Capítulo 128

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Capítulo 128 💐

|Luan|

— Ela machucou minha filha? — Angélica perguntava, enquanto Cecília sentava-se no sofá da sala. — Eu não quero que a Cecília fique mais aqui, ela ameaçou de matar a minha filha, GRÁVIDA!
— Já acionamos a polícia, Angélica! — Arnold respondeu e ela negou com a cabeça.
— Eu entendo sua insegurança, Angélica. — foi a única coisa que respondi, voltando minha atenção para Cecília. — Só um minuto. — pedi, me afastando para atender uma ligação. Olhei para a tela do meu celular e o nome de Charles aparecia na chamada. — Oi, doutor Charles!
— Oi, Luan. — murmurou do outro lado da linha.
— Aconteceu alguma coisa? — franzi o cenho.
— Luan... — ele suspirou fundo. — Sua irmã deu entrada no hospital faz duas horas, eu e outros médicos fomos acionados pelo senhor Erick...
— Como assim? O que aconteceu com ela? — questionei.
— Acidente, o carro saiu da pista e capotou várias vezes em um barranco. Pelo menos foi isso que a equipe de socorro nos informou, ela está na sala de cirurgia, muito machucada e com uma fratura grave na coluna.
— Fratura grave na coluna? — arregalei os olhos.
— Sim! Eu sei que o relacionamento de vocês não é muito bom, mas fiz meu dever de comunicar alguém da família. O Erick estava no hospital, mas foi embora, porque precisava resolver questões de trabalho... não tem mais ninguém aqui, precisamos que assinem documentos e...
— Eu entendo, vou aí. — respondi, passando a mão na nuca. — Em quarenta minutos eu chego, obrigado por avisar, doutor Charles!
— O que aconteceu? — Cecília questionou assim que finalizei a ligação.
— Charlotte sofreu um acidente grave, está no hospital, fazendo uma cirurgia de urgência.
— Santo Deus! — dona Margareth levou as mãos na boca.
— Karma es una perra. — Angélica murmurou, sentado ao lado de Cecília.
— Mãe! — Cecília a repreendeu e eu cocei minha testa, confuso, não fazia ideia do que ela tinha dito.

Eu cheguei no hospital no final da tarde, assinei uma papelada e vários documentos do hospital. Também me responsabilizei pelas despesas do hospital, enquanto Charlotte ficar aqui.
A cirurgia de Charlotte foi longa, Arnold precisou ir embora e eu fiquei sozinho no hospital por algumas horas, até Cecília chegar acompanhada de sua mãe e dona Margareth.
— Eu fico aqui, você precisa sair pra comer alguma coisa. — dona Margareth sentou-se ao meu lado.
— Nenhuma notícia? — Cecília questionou.
— ¡No sé por qué te importa una mujer que te amenazó de muerte! Ella debe estar ardiendo en el infierno! — Angélica esbravejou em espanhol e eu a encarei confuso novamente.
— ¡Deja de hablar en español y disfrázate frente a Luan! — Cecília foi ríspida e eu e dona Margareth nos entreolhamos.
— Eu disse que sua irmã devia estar queimando no inferno. — Angélica falou de uma vez e saiu, sem esperar minha resposta.
— Meu Deus, me desculpa! — Cecília pediu aflita e saiu atrás de sua mãe.
— Ela tem razão de odiar a Charlotte. — comentei com dona Margareth. — Doutor Charles, que bom que veio, tem notícias? — levantei, apressado.
— Sua irmã se livrou do pior, a morte... — fez uma pausa. — Mas a fratura na coluna dela foi grave. — fez outra pausa. — Sua irmã já acordou, pode me acompanhar até a UTI, onde ela está? Mesmo um pouco tonta por causa da anestesia, ela já surtou lá dentro e eu gostaria de dar a notícia com você ao lado!
— Por favor, vamos! — apontei na direção do corredor e ele assentiu, saindo na minha frente.
Passei as mãos no meu rosto, respirei fundo e fui caminhando apressado atrás de doutor Charles. Quando entramos em um dos corredores da UTI, consegui escutar Charlotte gritando com algum médico.
— Mas nem acidentada você deixa de ser assim! — esbravejei assim que entramos no apartamento onde ela estava.
— Veio aqui rir da minha desgraça? — esbravejou.
— Por que a faixa ao redor do rosto dela? — sussurrei para Charles e ele me olhou apreensivo.
— Tira essa droga do meu rosto! — Charlotte esbravejou contra Charles.
— Você precisa ficar com ele por dois dias pelo menos, Charlotte! — Charles pediu pacientemente.
— Por que não sinto minhas pernas? — Charlotte bateu as mãos na cama e eu olhei para Charles, apreensivo, esperando uma resposta.
— Charlotte... — ele fez uma pausa, suspirando fundo. — Seu acidente foi grave...
— Ah, não me diga?! — foi ríspida.
— Você teve ferimentos leves e ferimentos graves. Os leves foram os arranhões nos braços e nas pernas, os graves começam pelo seu rosto! Seu rosto sofreu vários arranhões por conta dos estilhaços de vidro, vai cicatrizar, mas as marcas ficarão.
— Meu Deus, meu Deus, não! — ela começou a chorar. — EU NÃO POSSO FICAR COM O ROSTO FEIO, QUERO FAZER UMA PLÁSTICA AGORA!
— O ferimento mais grave foi na coluna. — Charles murmurou. — E devido a esse ferimento gravíssimo na coluna, você infelizmente vai... vai ficar paraplégica.
— O quê? — questionei assustado.
— MAS TEM COMO REVERTER, NÉ? O LUAN CONSEGUIU REVERTER, OLHA ELE AÍ! — Charlotte perguntava em meio as lágrimas.
— Seu caso é irreversível, sinto muito...
— SENTE MUITO? MINHAS PERNAS, MEU ROSTO, MINHA BELEZA, SÃO TUDO PRA MIM, PRA MINHA VIDA, LUAN FAZ ALGUMA COSIA, FAZ ALGUMA COISA!!!
— Não tem como mudar isso? Uma cirurgia? Um tratamento? — perguntei, assustado e nervoso ao mesmo tempo.
— Não. Seu caso é um grão de areia no deserto, Luan, insignificante perante o caso da Charlotte.
— Luan, me leva pra fora desse hospital, pra fora do país, ME LEVA PRA OUTRO LUGAR, EU TENHO QUE VOLTAR A ANDAR!
— Charlotte, você pode rodar o mundo inteiro, não vai adiantar. — Charles insistiu, me fazendo negar com a cabeça, incrédulo com o que acontecia.
— Luan, por favor... — Charlotte chorou alto.
— Charlotte, o doutor Charles disse que não...
— Saiam! — ela ordenou ríspida. — SAIAM DAQUI, SAI TODO MUNDO! Eu quero ficar sozinha, quero MORRER, SAI DAQUI!

...

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