Capítulo 18

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Capítulo 18 💐

Segundo dia.

|Cecília|

Acordei bem cedo, escutei alguns barulhos vindos do corredor e quando abri a porta do quarto, dei de cara com Judite puxando suas malas.
— Judite, podemos conversar um minuto? — pedi, seguindo-a até a sala de estar. — Acho que não precisamos ficar nesse clima péssimo.
— Eu já ia embora mesmo, Cecília. — me olhou. — Pouco me importo com o que aconteceu ontem nos exercícios.
— Peço desculpas se eu fui grosseira, não foi minha intenção...
— Não precisa mais me explicar, Cecília. Eu não quero mais ficar nessa casa, estou cansada, meus dias como enfermeira e fisioterapeuta acabaram. Espero que você trate bem o Luan, eu conversei com ele ontem depois que todos foram dormir e disse que você seria uma excelente profissional, que não era nem necessário uma semana de experiência. Cuide bem dele!
— Entendi. — respondi um pouco confusa. — Obrigada por falar bem de mim pra ele.
Judite apenas me deu um sorriso, um pouco forçado, eu diria. Um rapaz ajudava ela a pegar sua mudança, eram muitas malas e estavam pesadas, eu não me ofereci a ajudar, porque sei que ela recusaria. Ainda não entendo o motivo do seu "surto" repentino, não havia necessidade de todo esse teatro. Faz um dia que cheguei e tanta coisa já aconteceu, dariam folhas e folhas de um diário (se eu tivesse um).
— Oi, bom dia! — cumprimentei Luan assim que ele chegou na sala.
— Bom dia, Cecília. — Luan me deu um sorriso amigável e veio caminhando, apoiado em sua bengala, para o meu lado. — Judite decidiu ir mais cedo, mas deixou uma lista de orientações a você!
— Não gosto de despedidas, então vou ser breve! — Judite entrou novamente na sala e veio até o Luan, o abraçando apertado.
Eu sempre crio teorias na minha cabeça e nesse momento, imagino que Judite tenha ficado enciumada de me ver ajudando o Luan, tão enciumada que decidiu ir embora. Ela seria apaixonada por ele então, porque não é possível tanto ciúmes desnecessário.
Me afastei um pouco dos dois e deixei que eles conversassem. Bom, nada a ver a diferença (gigantesca) de idade entre os dois, mas o Luan vê ela como uma mãe ou uma irmã mais velha, não vê de outra forma, é tão óbvio.


Depois que Judite foi embora, Luan me chamou no seu escritório e me passou a enorme lista que ela havia deixado. Recomendações, medicamentos que o Luan usaria dentre tantas outras que me deixavam até confusa. O horário dos remédios estava certo, conferi com o Luan, por precaução, nada pessoal. O clima na casa estava estranho, a única pessoa com alto-astral ali dentro, era a Charlotte.
— Que bom que aquela velha foi embora, não aguentava mais. — Charlotte comentou, sentando-se no sofá da sala.
— Mais respeito com a Judite, por favor! — Luan pediu impaciente e Charlotte revirou os olhos, fazendo uma careta.
— A dona Margareth vai ao médico hoje? — perguntei para Luan.
— Sim, ela já foi inclusive. Paul e a esposa foram como acompanhantes dela e o médico já foi comunicado. — me olhou e eu apenas assenti. — Depois do almoço eu te levo pra conhecer a fazenda.
— O passeio ainda está de pé? — perguntei surpresa.
— Por que não estaria? — riu, franzindo o cenho.
— Não sei, pensei que estivesse indisposto, chateado pela saída da Judite. — levantei os ombros.
— Judite fez muito por mim, enquanto esteve aqui e sempre será bem vinda quando quiser me visitar. Ela mora aqui em Dallas, não foi uma despedida triste, não tem porque me lamentar.
— Tem que comemorar. — Charlotte opinou novamente e Luan suspirou, revirando os olhos.
— Bom, então vou esperar pelo passeio! — respondi e ele me deu um breve sorriso.
— Quem vai fazer o almoço? Ou será que vou precisar almoçar fora? — Charlotte se meteu no assunto novamente.
— A esposa do Paul vai trabalhar aqui em casa, ajudando a Margareth. Ela vai fazer o almoço hoje, assim que chegar do médico. — Luan respondeu sem muita paciência. — Agora para de encher minha paciência, Charlotte!
— Eu pensei até em te responder... — Charlotte levantou-se do sofá e veio na direção de Luan. — Mas minha resposta seria muito constrangedora pra você, visto que está na frente de uma outra mulher. — apontou na minha direção. — Então, me erra, ou eu não penso duas vezes em te sacanear na frente da mexicana!

...

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