Capítulo 92

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Capítulo 92 💐

|Luan|

Acordei bem cedo no outro dia e depois de tomar meu café da manhã, entrei em contato com meu advogado, pedi que pela tarde ele viesse até a fazenda para que pudéssemos conversar a respeito do visto da Cecília e da possibilidade do casamento.
— O Antony ainda vai ficar quase duas semanas em Las Vegas, tem que organizar muitas coisas. — dona Margareth comentou, enquanto eu e Cecília nos levantávamos da mesa. — O Paul e a Rose vão ficar para acompanhá-lo e me pediram pra passar o recado a você.
— Sem problemas, eles podem usar o tempo que for necessário. — respondi, apoiando minha bengala no chão. — Nós vamos para a sala de exercícios, qualquer coisa, pode nos chamar.
Eu e Cecília saímos da cozinha e fomos juntos até a sala de exercícios. Como já estava tudo arrumado, nós começamos com o alongamento que sempre fazíamos antes dos exercícios.
— Hoje você vai tentar se equilibrar sem a bengala! — Cecília se aproximou, enquanto eu me apoiava nas barras.
— Não! — respondi de imediato. — Por favor, eu sei que vou cair.
— Eu vou estar perto de você. — parou ao meu lado, deixando um beijo em minha bochecha. — Por favor, não custa tentar um pouquinho!
— Tudo bem, mas fica perto. — suspirei fundo e ela concordou prontamente.
— Vem, segura minhas mãos. — estendeu as mãos na minha direção.
Soltei das barras de apoio e segurei as mãos de Cecília, caminhamos para longe das barras, ficando mais ou menos no meio do salão. Cecília pediu que eu deixasse minha coluna o mais reta possível. No começo, me senti um pouco inseguro, mas consegui deixar minha coluna bem reta, principalmente com o apoio que o colete me dava.
— Agora vou soltar suas mãos bem dev...
— Não, não, espera! — apertei suas mãos.
— Meu amor, confia em si mesmo! Você consegue e você não vai cair, eu estou por perto, qualquer desequilíbrio que você tiver, eu vou te segurar! — insistiu e eu assenti, mais tranquilo.
— Tudo bem! — suspirei fundo novamente.
— Mantenha a coluna reta. — me advertiu, soltando minhas mãos bem devagar.
Cecília soltou minhas mãos pouco a pouco, até me deixar sozinho.
— Consegui!! — a olhei, sorridente. — Consegui, olha!
— DONA MARGARETH! — Cecília gritou, batendo palmas. — EU SABIA QUE VOCÊ CONSEGUIA!
— Consegui, não acredito. — comentei, rindo. — Eu estou em pé sozinho, sem bengala, sem nada!
— O que foi, menina? — dona Margareth apareceu de uma vez na sala de exercícios.
— Olha, sozinho! — Cecília apontou na minha direção e dona Margareth me olhou surpresa, boquiaberta. — SOZINHO!!
— Meu Deus do céu, Nossa Senhora! — Margareth balançou as mãos, vindo na minha direção. — Meu filho, eu estou tão feliz, sinto que vou ter um infarte! — levou as mãos no peito e nós rimos. — Que felicidade, meu Deus!
— Você consegue dar ao menos um passo assim? Sozinho? — Cecília me olhou e eu neguei prontamente. — Tenta pelo menos! Vou estar ao seu lado.
— Isso, tenta! — dona Margareth saiu da minha frente e Cecília veio para o meu lado.
— Não consigo. — neguei com a cabeça. — Eu só consigo assim...
— Você disse que não conseguia ficar em pé sozinho e conseguiu, agora tenta andar sozinho! É só um passo!
Ainda me lembro das vezes em que Judite dizia que eu não podia, de forma alguma, ficar sem minha bengala ou tentar andar sozinho. Me lembro do dia em que Charlotte tirou a bengala das minhas mãos e eu caí, me deixando mais inseguro do que eu já sou. Me lembro de todas as limitações que me impus e que impuseram a mim.
Olhei para os meus pés, olhei para o chão a minha frente, olhei para Cecília e para dona Margareth. Fechei os olhos, respirei fundo duas vezes e então, fiz o que tinha que fazer. Abri um pouco os braços, me deixando um pouco mais equilibrado, forcei o movimento na minha perna direita, levando a mesma para frente, depois fiz o mesmo movimento com a perna esquerda, completando o primeiro passo sozinho.
— EU SABIA! — Cecília bateu palmas, dando vários pulos ao meu lado.
Foi o primeiro passo que eu dei sozinho, sem a bengala e sem qualquer apoio, depois de cinco anos.
Minha pequena grande conquista.

...

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