Capítulo 10

1.3K 64 0
                                    

Capítulo 10 💐

|Cecília|

— Boa sorte. — Judite sussurrou pra mim antes que eu entrasse no escritório.
— Obrigada. — sussurrei de volta.
Abri a porta bem devagar e Luan estava sentado de frente para sua escrivaninha, mexendo em alguns papéis, mas parou assim que me viu.
— Judite disse que o senhor me chamou. — entrei, fechando a porta.
— Sim, eu te chamei para a entrevista, ela comentou com você?
— Sim, claro. — respondi no mesmo instante.
— Sente-se aí, por favor! — apontou para uma das cadeiras almofadas na frente da escrivaninha. Me aproximei sem parecer desesperada, apesar de estar nervosa. Me sentei e coloquei minhas mãos suadas sobre minhas pernas, eu estava bem ansiosa para suas perguntas. — Antes de começarmos, queria avisar que não precisa me chamar de senhor, como chamou segundos atrás, temos quase a mesma idade e mesmo que não tivéssemos, não precisa de formalidades. — comentou, dando um breve sorriso.
— Ah sim, desculpa. — ri sem jeito. — Não sabia como mencionar, mas pode deixar que vou esquecer o "senhor"! — balancei as mãos.
— Eu estava lendo seu currículo, você tem bastante experiência com os mais jovens e com pessoas que também tem o mesmo problema que o meu. — ele olhava para o meu currículo, passando as folhas. — Judite falou muito bem de você, ela e eu queríamos uma pessoa de confiança e por isso te procuramos, era a mais próxima do que precisávamos. Sem contar que você tem bastante experiência e pode dar continuidade no tratamento que Judite faz comigo.
— Sim e sempre que arranjo um trabalho, pode ser até um simples trabalho, me dedico cem porcento. Espero que nessa uma semana de experiência, possa te convencer do que está no meu currículo. — apontei para os papéis nas suas mãos.
— Eu queria te fazer algumas perguntas, você se importaria?
— Não, imagina! Estou à ouvidos. — sorri, me ajeitando melhor na cadeira.
— Às vezes eu tenho algumas dores fortes na coluna e preciso acordar de madrugada para tomar remédio e então precisaria da sua ajuda, acha que seria incômodo?
— Não, nem um pouco. Eu tinha um primo que uma vez ficou doente e eu ajudei a cuidar dele, tinha vezes que eu passava madrugadas acordada, então não é incômodo.
— Certo. E você é casada? Tem filhos? Desculpa a pergunta, acho que fui meio indiscreto... — passou a mão na nuca e eu ri, negando com a cabeça.
— Não sou casada e não tenho filhos. Eu morava com minha mãe em Guadalajara, sou solteira mesmo, apesar de que no futuro tenho planos de me casar e ter meus filhos, uma casa cheia, se Deus quiser. — levantei as mãos e ele riu, concordando com a cabeça.
— Eu também tinha esse sonho...
— Tinha? Não tem mais? — franzi o cenho.
Ai Cecília, a Judite disse pra você apenas responder as perguntas. Mas como vou me conter? Eu sempre fui de falar mais que a boca.
— Desde o meu acidente, me limitei de muitas coisas, não acho que um dia poderei me casar e formar uma família, não com o problema que eu tenho.
— Nada a ver! — discordei de imediato. — Seu problema não te impede de ter filhos, de casar, de realizar seus objetivos. Aliás, é pensando em suas metas, sonhos que você tem força de vontade para continuar o tratamento.
— É, por um lado tem razão. — murmurou. — Bom, mas voltando às perguntas, você pretende voltar para Guadalajara quando?
— Quando eu ver que você está cem porcento novamente, enquanto isso, estarei a disposição. — fui sincera. — E caso, eu não seja deportada, preciso muito do visto, no momento só tenho uma autorização judicial.
— Podemos providenciar seu visto, provando que você trabalha aqui, fica tranquila. — comentou, anotando alguma coisa em um bloco de notas.
— Muito obrigada. — agradeci, tentando não parecer empolgada demais.
— Bom, agora o que vou falar, é mais uma recomendação do que uma pergunta... — fez uma pausa, respirando fundo. — Eu não gosto que me perguntem sobre meu acidente em Las Vegas. É um assunto triste e delicado demais pra mim, prefiro não comentar, nem relembrar.
— Sem problemas. — concordei prontamente. — Respeito seu espaço e suas decisões, também acho que tocar em nossas feridas não é muito agradável.
— Gosto das suas respostas, porque você sempre acrescenta algo mais, não são respostas rasas. — ele riu, negando com a cabeça.

...

AMERICAOnde histórias criam vida. Descubra agora