Capítulo 34

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Capítulo 34 💐

|Cecília|

— Tenho. — murmurou, desviando o olhar do meu.
— É... você não é muito bom em mentir! — cruzei os braços e ele voltou a me olhar. — Deita como daquela vez, eu vou fazer uma massagem nas suas costas, vai melhorar a dor!
— Eu não quero incomodar, já é tarde...
— Você não me incomoda, Luan! — esbravejei. — Eu peço pra você que nunca pense dessa forma, por favor! Você não me incomoda de forma alguma. — fui sincera. — Quero que você seja sincero comigo, se estiver sentindo alguma dor, então me avisa, se estiver precisando de ajuda, então peça, eu estou aqui pra cuidar de você, não importa a hora, não importa como!
— Tudo bem. — ele suspirou fundo e foi se deitando sobre a cama.
— Vai ter que tirar a camisa, depois colocamos de novo. — me aproximei rapidamente e o ajudei a tirar a camisa. — Pronto, agora pode deitar.
Luan se debruçou sobre o colchão e ficou me aguardando enquanto eu pegava o creme para massagem. Espalhei o creme em quantidades adequadas sobre suas costas e segundos depois, comecei com a massagem, eu focava bem onde estava sua dor, geralmente no meio de suas costas, um pouco mais pra baixo talvez, mas apesar de manter o foco na sua dor, eu também aliviava a tensão nas suas costas, massageava os ombros, próximo da sua nuca e descia, sem perder o foco no local da dor. Ele precisava aliviar a dor e relaxar um pouco, com certeza a melhora será mais rápida.
— Está melhor? — perguntei, guardando o frasco com o creme.
— Bem melhor.
— Deixa eu te ajudar a vestir a camisa. — puxei o tecido no canto da cama e depois ajudei Luan a se sentar novamente. Me aproximei e coloquei a camisa nele outra vez, fechando todos os botões.
— Obrigado. — ele se deitou e eu puxei os cobertores na sua direção. — Aliviou a dor novamente.
— Da próxima vez não tente esconder, eu sempre descubro. — levantei os ombros e ele riu, negando com a cabeça. — Boa noite, qualquer coisa pode me chamar! — levei a mão no interruptor e desliguei a luz.
— Espera!
— Oi? — voltei para o quarto antes de fechar a porta.
— Nada. — escutei um suspiro. — Não é nada, pode ir!
— Não é nada mesmo? — acendi a luz novamente e ele concordou com a cabeça. — Tem certeza?
— Tenho. — suspirou, ficando em silêncio.
— Tudo bem, boa noite e qualquer coisa pode me chamar que eu venho. — desliguei a luz, terminei de sair do quarto e fechei a porta.
Eu sinto que ele queria comentar alguma coisa comigo, ou me pedir algo, mas já que ele preferiu ficar em silêncio, eu respeitei e me retirei. Sem contar que também estou cansada e preciso descansar um pouco. Eu não consigo nem encontrar uma palavra ao menos para descrever como foi o meu dia.

(...)

Acordei no outro dia com barulho de chuva caindo do lado de fora, passei minha mão pelo criado-mudo, procurei pelo meu celular e tomei um susto ao ver que já eram quase oito horas da manhã, eu precisava levantar urgente, já estava na hora de dar os primeiros remédios do Luan.
Depois de sair do banheiro, tirei minha toalha e coloquei uma roupa confortável, hoje era dia de caminhada, eu estava disposta a convencer o Luan, mas infelizmente a chuva estragou os meus planos.
— Bom dia. — entrei na cozinha e Luan estava sentado à mesa, lendo alguma coisa no jornal.
— Bom dia, Ceci! — Margareth me cumprimentou amigavelmente e eu olhei para a televisão, onde noticiava alguma coisa sobre imigrantes mexicanos que entravam clandestinamente nos Estados Unidos.
— Cuidado, viu mexicana? Estão deportando sua gente toda daqui. — Charlotte chamou minha atenção e eu olhei para Luan que me olhou por cima do seu jornal.
— Vou providenciar seu visto, Cecília, mas sua autorização judicial já te deixa um pouco segura por aqui. — ele comentou e eu apenas concordei com a cabeça.
— Eu acho é pouco! Esses mexicanos folgados, entram clandestinamente e querem viver às custas do povo americano, acha que somos obrigados a oferecer esmolas o tempo todo? — até tentei ignorar o comentário de Charlotte, mas o jeito que ela mencionou o MEU povo, como se fôssemos qualquer coisa, me deixou incomodada e extremamente irritada.
— Não estamos atrás de esmolas da sua gente! A maioria que vem pra cá, vem em uma busca de uma condição de vida melhor, trabalhar honestamente, afinal todos nós precisamos ter, ao menos, o que comer na mesa! — respondi. — Mas você não entende, né? Foi criada em berço de ouro, mimada por pai e mãe, não entende NADA do que é trabalhar duro pra ter o que comer no outro dia. E se você não entende do assunto, sugiro que não faça comentários desrespeitosos e sem fundamentos.
— Se eu comentei, é porque sei do que estou falando! Nós não somos obrigados a dar trabalho pra vocês, muito menos aceitar vocês aqui no nosso país! E aliás, eu SUGIRO... — seu tom voz irônico, me dava nos nervos. — que você fique calada, ou eu não me importo de pedirem para que você seja deportada junto de seus amiguinhos.
— Charlotte, já chega! — Luan interferiu, impaciente.
— Quando entramos aqui no seu país, nós fazemos mais pela América, do que vocês. Não é à toa que seu povo tem o fama de preguiçoso. — levantei os ombros. — Deve ser vergonhoso pra você viver às custas do irmão!
— Olha aqui, mais uma palavra e eu te mando embora! — apontou o dedo na minha direção.
— Quem decide quem vai e quem fica aqui, sou eu! — Luan deixou seu jornal sobre a mesa e voltou sua atenção a nós duas. — A Cecília não mentiu em nada que disse, aliás, nem preciso afirmar isso, porque você sabe que ela não mentiu. E como, sou eu que decido as coisas aqui na minha casa e na minha fazenda, eu decidi que você, Charlotte, tem que sair da minha cozinha e poupar meus ouvidos e os ouvidos das outras pessoas que estão aqui nesse ambiente.
— Ela foi estúpida comigo e você ainda defende? — Charlotte ainda apontava o dedo na minha direção. E eu tinha vontade de pegar aquele dedo maldito e enfiar no olho dela.
— Minha verdade foi estúpida mediante sua ignorância? — me expressei surpresa. — Se você tivesse um pouco mais de conhecimento ou entendimento, talvez minha verdade não tivesse soado estúpida. Não basta ser modelo e ter rostinho bonito, saiba usar seu cérebro pra adquirir conhecimento ou não vai passar de uma boneca ignorante desfilando nas passarelas, resumidamente, mais uma americana inútil!

...

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