42 | Revelations

985 48 119
                                    

HARRY

Provavelmente nunca me senti tão cansado na vida, nem em uma turnê, nada superava ter uma bebê de quase dois meses em casa.

Sabíamos que não seria fácil, um dia seria diferente do outro, um mais tranquilo e outro mais cansativo.

Nada era bom o suficiente para ela, chorava inconsolávelmente, até que descobrimos que, na verdade, estava sentindo dor. Passamos o dia inteiro falando com a médica, fizemos tudo o que ela disse para fazer, qualquer coisa que aliviasse a bebê das cólicas, e até funcionava, por uns trinta minutos.

Não lembro de ter dormindo durante a noite de segunda-feira, nem durante a noite de terça, ela queria ficar acordada, mas não quietinha, chorando, e muito, toda vez que parava de chorar, colocávamos ela no berço e saíamos, e então ela chorava de novo, e de novo.

De novo.

Mais uma vez.

Incessantes vezes.

De novo.

Chorou de novo.

E de novo.

Foi covardia com a Liz, não aguentei na quarta-feira e simplesmente apaguei na cama, escutei a bebê chorando e mesmo assim não fui, meu corpo não tinha forças, eu precisava dormir.

Sabia que tinha sido egoísta, na manhã de quinta-feira, preparei um café para ela, e meu coração ficou mais apertado ainda quando a vi descer com a Jade nos braços.

Não estava chorando, por algum milagre divino, mas a Liz estava péssima, eu conseguia ver as olheiras dela, se a bebê não dormia, ela também não, estava cansada demais até para comer, então sentei ao lado dela e ajudei com uma torrada, mas ela nem olhou direito para mim, e nem disse nada.

Não estava brava ou algo do tipo, estava cansada. Exausta demais para dizer qualquer coisa, e talvez prestes a chorar de desespero.

- Liz. - Ela me encarou, sem responder. - Vai dormir, deixa que eu cuido dela.

Ela podia ter protestado, ter dito algo como "Oh, agora quer que eu durma? Depois de ter me deixado sozinha ontem?", algo bravo, com raiva, e teria razão.

Não disse uma palavra, me entregou a bebê, levantou e saiu. Fiquei encarando a cena, apavorado, não sei se era preocupante a falta de diálogo, ou algo bom por ela não ter me xingado de mil coisas diferentes.

Na verdade, parecia que estava esperando a minha proposta.

- Ela não desistiu de nós, ok? Só está cansada. - Falei para a bebê no meu colo.

Ela só me encarou, com os olhos verdes bem abertos, mãos juntas, me olhando, tentando entender o que eu estava dizendo e o motivo.

- Sabe de uma coisa? Você já é grande, está na hora de uma coisa mais séria. - Comecei a caminhar em direção a sala. - Vamos trabalhar!

O carrinho estava na sala, encaixei ela lá dentro e me posicionei para movê-lo até meu escritório.

- Talvez um dia você possa cuidar dos negócios, não é? - Sorri para ela, que me encarava o tempo todo. - Bom, não é bem um negócio, eu só...canto, sabe? Me disseram que não ia ter matemática, então aceitei. - Dei de ombros, rindo baixo. - Não é tão fácil, não é só cantar, mas pode ser que você tenha herdado minha voz, ou da sua mamãe, porque ela também canta bem, mas não quis investir nisso, o que é uma pena, mas por outro lado tenho uma cantora particular em casa.

Ela estava me encarando com um semblante de julgamento, então me senti intimidado por uma bebê e parei de falar. Abri a porta do meu escritório, depois as cortinas para deixar tudo bem claro para ela.

Don't let me go 2 • Harry Styles Onde histórias criam vida. Descubra agora