Capítulo 56

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Capítulo 56 💐

|Cecília|

Eu nunca vi um almoço tão quieto como aquele. Luan em silêncio, Rose, Antony e Paul mais calados ainda, só dona Margareth que ainda falava uma coisa ou outra.
— Essa pimenta mexicana é boa mesmo. — dona Margareth comentou, colocando mais pimenta no prato.
— Não coloca muito, dona Margareth, senão a senhora vai chorar de tão ardida. — comentei e ela riu, fazendo careta.
— Tudo que vem do México é bom mesmo. — Antony comentou, olhando pra mim.
— Antony, tenha respeito! — Rose deu um leve tapa em seu braço. Espremi os lábios, contendo minha vontade de rir.
— Só fiz um comentário, nossa! — ele riu, revirando os olhos.
Voltamos ao silêncio de antes.
Ficamos assim por mais uns cinco minutos, só escutando o barulho dos talheres batendo nos pratos e o canto dos passarinhos nas árvores ao redor da casa, mais nada.
— Não vai mais comer? — perguntei para Luan que já havia descansado seus talheres.
— Estou sem fome. — murmurou.
— Vai descansar agora? Se sim, vou te acompanhar até o seu quarto e levar seu remédio pós refeição. — descansei meus talheres ao lado do prato.
Luan apenas concordou com a cabeça.
Ele estava quieto demais, imagino que tenha sido a conversa que teve com Judite.
Quando chegamos no quarto, ele foi logo sentando-se em sua cama, esfregou seus pés até arrancar seus sapatos. Enquanto isso, eu preparava seu primeiro remédio da tarde.
— O que aconteceu que você está tão calado? — entreguei o copo d'água e a pílula em suas mãos.
— Posso te fazer uma pergunta? — me olhou.
— Pode, claro.
— Não quero ser invasivo, mas eu preciso saber... — fez uma pausa suspirando fundo. — Você está interessada no Antony? Porque eu vi o jeito como ele te olha, vi que vocês se dão bem e... enfim, só quero saber! Seja sincera.
— Não tenho nada com o Antony, nem pretendo ter. Ele é apenas um bom amigo ou acho que nem isso, afinal não temos muita intimidade um com o outro assim.
— Entendi. — suspirei aliviado. Levei a pílula na boca e tomei água por cima. Eu precisava saber da resposta dela antes de beber o remédio e correr o risco de engasgar.
— Por que você quis saber sobre isso? Você acha mesmo que eu iria me envolver com você e com ele ao mesmo tempo? Nem pensar. — pegou o copo da minha minha mão, guardou sobre a escrivaninha e sentou-se ao meu lado. — No momento, eu só tenho olhos para um cowboy.
— Acho que foi insegurança. — olhei para a bengala ao lado da cama. — Não sei, o Antony é mais novo que eu, não é tão debilitado e...
Não consegui terminar de falar, ela tapou minha boca antes que eu continuasse.
— Se você começar a se diminuir perto de mim, vou ser obrigada a manter sua boca fechada. — me encarou por alguns segundos e logo destapou minha boca.
— Eu estava pensando em visitar um hotel fazenda na cidade vizinha, descansar um pouco, esfriar a cabeça, pelo menos por uma semana. — mudei de assunto.
— Apoiado! Você precisa mesmo de uns momentos de diversão e tranquilidade. — segurou minha mão, apertando firme.
— Você vem comigo? Não estou te convidando como enfermeira, estou te convidando como uma amiga, uma companheira.
— O convite está mais que aceito. — fez carinho em minha mão.
— Arruma as malas então, em dois dias estaremos à caminho do hotel fazenda. E amanhã mesmo, farei questão de te levar na cidade, preciso cumprir com o prometido.
— Fico feliz em ver seu entusiasmo, sua animação, meu coração fica quentinho! — deixou um beijo em minha bochecha.
— É sua culpa me deixar bem assim. — a olhei.
— Que culpa maravilhosa eu carrego. — jogou a cabeça para trás, suspirando fundo. — Espero te fazer melhor nesse passeio, nem que seja falando vinte e quatro horas na sua cabeça.

...

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