Capítulo 106

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Capítulo 106 💐

|Luan|

Já era noite, eu estava no escritório, assinando alguns documentos que eu precisava entregar ao doutor Arnold. Quando assinei a última folha do último documento, escutei duas batidas na porta.
— Entra. — respondi, guardando os documentos dentro de uma pasta.
— Atrapalho? — Angélica abriu metade da porta.
— Claro que não, pode entrar, dona Angélica. — respondi e ela assentiu, entrando e fechando a porta do escritório.
— Cecília me disse que eu te encontraria aqui e eu acho que podemos conversar agora, afinal vim aqui com o objetivo maior de falar com você sobre minha filha e sobre o relacionamento de vocês.
— Sim, sim, pode se sentar e ficar à vontade. — apontei para as cadeiras na frente da escrivaninha.
Eu estava bem nervoso, minhas mãos suavam frio, mesmo tendo um dia agradável com Angélica, eu temia muito por essa conversa.
— Eu já sei do seu acidente, sei das coisas que você passou, sei de toda sua história de vida, dona Margareth passou o dia inteiro me falando disso... sem eu nem pedir. — suspirou fundo. — E a Cecília também comentou algumas vezes sobre, mas a questão não é essa! Acho linda sua história de superação e torço pra que um dia você volte a fazer o que ama. O que eu quero mesmo saber, é por que se envolveu com minha filha? Por que essa vontade de casar em tão pouco tempo? Tudo tão rápido, como se fosse um desespero de vocês dois, até grávida ela está!
— Não é desespero, dona Angélica, é amor! Eu entendo que existem casais que namoram por anos, ficam noivos por anos, mas cada um tem o seu tempo e eu e a Cecília temos o nosso tempo, o que importa é que nos amamos. Eu sei que ela é sua única filha, que vocês são a família uma da outra, mas eu não tenho a intenção de tirá-la de você, jamais faria isso! Entendo que esteja preocupada e receosa, mas eu amo sua filha e assim como a senhora, também quero a felicidade e o bem-estar dela.
— Ela me contou que o casamento também tem a ver com o visto. — me olhou e eu concordei com a cabeça. — Mas você sabe que isso não segura ela aqui, não sabe?
— Sei. — suspirei. — Temo por isso, temo por ela ser deportada um dia, nós sabemos que o casamento não garante nada!
— E se minha filha for deportada?
— O visto deixa ela mais segura. — respondi.
— Mas ela continua sendo imigrante. Não quero que a Cecília crie expectativas aqui, forme uma família e depois seja deportada como um objeto inútil. — vi seus olhos marejarem. — Agora, me responde uma coisa, Luan, se minha filha for deportada depois que o bebê nascer, quando a criança tiver uns oito meses por exemplo, você vai permitir que ela leve a criança?
— Sim! — fui sincero. — Não se tira o filho de uma mãe! E se não deixarem a criança sair do país com a Cecília, eu entro na justiça, faço o que for preciso, só quero o bem dela e do bebê acima de qualquer coisa.
— Entendi. — torceu os lábios. — Eu vou passar mais tempo aqui, quero estar para o casamento e auxiliar a Cecília no começo da gravidez...
— Não quer ficar aqui e acompanhar toda a gravidez dela? — sugeri.
— Pra me deportarem depois? — cruzou os braços.
— A senhora estará como visitante, turista, não é caso de deportação. — ri, negando com a cabeça.
— Vou conversar com a Cecília a respeito. — suspirou.
— Bom, nosso casamento é nesse sábado, será aqui na fazenda, uma coisa bem simples, apenas para oficializarmos perante a justiça e depois vamos fazer um almoço em comemoração. Eu e a Cecília combinamos de fazer o casamento religioso, com convidados e tudo mais, depois que o neném nascer!
— Concordo.
— Mas agora, quero fazer uma pergunta, a senhora me permite o casamento com a Cecília? Sei que organizamos tudo na frente, sem pedir antes, mas ainda sim, esperamos por sua resposta. — a olhei e ela revirou os olhos.
— Como se eu falasse não, ia adiantar alguma coisa! — cruzou os braços. — Saiba que se você fizer qualquer coisa que machuque minha filha seja fisicamente ou sentimentalmente, eu vou atrás de você até os confins do inferno, estamos entendidos?
— Perfeitamente! — respondi rindo.
— Tudo bem, então eu deixo. — me deu um sorrisinho e eu suspirei aliviado. — Mas não esquece do meu aviso! Minha vida pela vida da minha filha.

...

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