36 | Jade?

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Henry falava tudo que Theo não falava, se o mais velho era calado, então o mais novo queria estar sempre conversando.

Enfeitamos a árvore com eles, e tenho certeza que a parte favorita dos dois, foi quando liguei as luzes de natal, os sorrisos foram impagáveis, e passamos uma tarde adorável.

Mas o que um dia tinha de adorável e tranquilo, no outro tinha o Harry, um pai de primeira viagem que precisava (na mente dele) comprar tudo de uma vez.

A discussão do dia foi sobre um berço, branco, com alguns detalhes em dourado, insistiu que pela Internet seria melhor, ninguém iria nos ver, e também porque ele queria montar tudo, pensava que era o maior montador de móveis do mundo.

- Você está a manhã inteira tentando montar.

Me olhou por cima do ombro, a cara de deboche, e folheou o manual de novo.

Decidi que não valia a pena discutir, e ele era o Harry, não sairia de lá enquanto não montasse o móvel inteiro, e ele montaria, com certeza ficaria perfeito, porque a obsessão que ele tinha em fazer tudo dar certo era surreal, e não havia quem o impedisse de pensar daquela maneira.

Mas eu também não resistia, porém, meu trabalho era muito mais fácil.

Costurar era bem melhor que montar um móvel, eu tinha um desenho, bastava um tecido, medidas de um recém-nascido, e lá estava um lindo macacão lilás.

Eu não iria dizer em voz alta, mas desconfiava que era mesmo uma menina, só não queria dar o braço a torcer, porque na minha mente, eu e meus irmãos sempre teríamos meninos.

Chloe teve um menino, Dylan teve um menino, e eu teria um menino, mas não, sentia mesmo que era uma garotinha, não sabia o motivo, mas sentia que todos estavam certos.

- Eu consegui! - Escutei o grito alto vindo do outro quarto, e ri sozinha. - Consegui! Isso!

Sabia que no mínimo ele estava fazendo alguma dança estranha para comemorar a super vitória.

E em seguida, escutei os passos apressados, estava correndo.

- Liz, venha ver, ficou perfeito! - A euforia na voz, e eu só conseguia sorrir.

Praticamente me arrastou do ateliê, e me levou até o quarto, bem em frente ao nosso. Realmente, o móvel estava perfeito, e bem onde queríamos, na parede verde, onde colocaríamos alguns desenhos em breve.

- Que lindo. - Murmurei, levando a mão a grade do berço. - É muito bonito...

- Tudo bem? - Assenti, com os olhos ardendo. - Você quer chorar, não é? - Assenti de novo. - Tudo bem, pode chorar, se quiser...

Ri baixo, mas me controlei, apesar de parecer bem emocionante para mim, sabia que aquele era um dos efeitos.

A maternidade era linda, mas tinha os lados ruins, eu tinha dores, náuseas, as minhas emoções estavam bagunçadas, ficava emotiva, muito irritada ou feliz demais por algo que nem tinha tanto propósito.

Era pior que uma tensão pré-menstrual, quase como se meus hormônios corressem por todos os lados, gritassem, e decidissem por mim qual seria o próximo sentimento.

Obviamente aquilo não acontecia o tempo todo, só em momentos específicos, gatilhos, eu diria, e o berço pareceu um bom motivo para o meu cérebro decidir ficar emotivo naquele momento, o que resultou em eu mesma voltando ao ateliê, encarando a peça que eu havia terminado, e chorado, de muita felicidade, e emoção.

Tudo aquilo para eu me irritar depois, porque não encontrava meu secador de cabelo, o que resultou no meu surto de ir até a minha cabeleireira, retirar o mega hair de uma vez, e cortar o cabelo na altura do ombro.

Don't let me go 2 • Harry Styles Onde histórias criam vida. Descubra agora