Capítulo 40

1K 51 0
                                    

Capítulo 40 💐

|Cecília|

Acordei assustada, com sons de gritos e portas batendo. Levantei da cama de uma vez, não calcei nem os meus chinelos e corri apressada para fora do quarto, dando de cara com dona Margareth.
— Escutou os gritos? — ela sussurrava assustada.
— Sim, o Luan já deitou? Ele disse que se deitaria mais tarde! — abri a porta do seu quarto de uma vez e a cama estava vazia. — Luan? Luan, tudo bem? — corri na direção do banheiro e estava vazio também.
— CECÍLIA! — escutei dona Margareth gritando por mim e no mesmo instante, corri para fora do quarto.
— Achou ele, dona Margareth? — entrei no escritório com tudo e ela tentava ajudar Luan a se levantar. — Meu Deus!! O que aconteceu? Você caiu? Escutei gritos! Alguém brigou com você? Cadê a Charlotte? — ajudei Luan a se levantar e o coloquei sentado no sofá com cuidado.
— Por que você está chorando, filho? O que te fizeram? — dona Margareth perguntava aflita.
— Busca um copo d'água pra ele e os remédios pra dores, aqueles de urgência. — pedi e ela assentiu, se afastando de imediato. — Luan, o que aconteceu? Conta pra mim! — tirei os fios de cabelo grudados na sua testa.
— Eu estava na minha, lendo as notícias no notebook, ela entrou... — seu choro era tão dolorido, que ele mal conseguia falar. — ela entrou aqui, gritando, falando um monte de coisa pra mim, depois me humilhou e como se não bastasse, me derrubou no chão, sabendo do problema que eu tenho.
— Charlotte desgraçada! — sussurrei ríspida.
— Aqui, toma os remédios, rápido. — Margareth foi me entregando as caixas e enquanto eu abria tudo, Luan segurou minhas mãos, negando com a cabeça.
— Eu preciso da injeção, por favor, a injeção vai melhor mais rápido, a dor é insuportável, por favor, Cecília.
— O médico disse que as injeções são apenas em casos de urgência, porque elas são muito fortes...
— Eu sei, Margareth, é uma urgência. — jogou a cabeça para trás. — Cecília, eu estou pedindo por f...
Não esperei ele terminar de pedir outra vez, saí afervorada do escritório em direção ao seu quarto e a primeira coisa que eu fiz foi pegar as injeções.
Quando eu voltei para o escritório, já com as seringas prontas, encontrei Luan tão debilitado, que já tremia de dor. Com a ajuda de dona Margareth, consegui virá-lo no sofá e apliquei a primeira injeção na sua coluna, em um lugar específico e certeiro. A segunda injeção também foi nas suas costas e a terceira, foi direto na veia do braço.
— Shhh, vai melhorar, vai melhorar! — me sentei ao seu lado no sofá e o abracei com cuidado.
— Vou buscar mais água. — dona Margareth levantou-se do sofá e correu para fora do escritório.
— Eu quero... quero ela fora da minha fazenda, não aguento mais, Cecília, se ela continuar aqui... eu não vou aguentar, ela vai acabar com a minha vida!
— Ela vai sair, eu te garanto! — voltei a tirar os fios de cabelo da sua testa. — Agora fica quietinho que os remédios vão fazer efeito. — continuei o abraçando.
— Aqui, filho, toma mais água. — dona Margareth voltou, com um copo d'água nas mãos. — Eu vou preparar a cama pra ele dormir e depois vou acordar a Charlotte e acabar com...
— Deixa pra quando amanhecer o dia, dona Margareth, agora o Luan precisa descansar e evitar o máximo de estresse possível e quando amanhecer, pode ter certeza que acompanharei a senhora.
— Tudo bem. — abaixou os ombros. — Vou arrumar a cama pra ele deitar.
Luan ficou em silêncio depois que Margareth saiu, encostou a cabeça no meu ombro, um pouco abaixo do meu pescoço e fechou os olhos. Eu tinha vontade de levantar daqui, procurar a Charlotte e estapeá-la até minha raiva passar, seriam longos minutos de surra, uma surra que ela devia ter tomado quando era mais nova.
— Arrumei! — dona Margareth apareceu no escritório minutos depois.
— Consegue caminhar até seu quarto? — sussurrei e ele apenas balançou a cabeça. — Eu vou dormir naquela outra cama que tem no quarto dele, se ele me chamar ou sentir dor, é mais fácil de escutar. — comento, levantando Luan do sofá com a ajuda de dona Margareth.


Luan não quis trocar de roupa, apenas pediu que eu tirasse seus sapatos e o colocasse na cama, já que ainda sentia um pouco de dor nas costas.
— Me chama se precisar de alguma coisa, vou até deixar a porta do meu quarto entreaberta. — dona Margareth me alertou em sussurros.
— Pode deixar, dona Margareth, aviso a senhora!
— E amanhã cedo, quando a Charlotte levantar e aparecer na cozinha, eu vou dar uma lição nessa menina mal criada. — ergueu a mão, furiosa.
— Esfria a cabeça, dona Margareth, é melhor não se estressar com a Charlotte agora, dorme, reponha suas energias e despeje sua raiva toda quando o dia amanhecer.
Assim que Margareth foi se deitar, eu busquei meu travesseiro e um cobertor no meu quarto, voltei para o quarto do Luan e notei que ele ainda estava acordado, encarando o teto a sua frente. Fechei a porta bem devagar, arrumei a outra cama, joguei minhas coisas sobre o colchão e fui até a cama de Luan.
— Está melhor? — me sentei ao seu lado na cama.
Ele balançou a cabeça positivamente, mas se manteve em silêncio.
— A vida vai cobrar da Charlotte. — murmurei.
— Sabe o que mais me doeu... — sua voz saiu baixa e rouca. — Foi ela mandar eu morrer logo, que ninguém sentiria minha falta, que sou irrelevante e inútil.
— Ela mentiu! — segurei sua mão, passando meu polegar pelo dorso da mesma. — Deus me livre pensar na sua morte, você não é irrelevante, você não é inútil. — apertei sua mão com força. — Você é amado, você é uma pessoa admirável e um exemplo para aqueles que desejam ter uma carreira tão gloriosa quanto a sua!
— Que carreira? — sussurrou, deixando uma lágrima solitária escorrer. — Olha o meu estado, Cecília, ninguém quer acabar como eu.
— Não estou dizendo que seu acidente é uma inspiração, estou dizendo que você é uma inspiração! Um exemplo de força e determinação, e nas palavras da minha mãe, um milagre. — dei um breve sorriso e ele me olhou. — Você é um homem maravilhoso, Luan, um homem incrível! Não deixa alguém tão podre como a Charlotte ditar o que você é, ela não passa de um ser humano infeliz e digno de pena, diferente dela, sua estrela ainda brilha!

...

AMERICAOnde histórias criam vida. Descubra agora