse meio tempo me acomodei na poltrona ao lado da cama, ele olhava para o teto suspirando, estava sendo um momento tão estranho, nem parecia que passamos anos morando na mesma casa, dormindo na mesma cama.
— É... — Pensei melhor e parei de falar, estava nervosa, sentia meu corpo tenso e as mãos molhadas.
— A quanto tempo você conhece aquele cara? — Tremi.
— O que? — Ainda estava raciocinando. — Bom, eu... Nós já estávamos muito mal, mas eu não tinha nada com ele, até o evitava, a gente só começou a se relacionar depois que você me traiu. — Fui sincera.
— Só estava esperando a oportunidade. — Ele sussurra.
— Qual o seu problema em aceitar que está errado? Ou você quer que eu repita a última frase? — Me levanto.
— O nosso casamento sempre foi uma farsa né? — Ele fala logo em seguida me calando de vez. — Você não percebe que mesmo após anos a gente ainda não conseguia ter nada interessante, nunca parecemos um casal de verdade...— Eu não sei Kim, eu gostava de você, para mim parecia real.
— Porque tá falando isso agora?
— Para esclarecer tudo! — Ele se altera. — É cansativo ter que fingir, fingir o casamento perfeito, o relacionamento perfeito, ser o marido perfeito.
— Você que disse sim, você que pediu a minha mão... — Interrompi irritada e quase ofendo ele, mas me controlei.
— É eu sei, os nossos pais eram amigos, a gente se conheceu, eles acharam uma boa ideia nós dois, eu era o tipo de cara que seus pais aprovavam, a gente ficou algumas vezes, você disse que estava gostando de mim...
— Chega! Eu já sei da nossa história, dessa maldita história, agora aonde você quer chegar?
— Eu estava prestes a herdar a empresa do meu pai, já estava quase nos trinta anos, seria bom para minha reputação ter um relacionamento fixo, além de me casar com alguém de boa família, alguém que pudesse contribuir também com o meu negócio, eu só quero dizer que eu não sei se alguma vez houve sentimento verdadeiro nisso.
— Tá me dizendo que me usou? — Nesse momento eu estava com a face molhada, em choque, dentro de mim corria ódio e tristeza, algo ainda maior do que quando o vi com outra.
— Para de fazer de tudo um cenário dramático, você gostava de mim, não gostava? Me amava na real, lembra de todas as vezes que disse quando estava comigo na cama?
— Cala a boca. — Solto involuntariamente entredentes. — Eu quero esquecer de tudo isso, esquecer que um dia você me teve inteira para você.
— É, mas não pode mudar isso, e é uma pena que o seu marginalzinho só vai poder colher os restos agora.
— Você é um desgraçado sujo! E... E como eu nunca percebi isso? — Apertava minha mão lutando contra a vontade de aproveitar da sua situação para avançar em seu pescoço, mas também não sei se teria forças. — Brincou comigo, destruiu meu sonho de construir uma família, de ter um bom casamento!
— Pare com isso. — Ele grita. — Me amava e se casou comigo, se casou com quem você amava, se era isso que você queria, você teve.
— Vá para o inferno! Eu odeio você, odeio toda essa merda que estou vivendo por sua culpa, você merece tudo isso que está acontecendo com você. — Aponto para ele jogando as palavras em bom som, mas as lágrimas saiam junto, sem a minha permissão e vontade.
— Eu nunca vi você tão alterada assim, o que está acontecendo? Ele não está comendo você direito?
— Quero o divórcio. Você vai me dar o divórcio. — Começo a me dirigir a porta porque eu prevejo a minha loucura se ficar mais um minuto. — Só quero te ver para isso, e depois espero que desapareça! — Bato a porta e chamo atenção quando estou do lado de fora, as pessoas no corredor notam como eu estou.
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MAGNETISM. jjk
FanfictionCorrentes elétricas em nosso sangue, física em cada parte de nós, magnetismo nos seus toques e no meu arreceio de amá-lo. Uniões decadentes faz com que vidas opostas sejam traçadas, batalhas entre amor, traição e miséria sejam travadas, findam coisa...